domingo, 3 de julho de 2022

Relembrando linhas antigas

 P002, mas pode me chamar de T008. Era assim que era definido o tetéu, bacurau, corujão, ou o que você queira chamar, que atendia o Cabo Branco. A linha P002-Cabo Branco/Beira Rio rodou na década de 2010 como T008 – e antes disso com o código da linha-mãe, a 507 – até antes da parada geral da pandemia. Como se sabe, João Pessoa parou o sistema de transporte por 119 dias em 2020 por conta da pandemia, só deixando operar alguns ônibus para profissionais de saúde.


Mas e esse código P da foto? Eu explico: esses códigos eram das linhas do extinto Projeto Verão, que rodavam nos domingos e feriados ligando bairros mais afastados às praias, e também para shows e outros eventos. Essas são linhas de outros posts, visto que elas foram extintas em 2005, quando o Terminal de Integração do Varadouro as tornou desnecessárias, e também quando foi criada a linha 5204-Cristo/Shopping. Afinal, qualquer um podia sair de onde fosse para pegar o 507.


 

 

O diferencial dessa linha para o 507 era justamente atender a Beira Rio, e não a Epitácio Pessoa, como faz durante o dia. Nas madrugadas, as duas linhas do corredor não rodavam e quem atendia a via era justamente essa linha – quem cuidava da Epitácio eram as linhas de Tambaú, Mandacaru e as circulares, logo, deslocar o 507 era fácil. E olha que o tetéu já rodou com o número.


Assim como todas as outras linhas do antigo Projeto Tetéu, a antiga linha P002-Cabo Branco/Beira Rio – renumerada em 2016 como T008 – deixou de rodar em 2020. A atual linha noturna do Cabo Branco atende pelo código T001 e opera em apenas três horários, passando em vários bairros da Zona Sul da capital paraibana.

Hoje, 73 linhas compõem o sistema de transporte de João Pessoa. Várias foram extintas, outras substituídas, mas vamos relembrar linhas que foram extintas e/ou substituídas muito antes de todo esse caos da pandemia. Fato é que essas modificações sempre acontecem ao longo dos anos por uma questão de dinâmica de crescimento da cidade, demanda, essas coisas. E para começar o remember, vamos falar da não tão muito distante 516, do Bairro dos Estados, que antes fora Ilha do Bispo.


Essa linha era operada pela antiga Mandacaruense e começou a operar em 2009 e na ocasião, partia da Ilha do Bispo e retornava do Bairro dos Estados. A linha foi um verdadeiro fracasso na época. Mas o que poderia ter dado errado? Simples: a linha foi muito mal elaborada.


 

 

Com só dois ônibus, era mais vantajoso para o morador da Ilha do Bispo pegar um 602, que tem uma quantidade generosa de ônibus, e ir para o Terminal de Integração do Varadouro para daí pegar uma linha qualquer da Epitácio. Até mesmo o 506.


Um registro de 2011 da antiga linha 516, do Bairro dos Estados.

Diante disso, a maneira que arrumaram para salvar a linha foi tirá-la da Ilha do Bispo e rodar como uma linha que passava por outras ruas do Bairro dos Estados, próximo da faculdade ASPER. Deu certo por um bom tempo, mas o número não iria durar muito. Passou a ter o terminal na praça Plínio Lemos, depois de sair da Integração, volta ao bairro. Com isso, o único ônibus da Ilha do Bispo tornou-se o 602. Diferente da 602, a 506 ao chegar no Hospital de Trauma vai direto para o bairro.


O “fim”

A linha 516 foi junto com a 506 para a Marcos da Silva em 2017. Foram aliás as primeiras a mudar de empresa. No ano seguinte, foram agrupadas. Desse modo, o número 516 da linha foi extinto e o itinerário foi agregado pela linha 506, em 9 dos 30 horários disponíveis nos dias úteis no contexto atual do sistema. Os ônibus que operam esses horários possuem placas com os dizeres “Promac/Via ASPER”. Ou seja, a linha hoje é variante de outra linha.

Nesta semana, relembrando linhas antigas, é a vez de relembrar a linha 113-Gramame via Mituaçu. Essa linha era a mais antiga daquele que pode ser um dos maiores bairros de João Pessoa. Quando surgiu, Gramame era praticamente uma zona rural. Hoje é um dos vetores de crescimento de João Pessoa. Respostas essas que o Censo que vai acontecer nesse ano vai responder, afinal os dados de 2010 já não refletem mais a realidade.


Afinal, não sei se você sabe, mas Colinas do Sul, Parque do Sol, Cidade Maravilhosa, Novo Milênio, Gervásio Maia, tudo isso definem conjuntos, loteamentos, comunidades, mas para os mapas da cidade, é tudo Gramame. O nome vem do rio que fica na área e separa fisicamente João Pessoa do município do Conde.


 

 

A linha 113 começou a circular ainda na época da antiga Etur. Foi uma das que passou para a Boa Viagem e, desde o início de 2010, é uma das linhas da Santa Maria. Essa linha e várias outras que passavam ali, como 103 e 116, eram raras de passar e pouca gente lembrava da existência delas. Eram geralmente linhas que rodavam com um, dois carros.


A linha não acompanhou a explosão populacional

Em poucos anos, passaram de linhas apenas “protocolares” para linhas rentáveis, e logicamente, a frota delas aumentou, afinal, o sistema precisava responder de alguma forma a explosão populacional, afinal, não dava para conservar a mesma frota e linhas de uma área que estava mudando de maneira acelerada.


A 113 era uma dessas. Ela é a que atendia as áreas mais remotas do bairro, até os limites do rio, passando justamente na lendária Ponte do Rio Gramame – ou Ponte dos Arcos. Ela ia até a comunidade de Mituaçu, que já fica dentro do território do Conde, porém a linha seguiu no sistema municipal – diferente do 112 de Jacumã que foi para o sistema metropolitano, trocando de código para 5301 (hoje é definida pelo código 5105). Aliás, lembra-se que dentro do sistema pessoense tem uma linha “promovida” de sistema, que já foi intermunicipal (o 522-Renascer, que tem como ponto final o distrito de Cabedelo, e tem acesso à Integração, e às paradas da Epitácio Pessoa, do Parque da Lagoa, da Guedes Pereira, da Cardoso Vieira e da 1ª Igreja Batista).


Mas a linha 113 não acompanhou as mudanças que aconteciam no setor da cidade que levava o seu nome. Seguia rodando com poucos carros ou até um, enquanto as demais linhas da área cresceram, foram modificadas e até mudaram de nome. Caso justamente das linhas 103 e 116, que de Toália e Engenho Velho, passaram a adotar os nomes Gramame e Colinas do Sul, respectivamente.



Encurtada até praticamente sumir

De todas as linhas de Gramame, essa era a que menos tinha frequência. Continuava rodando com um carro, até que foi encurtada no início da década de 2010 indo até o Terminal de Integração do Colinas do Sul (onde hoje é o ponto final da linha 101). Só ia para o Centro na primeira viagem, próximo de 6 da manhã.


Posteriormente, foi encurtada mais ainda, partindo do ponto final das linhas do Colinas do Sul – que fica no Colinas do Sul II. Apesar do itinerário constar no aplicativo de previsão de chegada dos ônibus de João Pessoa – o JampaBus -, essa operação, na realidade, é de um veículo da linha 103 em horário específico. Ou seja, a linha 113 não existe na prática, daí estar enquadrada nesta série.


A Mandacaruense saiu de circulação em maio de 2019.

Tem linhas que a gente nem lembra se está rodando, e que nem parece que não rodam mais. É o caso da 505 – Bairro dos Ipês, que chegou a retornar pós-pandemia, mas acabou desativada para ser substituída por um agregado de outra linha.


O Bairro dos Ipês fica na Zona Norte de João Pessoa, abaixo de Mandacaru e próximo da BR-230, sendo um dos primeiros bairros ao norte da capital paraibana, uma vez que o bairro em questão faz divisa com Cabedelo. É um bairro de passagem: a Av. Tancredo Neves é a principal via do bairro.



Originada na década de 1970 e praticamente inalterada do início até o fim, a linha 505 – Bairro dos Ipês era uma das mais antigas da Epitácio e era um dos legados da antiga Mandacaruense, sendo, em 2017, a terceira linha a migrar para a Marcos da Silva, mas não durou muito tempo, mudando oficialmente em maio de 2019, quando a empresa de onde ela se originou começou a sair de circulação.


Ela foi reativada em setembro de 2020, mas saiu de circulação no ano passado.


Vamos dizer que a linha em questão parou de rodar por conta da sobreposição desta com o 506 – Bairro dos Estados, a qual dividia o mesmo terminal, mas que enrolava menos ao ir até o Bairro dos Ipês.


Mas o que roda no lugar dela mesmo?


Para quem não sabe, o que roda em seu lugar é um braço da linha 504 – Mandacaru, que utiliza o itinerário que foi da linha, além de passar pela parte mais por dentro de Mandacaru. Dos 81 horários dos dias úteis da linha 504, 10 são atendendo o itinerário do Bairro dos Ipês – bem como cinco horários do sábado, só que até de manhã, e domingo não há horários.


Ou seja, o que roda no lugar é algo que dá para dizer que isso e nada são a mesma coisa.


Quanto a linha 604, ela só tem o terminal estabelecido no Bairro dos Ipês. Ela não passa nas principais do bairro propriamente dito, mas sim na Avenida Tancredo Neves, não descaracterizando a linha. Ela vai direto para a Tancredo Neves ao sair do Manaíra Shopping.

Na pegada de relembrar linhas antigas de João Pessoa, vamos a mais uma linha que a pandemia derrubou. É a linha 513 – Tambaú / Bessa, que ao sair de circulação em março de 2020 para nunca mais voltar, saiu com o nome de Bessa / Epitácio. A linha era promissora, não fosse seu itinerário praticamente idêntico ao da linha 510, da qual, aliás, era uma perna. Era uma espécie de continuidade da 510.



Essa linha começou a operar ainda na década de 1990. E foi, na época, mais uma reação da Transnacional ao avanço da Setusa – tal qual, por exemplo, a transferência de 203 e 514 do José Américo para Mangabeira VII. Isso porque o bairro do Bessa havia sido beneficiado em 1989 com a criação da linha 601. No final da década de 1980, o Bessa, hoje um dos mais nobres e com o metro quadrado mais caro da capital, mal tinha ruas calçadas, quanto menos ônibus em número suficiente. Mas se expandia, afinal, era mais uma área à beira-mar a se conquistar.



A Transnacional operou a linha 513 – Tambaú / Bessa até dezembro de 2008, quando a repassou para a “irmã” Reunidas, que por sua vez chegou a transferir o terminal da linha para a avenida Oceano Atlântico no bairro de Intermares, na vizinha cidade de Cabedelo. Com a inauguração do Terminal de Integração do Bessa, o ponto final passou a ser lá. Com isso, os usuários que quisessem se deslocar do terminal para Intermares tinham como destino as linhas 5104 - Jacaré e 5103 - Poço / IFPB.


Tudo fluía bem, até que a pandemia veio.


Sobreposição e outras linhas podem explicar extinção

A linha foi extinta em março de 2020 com a suspensão do sistema por decorrência da pandemia da COVID-19. O provável motivo de sua extinção é a sobreposição quase que em 80% de seu itinerário pela linha 510 – Tambaú, que praticamente avançou pelo Bessa ao longo dos anos. Ou seja, a linha que a gerou, praticamente foi a que matou. A linha 510-Tambaú opera atualmente com 56 viagens nos dias úteis, 37 aos sábados e 35 aos domingos.


Já uma das pernas da linha 513 sobreviveu a pandemia. É a linha 521. Ela foi criada em 1997 e reinventada várias vezes, começou como uma continuidade da 513, com o terminal na rua Severino Nicolau de Melo no Lucy; com a inauguração do Val Paraíso, mudou para o mesmo local da 600, quando a 510 teve seu terminal transferido para lá, foi transferido para o Hiper Bompreço, em 2015 voltou para o Val com a extinção da 500, passando a ter seu ponto final no Terminal de Integração do Bessa desde a retomada. O itinerário dessa linha é único, passando na divisa dos bairros de Manaíra e São José. A linha atualmente opera com 28 viagens nos dias úteis e 20 nos sábados, não operando aos domingos.

Essa é a primeira linha antiga extinta de João Pessoa no pós-pandemia a ser relembrada aqui. Trata-se da linha 002-Roger, que na verdade era setorizada: um ônibus fazia o itinerário do Baixo Roger, outro o do Alto Roger (foto que ilustra o post), passando pela Pedro I. O bairro do Roger é próximo dos “Centros” da cidade – seja ele o moderno ou o histórico, o Roger está próximo. Por isso mesmo, a linha que lá rodava era “zero”, ou seja, não passava por corredor nenhum.


Essa linha era bem antiga e já passou por várias empresas: as extintas Mandacaruense e Setusa (1992), depois Transnacional (1995) e Santa Maria (2011). Era operada por ônibus menores por conta de as vias serem um pouco apertadas, mas não raramente veículos menores apareciam por lá também. Fora que não raro uma das duas variantes não rodava por conta de problemas com ônibus.


Extinta duas vezes – e da última foi para valer

A primeira extinção foi em 1989, quando foi agregada a recém-criada na época 601. Voltou em 1992 quando houve a separação dos itinerários, no que praticamente definiu o corredor 6 tal qual é hoje. Foi extinta pela segunda vez na pandemia, em 2020, e desde então quem atende o bairro do Roger atualmente é a linha 604-Bairro dos Ipês via Ayrton Senna, com seis horários nos dias úteis e dois aos sábados atendendo o bairro por dentro. Esses horários correspondem na prática ao itinerário do Baixo Roger. Não existem planos conhecidos para o restabelecimento do itinerário do Alto Roger.


Foi a segunda linha “zero” que se juntou a uma de corredor 6. Pouca gente sabe, mas a atual 602-Ilha do Bispo é a antiga 001, com agregamento do itinerário de Mandacaru, posteriormente o Manaíra Shopping, isso em dezembro de 1989. A única linha “zero” sobrevivente é a 003 de Jaguaribe.


Mas o que é uma linha “zero”? Então, as linhas iniciadas em zero são as dos bairros limítrofes do Centro da cidade, não passando em corredores.

Era uma vez uma linha de um carro só e que para andar, você não pagava nada. Era 0800, a única nessa condição na capital paraibana. Essa é a história da I006-Anatólia (os carros rodavam com o nome de “Integração”), uma linha que apesar da vantagem da tarifa zero, não andava tão lotada.


Essa linha era uma espécie de “transbordo” de quem morava no bairro (muita gente confunde com parte dos Bancários, mas é um bairro independente). Circulava por apenas quatro ou cinco ruas do mesmo.


Geralmente rodava com o ônibus mais velho da Transnacional e como operava 0800, evidentemente não tinha o posto do cobrador. Como na época existia a figura do profissional e todos os ônibus possuíam o posto, o veículo que fosse escalado para a linha findaria os seus dias lá, uma vez que o posto era removido.


Geralmente um carro rodava na linha quase todo ano, mas teve ônibus que duraram bem mais na linha. Até mesmo ônibus desativados de outras unidades da Transnacional operaram em um tempo breve por lá.


Foto de um ônibus da antiga I006, da Anatólia, em 2010.

Apesar da gratuidade, o passageiro tinha que passar pela catraca, basicamente porque ela serve para contar quantos passageiros viajaram no dia, mais do que só uma ferramenta de controle de pagamento. O passageiro teria que subir pela porta da frente de qualquer jeito. Só não aceitava cartão nem dinheiro. Podia entrar e viajar, a linha era muito curta.


Outra foto do mesmo ônibus da linha I006, da Anatólia, em 2010.

A linha I006 surgiu nos anos 1990 e era circunscrita apenas no bairro Anatólia, tendo ponto de partida no Shopping Sul e rodando em uma espécie de circular dentro desse bairro, um dos menores em território de João Pessoa. Foi extinta em março de 2020. Neste post, temos registros meus da linha no ano de 2010.

Queria voltar para o ano de 2016, quando foram criadas as linhas 9901 e 9902, que ligam o Mangabeira Shopping ao Valentina. Seis anos depois, só sobrou uma linha, a 9901, e completamente diferente da proposta da época. Na 9902 – Mangabeira / Valentina eu andei quando a linha começou a rodar – e contei essa história no blog.


A 9902 saía do Mangabeira Shopping indo por Mangabeira por Dentro e voltando pela Josefa Taveira, retornando pelo Valentina. A 9901 fazia o oposto em Mangabeira e retornava pela mesma principal do Valentina. A ideia era criar opções do Valentina para os dois corredores de Mangabeira.


E era exatamente por isso que elas eram duas. A ideia, como expresso acima, era que as duas fossem circulares internas, aonde uma ia por Mangabeira por Dentro e a outra pela Josefa Taveira e vice-versa. Alguns bons anos depois, as duas passaram a ir pela Josefa Taveira – isso mesmo, as duas linhas faziam exatamente o mesmo itinerário. E por fim, a 9902 (que ilustra este post) foi extinta em 2018.


Desse modo e desde então, nenhuma linha de Mangabeira por Dentro passa no Mangabeira Shopping ou no próprio bairro do Valentina, apesar da proximidade dos locais.


A linha 9901 é bem diferente do que foi na época, atendendo hoje em dia as avenidas Newton Júnior e as proximidades da faculdade Facene. Atualmente a linha roda com 37 viagens nos dias úteis, 24 aos sábados e 18 nos domingos, tornando-se consolidada.


Queria aproveitar este post para dizer que o puxão de orelhas que eu dei no final daquele post de 2016 fez efeito: a questão da ligação direta do Rangel para o Mangabeira Shopping, na época ausente: ela é feita pela linha 229-Cidade Verde / Rangel desde 2021. Mas esse é assunto para outro post.

A linha que escolhi relembrar hoje foi uma das gambiarras mais bizarras do sistema pessoense. Mas ela existiu: a 1502-Geisel/Alto do Mateus, que rodou de 2009 até 2014. Consistia em fundir as linhas 502 e 108 – que conseguiram sobreviver não só a pandemia, mas a isso – fazendo com que a linha partisse do Geisel, fosse pela Epitácio, depois por Cruz das Armas, depois pelo Alto do Mateus e de lá fazia esse percurso inverso. Era um circular que não era bem uma linha circular. Nem dava para definir o que era isso.


Num passado não muito distante esse itinerário já foi operado, mas com o código A502. Além dela, também circulava uma variante para o Bairro das Indústrias com o código B502, isso lá na década de 2000 – creio que quase ninguém lembre dessa. Além, é claro, da linha 502 propriamente dita. Uma linha que sempre que se mexe, dá ruim, já que não tem tantos carros e já atrasa por si só, ainda mais com agregamento de itinerários. Eis que no final da década de 2000, tentaram reinventar a roda, e anos depois teve suas operações desativadas parcialmente.


O itinerário extenso e sem sentido não agradou os passageiros. Mas a então STTrans – hoje Semob – tentou salvar a ideia piorando ainda mais nos seus últimos meses de vida: dividiu a linha em duas adicionando um terceiro corredor, o do Acesso Oeste. Como os dois itinerários eram identificados por placas, isso confundia ainda mais os usuários e bem, tava na cara que não iria dar certo. E não deu. A linha 1502-Geisel/Alto do Mateus acabou em 2014. Com as suas variantes e trapalhadas. A 108 não foi extinta, mas teve suas operações reduzidas ao horário bacurau, com isso a 1502 absorveu o itinerário durante o dia.


Entre a gambiarra e a pandemia, as linhas 108 e 502 rodam (precariamente)

A linha 502 retornou em 2014, mas a linha 108 ainda demorou, retornou uns bons anos depois, passando a operar diariamente. Após a parada pós-pandemia, demoraram a ser reativadas, mas até hoje rodam, de maneira bem restrita. A linha 502-Geisel/Epitácio opera atualmente com 19 viagens nos dias úteis e 4 nos sábados, não operando aos domingos. Já a linha 108-Alto do Mateus opera apenas nos horários de pico, com 4 viagens nos dias úteis e 2 na manhã de sábado, também não operando aos domingos.

A linha a ser relembrada hoje é uma que foi extinta para dar lugar a um circular também extinto e que hoje roda com outro código, mas com o itinerário próximo do que um dia já teve na década de 1990. Ao mesmo tempo, a linha também nasce de um código reciclado, ou melhor, de uma linha que já existia e foi modificada para atender a sétima etapa do maior bairro de João Pessoa. Esse é o caso da linha 514-Mangabeira/Epitácio, que nasceu na década de 1990 como José Américo/Epitácio.


Sim, a linha não nasceu como sendo de Mangabeira, e sim num hoje, para muitos inimaginável, itinerário direto do José Américo para a Epitácio. Com a construção da sétima etapa de Mangabeira, transferiram a linha 514 para lá e mudaram seu nome para o novo destino. Além dela, a 203, que era a José Américo/Rangel, foi junto.


O itinerário do José Américo para a Epitácio foi compensado pelas circulares 1510 e 5110, que surgiram na prática para preencher a lacuna que o 514 deixou.


Nem lembrança do que era

A linha atendia Mangabeira VII pela Josefa Taveira. E tão logo se ergueu mais uma etapa do bairro – dessa vez o Cidade Verde – para lá se transferiu. Atendia a parte mais para trás do bairro, no que preferiram não estender as então linhas 3507 e 5307 (hoje 303 e 530).


Essa linha foi extinta em 2014 para dar lugar, junto a também extinta 209, as linhas 2509 e 5209, que rodaram até 2020.


Os itinerários que a linha 514 já operou hoje são cobertos pela linha 517-Mangabeira/Epitácio. Que tal qual a 514, nasce de um código reciclado (o código 517 era do Castelo Branco, mas a linha foi reativada como 527). A linha 517 opera 31 viagens nos dias úteis e 20 aos sábados. É quem também liga a Josefa Taveira ao Cidade Verde.

Era a única linha do corredor 5 que não passava na Integração.

Relembrando mais uma linha antiga do sistema pessoense, trago uma linha que surgiu como perna da 101-Grotão, mesmo não passando lá: a A101-João Paulo II. Mas onde fica o João Paulo II? Pouca gente sabe, mas é um bairro distinto do Geisel.


Explicando: esse bairro fica vizinho ao Geisel, a oeste da Valdemar Naziazeno (a oeste que menciono, sentido Centro). A Valdemar Naziazeno na realidade divide o Geisel do João Paulo II, mas é comum que as pessoas achem que o bairro seja uma continuidade do Geisel, quando na realidade é um bairro distinto, a leste do Geisel. E repetindo para que você não se confunda, a oeste da Valdemar Naziazeno.



A linha em questão surge ainda na década de 1990. Para quem não sabe, é um bairro que surge um pouco antes e com o nome do papa homenageado ainda vivo (faleceria em 2005). E essa já chegou a ser feita com ônibus de outras linhas da Reunidas, empresa operadora da linha. Era uma linha completamente independente da 101, mesmo compartilhando o código com a linha do Grotão, que na época era operada pela mesma empresa – hoje integra a Santa Maria.


Fundiu-se duas vezes com a mesma linha – e na segunda foi para valer

A linha foi extinta pela primeira vez em 2009, fundida a linha 102 do Esplanada, bairro esse que também faz divisa com o João Paulo II, só que a oeste. A fusão foi desfeita alguns dias depois, mas foi feita de novo alguns anos depois. Isso porque em 2016 a linha teve o mesmo fim e dessa vez definitivamente, mesmo com a resistência dos moradores do Esplanada, que perderiam o ponto final. Desse modo e desde então, a linha A101 se agregou novamente a 102 e roda com o nome Esplanada/João Paulo II, prevalecendo o código 102.


A linha 102, substituta prática desde então, roda com 32 viagens nos dias úteis, 20 aos sábados e 10 aos domingos. E só vai ao bairro que lhe dá o nome depois de ter passado pelo Esplanada. O ponto final é no bairro Funcionários III.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Flávia Rita - funções da linguagem

 Tipos de Texto

Antes de entender as diferentes funções que a linguagem desempenha, deve-se destacar as duas categorias distintas de texto. A partir da compreensão de que os textos correspondem, de forma simplificada, ao conjunto de palavras organizadas segundo a intenção do autor de criar sentido, seja apresentando um determinado contexto, seja analisando-o, é possível identificar dois grandes grupos textuais:


Texto literário

Texto não literário

 Os motivos dessa divisão é permitir uma compreensão melhor das características e das finalidades de cada tipo de texto.


TEXTO LITERÁRIO X TEXTO NÃO LITERÁRIO

Os textos literários são aqueles escritos com intenção estética, quer para entretenimento, quer para contemplação. Portanto, são comuns a essa espécie os romances, poemas e músicas, dotados de carga emotiva e expressos em linguagem mais conotativa.


Textos narrativos e/ou poéticos, envolve emoções.

Linguagem subjetiva.

Função principal: destinado ao entretenimento, à ficção e à arte.

Texto não literário, por sua vez, correspondem à modalidade textual escrita de forma objetiva, cuja intenção é comunicar ou relatar um fato de maneira exata. Por isso, apresentam, predominantemente, linguagem denotativa ou referencial. São exemplos de textos não literários os manuais, as notícias de jornal, os artigos acadêmicos etc.


Textos objetivos. Relata fatos e informações.

Linguagem objetiva.

Função principal: informar, explicar.



Funções da Linguagem

A comunicação das intenções do locutor pode ocorrer por meio de uma linguagem verbal ou de uma linguagem não-verbal. Em cada uma dessas formas, a mensagem irá apresentar predomínio de uma das seis função específicas:


FUNÇÃO REFERENCIAL, DENOTATIVA OU INFORMATIVA

A função referencial é aquela empregada com o intuito de informar objetivamente acerca de um determinado assunto ou de um contexto específico. Para isso, emprega-se, de modo predominante, a terceira pessoa do discurso. Além disso, os fatos são apresentados por meio de uma linguagem conotativa, com pouca interferência do locutor, ou seja, evitam-se expressões adjetivas ou conotativas. Dessa maneira, o foco recai integralmente no assunto.


Em geral, em terceira pessoa.

Linguagem objetiva.

Pouca interferência do locutor.

Foco no assunto / conteúdo do texto.

Típico de notícias, reportagens, artigos científicos, livros didáticos, documentos oficiais, correspondências comerciais e redações, jornais, revistas e telejornais.

Veja o seguinte exemplo de um texto jornalístico em que se emprega linguagem referencial ou informativa:


Sobe para 418 o número de casos confirmados de Covid-19 no RS

 Secretaria Estadual da Saúde divulgou nove novos casos em Porto Alegre. Estado tem registro de seis mortes.


 A Secretaria Estadual de Saúde do RS divulgou, neste sábado (4), o registro de 418 casos confirmados de coronavírus no estado, e seis mortes. São oito a mais do que na última atualização. Os novos casos positivos foram identificados em Porto Alegre.


De acordo com a SES, foram incluídos nove novos casos e excluído um que estava em duplicidade, também na Capital.


Na sexta-feira (3), o número de casos confirmados estava em 410, de acordo com a SES. Apesar de 60% de casos e de mortes terem sido registrados em Porto Alegre, outras 58 cidades tiveram pelo menos um paciente diagnosticado com Covid-19.


 São Leopoldo


 A Secretaria Municipal de Saúde (Semsad) de São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, confirmou mais quatro casos de coronavírus, neste sábado (4). Os exames foram feitos pelo laboratório da Universidade Feevale. Os novos casos no município ainda não estão no relatório divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde.


 Entre os novos quatro pacientes está um homem de 60 anos, e três mulheres de 14, 39 e 65 anos. Segundo a prefeitura, as mulheres têm relação com um outro paciente, um homem de 66 anos, que estava em estado grave na UTI Covid do Hospital Centenário e foi transferido para o Hospital de Clínicas de Porto Alegre[1].


[1] https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2020/04/04/sobe-para-418-o-numero-de-casos-confirmados-de-covid-19-no-rs.ghtml


FUNÇÃO EMOTIVA OU EXPRESSIVA

A função emotiva, ao contrário da informativa, não tem a intenção de comunicar um fato objetiva. Sua finalidade é emitir uma opinião pessoal, um desejo ou um sentimento, de maneira que se fará predominante a linguagem conotativa, de caráter mais subjetivo, estruturada na primeira pessoa do discurso.


Em geral, é usada a primeira pessoa.

Há traços de subjetividade, como adjetivação, pronomes pessoais, verbos, pronomes possessivos, interjeições, reticências e ponto de exclamação.

Realiza-se um diálogo com o leitor por meio de perguntas retóricas e repetições, de forma a imprimir subjetividade no texto.

Há um amplo envolvimento do locutor.

Foco no autor.

Típico de crônicas, contos, poemas, letras de música, diários, cartas pessoais, cordéis, novelas, memórias, biografias, entrevistas e depoimentos.

Veja o seguinte poema de Fernando Pessoa, que representa um uso emotivo da linguagem:


Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,


Define com perfil e ser


Este fulgor baço da terra


Que é Portugal a entristecer —


Brilho sem luz e sem arder


Como o que o fogo-fátuo encerra.


 


Ninguém sabe que coisa quer.


Ninguém conhece que alma tem,


Nem o que é mal nem o que é bem.


(Que ânsia distante perto chora?)


Tudo é incerto e derradeiro.


Tudo é disperso, nada é inteiro.


Ó Portugal, hoje és nevoeiro…


 


É a hora!


Fernando pessoa


FUNÇÃO CONATIVA OU APELATIVA

A função conativa ou apelativa coloca ênfase no emissor, uma vez que a finalidade é persuadir ou convencer o interlocutor. Para isso, a emprego de verbos no modo imperativo, de maneira a trazer comandos para a ação do outro. 


Típica de textos publicitários.

Objetiva persuadir o leitor.

Tipos de elementos que utiliza: imperativo, vocativo, verbos no infinitivo, linguagem não-verbal.

Anúncios, propagandas, orações, preces, sermões religiosos, discursos políticos, horóscopo, autoajuda.

A seguinte mensagem traz um exemplo da função conativa:



Propaganda do Estado de Pernambuco para o combate à dengue.

FUNÇÃO FÁTICA

A função fática centra-se no canal de comunicação, de modo que corresponde se faz presente quando a intenção dos interlocutores é manter o ato comunicativo, ou seja, quando, num diálogo, o emissor procura sustentar sua interação com o emissor. É uma função muito comum em conversas coloquiais, cuja finalidade é apenas a comunicação desinteressada. São exemplos da função fática aquelas “conversas de elevador”, em que se pergunta despretensiosamente sobre o tempo.


Objetiva iniciar ou manter a comunicação.

Relaciona-se ao canal de comunicação.

Saudações, cumprimentos, despedidas, vinhetas e conversas telefônicas.

FUNÇÃO METALINGUÍSTICA

A função metalinguística corresponde ao uso de um código para se explicar o próprio código. São exemplos de metalinguagem as músicas que falam de música, os poemas que ensinam a fazer poesia, os desenhos que mostram como desenhar, os dicionários, as gramáticas, os filmes que falam do cinema e os programas de televisão que falam sobre a própria TV.


Ocorre quando há convergência de elementos usados na elaboração / transmissão da mensagem.

Texto sobre a reforma ortográfica em português. (O tema é português, o código é em português).

Dicionário.

Observe os dois tipos de metalinguagem:



O Bugio, por Willian Raphael Silva

FUNÇÃO POÉTICA OU ESTÉTICA

A função poética é mais comum nas obras literárias que utilizam linguagem conotativa, uma vez que a preocupação do emissor recai mais na forma como a mensagem é passada. Ainda que o nome possa confundir, a função poética não é exclusiva de textos literários, sendo muito comum também na publicidade e na linguagem do cotidiano, em casos de uso frequente de metáforas.


Não se limita à poesia.

Trata-se de uma combinação estética e intencional de palavras.

Rimas, trocadilhos e metáforas são recursos recorrentes.

Efeitos figurativos (sinestesia, eufemismo…).

Poemas, letras de música, piadas, trocadilhos, histórias em quadrinhos, propagandas.

Veja esse poema de Millôr Fernandes em que se usa da função poética:



Exemplo de linguagem poética.

Flávia Rita - vícios de linguagem

 Muitas pessoas já escutaram falar dos vícios de linguagem. Sabem que se trata de um desvio no uso da língua, mas, muitas vezes, por desconhecimento, acabam incorrendo nas suas mais variádas formas, o que, sobretudo em provas dissertativas, pode ser fatal! Para evitar que isso comprometa a sua vaga no certame, decidimos montar esse texto, de maneira que você não tenha mais nenhuma dúvida a respeito dos diferentes tipos de erros em que se pode incorrer quando se elabora um texto. Aqui você verá todas as classificações dos vícios de linguagem, tanto os que ocorrem na língua falada como os que aparecem na forma escrita. Além disso, separamos exemplos em cada uma das modalidades, de maneira que não restem dúvidas acerca de cada ocorrência. Vamos ver cada um deles?


O que são vícios de linguagem?

A principal função da linguagem é permitir a comunicação entre diferentes agentes. Por meio dela é que se consegue transmitir uma certa ideia de modo inteligível para uma outra pessoa. Entretanto, a compreensão da mensagem pode ser afetada a partir de alguns desvios consolidados pela prática, tanto oral quanto escrita. Esses são os chamados vícios de linguagem.


Em outras palavras, vícios de linguagem são, de forma bem clara, qualquer desvio da norma culta, em sua pronúncia ou em sua escrita, seja por ignorância do falante, seja por descuido do escritor.



Os estudiosos da língua identificam diversos tipos de alterações defeituosas em seu uso, categorizando-as em vícios fonológicos, ortográficos, sintáticos, semântico, pragmático, estilístico, entre tantos outros.


Dentro desses grupos, podem ser identificados 13 tipos de vícios de linguagem:


Barbarismo

Solecismo

Ambiguidade ou anfibologia

Cacófato

Neologismo

Arcaísmo

Eco

Pleonasmo

Obscuridade

Preciosismo

Vulgarismo

Colisão

Hiato

Vamos ver, aqui, o que é cada um deles e, principalmente, analisar exemplos em que eles ocorrem.


Mulher segurando vários livros. 

Vencendo os vícios de linguagem.

Espécies de vícios de linguagem

#1 Barbarismo 

Barbarismo é um vício de linguagem correspondente àqueles erros de pronúncia ou de grafia, em que há, por isso, palavras mal formadas ou com vocábulos estranhos. Em outras palavras, barbarismo trata de todo e qualquer erro que, de alguma maneira, atenta contra as regras da norma culta.


Podem ser identificados quatro tipos de barbarismo: o chamado barbarismo gráfico ou cacografia, o barbarismo prosódico ou cacoépia e o estrangeirismo.



A) Barbarismo Gráfico ou cacografia

O barbarismo gráfico ocorre sempre que há um desvio na ortografia do termo. Por exemplo:


Ela tinha a proesa de atentar contra a mãe. (proeza)


Ele apresentou um argumento suscinto. (sucinto)


Ele não faz a reinvindicação para o síndico. (reivindicação)


Ela espressava certa melancolia. (expressava)


B) Barbarismo prosódico ou cacoépia

O barbarismo prosódico retrata os desvios ocorridos na acentuação tônica das palavras. O barbarismo prosódico pode ser também chamado de cacoépia ou de silabada. São exemplos de equívocos prosódicos:


O órgão precisa da sua rúbrica (acentuando o u da primeira sílaba) no fim do documento. (a pronúncia correta exige que a entonação recaia na sílaba i).


Soltou um comentário sútil (acentuando o u da primeira sílaba) durante a reunião.


C) Estrangeirismo

Estrangeirismo não é um erro propriamente dito, mas, sim, uma impropriedade lexical consolidada pelo costume. Trata-se do emprego de termos estrangeiros para designar objetos, fenômenos ou sentimentos que encontram, muitas vezes, tradução precisa na língua pátria.


O que deve ser evitado, na realidade, é a importação excessiva de palavras estrangeiras. Por exemplo, os termos marketing ou design já foram devidamente incorporados na Língua Portuguesa, entretanto, o uso de expressões como call, meeting ou date para expressar, respectivamente, chamada (ou ligação), reunião e encontro, mostra-se indevido.


Além disso, dado o processo de evolução natural da língua, é esperado que alguns termos estrangeiros sejam absorvidos e, ao fim, aportuguesados pelo uso. São exemplos desse fenômeno, entre outras, as palavras abajur (do francês abat-jour), sutiã (do francês sutien), filé (do francês filet), drinque (do inglês drink), piquenique (do inglês picnic) e sanduíche (do inglês sandwich).


Observe que existem diferentes formas de estrangeirismos, normalmente identificados com o país de origem dos vocábulos. Com isso, chamam-se de galicismos os termos provenientes do francês; anglicismos, os provenientes do inglês; italianismo, os provenientes do italiano; e germanismo, os provenientes do alemão; espanholismo, os provenientes do espanhol.


Não é considerado vício de linguagem o hibridismo - palavras formadas por elementos de línguas diferentes como: poliforme (poli – origem grega/forme – origem latina), televisão (tele – grego/visão – latim), sociologia (socio – latim/logos – grego), burocracia (bureau – francês/kratia – grego), endovenoso (endo - grego/venoso - português), sambódromo (sambo - africano/dromo - grego), biologia (bio - grego/logia - latim), telepizza (tele - grego/pizza - italiano) etc.


#2 Solecismo

O vício de linguagem conhecido como solecismo ocorre sempre que há algum desvio sintático na concordância, na regência ou na colocação pronominal. Assim, podemos afirmar que qualquer erro cometido nesses termos, seja na língua oral, seja na forma escrita, será classificado como um solecismo.


Vamos exemplos de cada um desses casos.


A) Solecismo de concordância

Solecismo de concordância corresponde ao desvio das regras de concordância verbal ou nominal, sendo refletido na flexão dos termos.


Nós não falou isso que o senhor nos acusa. (Nós não falamos isso que o senhor nos acusa)


Muitos deles faltou à consulta. (Muitos deles faltaram à consulta).


Elas saia sempre com os namorados. (Elas saiam sempre com os namorados).


B) Solecismo de regência

No solecismo de regência, será empregado complemento preposicional inadequado segundo a regência normativa do verbo, substantivo, adjetivo ou advérbio. É o que ocorre em?


Ele pisou na grama. (Pisou a grama)


Ela foi no banheiro. (Ela foi ao banheiro)


Eu me esqueci o livro. (Eu me esqueci do livro)


Observação: Quando o verbo esquecer não for empregado em sua forma pronominal, será ele transitivo direto, como em: “Esqueci o livro em casa”.


C) Solecismo de colocação pronominal

Nesse caso, o vício ocorrerá em razão da colocação incorreta do pronome oblíquo, ou seja, em posição proclítica, mesoclítica ou enclítica sempre que ocorrer algum elemento que exija o seu deslocamento em relação ao verbo, e também em relação à locução verbal. Observe:


Ela se cobrava tanto, que não controlou-se na hora da prova. (Há palavra negativa anteposta ao verbo controlar, a qual exerce atração sobre o pronome se, exigindo sua posição em próclise). 


Falarei-lhe tudo o que me perguntar. (é vedada pela gramática normativa a ênclise do pronome quando o verbo se encontrar no futuro do presente ou no futuro do pretérito do indicativo). Como é impossível a próclise porque o verbo está iniciando a frase, a única possibilidade é a mesóclise.


Não teria falado-lhe. (a norma culta veda a ênclise em verbos no particípio).


O abraçou quando descobriu o motivo de seu choro. (não se deve usar próclise em início de frase, exceto sob licença poética ou quando se pretende reproduzir a fala coloquial).


#3 Ambiguidade ou anfibologia

A ambiguidade, também conhecida como anfibologia, ocorre sempre que alguma estrutura frasal permite a ocorrência de mais de um sentido para um único enunciado. Trata-se, pois, de um vício que prejudica a própria clareza do texto, podendo ser cometida por desatenção do autor ou mesmo intencionalmente. Veja os seguintes exemplos:


Comprei uma camisa para minha namorada clara. (clara é um atributo da camisa ou da namorada? Impossível identificar no trecho)


Artur visitou sua namorada e depois encontrou com seu irmão. (irmão de quem? Da namorada, de Artur ou da pessoa com quem se fala?)


O pai viu o filho estudando em seu quarto. (em qual quarto? No do pai, no do filho ou no da pessoa com quem se fala?)


Um outro caso bastante comum de ambiguidade ocorre nas construções com oração subordinada adverbial reduzida de gerúndio. Nesses casos, muitos não sabem, mas há um prejuízo à clareza e à coesão textual, pois a redução verbal implica supressão de um conector, de maneira que não é possível determinar com precisão o sentido da relação estabelecida entre as orações (principal e subordinada). Veja esses dois exemplos:


O governo resolveu o problema, promovendo o bem estar à população local.


Nessa frase, qual o sentido da relação entre as orações? Tempo, sendo equivalente a “ao promover o bem”? Ou causal, correspondendo a “por promover o bem”?


Não gostando do que viu, decidiu ir embora.


Aqui, qual a relação entre as duas orações? Temporal? A pessoa foi embora enquanto via e não gostava (enquanto não gostava do viu)? Ou causal? Em razão do que ela viu, ela decidiu partir (por não gostar do que viu)? Não é possível determinar com clareza, exatamente por haver uma ambiguidade.


#4 Cacofonia ou Cacófato

A cacofonia ou o cacófato corresponde a um vício de linguagem fonológico, em que a posição de duas ou mais palavras na cadeia frasal provoca um som desagradável aos ouvidos. Mais precisamente, ela ocorre a partir da junção da última sílaba de uma palavra com a primeira da palavra seguinte, como se vê nos exemplos:


Na boca dela, via toda o amor do mundo. (cadela)

Desfazendo o cacófato - Na sua boca, via todo o amor do mundo.


Vou-me já pois está tarde. (vou “mijar”)

Desfazendo o cacófato - Vou embora pois está tarde.


O padre tinha fé demais (fede mais)

Desfazendo o cacófato - O padre tinha muita fé.


#5 Neologismo 

Os neologismos dizem respeito, muitas vezes, a um artificio literário, em que o autor, na falta de um termo preciso para expressar certo evento, característica ou sentimento, cria uma palavra nova, ainda, contudo, não dicionarizada. Entretanto, é comum ver pessoas incorrendo em erro lexical ao empregar termos que, por não encontrarem previsão no vocabulário oficial da língua, correspondem a verdadeiros neologismos.


Neologismo literário

Na literatura, é bastante comum encontrar exemplos de neologismos, como os casos do brasileiro João Guimarães Rosa e do moçambicano Mia Couro. Para deixar mais claro, veja os seguintes exemplos dos mencionados autores:


“(…) Já outro, contudo, respeitável, é o caso – enfim – de ‘hipotrélico’ (sic), motivo e base desta fábrica diversa, e que vem do bom português. O bom português, homem de bem e muitíssimo inteligente, mas que, quando ou quando, neologizava, segundo suas necessidades íntimas. Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano, terceiro, ausente: -E ele é muito hipotrélico… Ao que, o indesejável maçante, não se contendo, emitiu o veto: -Olhe, meu amigo, essa palavra não existe. Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto perplexo: -Como?… Ora… Pois se eu a estou a dizer? -É. Mas não existe. Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro, peremptório: -O senhor também é hipotrélico… E ficou havendo.” (ROSA, João Guimarães. Tutaméia – Terceiras estórias).


“Aurorava. O sol dava as cinco. As sombras, neblinubladas, iam espertando na ensonação geral. No topo das árvores, frutificavam os pássaros. (…) A claridade já muito espontava, como lagarta luzinhenta roendo o miolo da escuridão. As criaturas se vão recortando sob o fundo da inexistência. Neste tempo uterino, o mundo é interino. O céu se vai azulando, permeolhável. (…)”. (COUTO, Mia, Estórias Abensonhadas, “O Poente da Bandeira”).


Neologismo vício de linguagem

Os trechos acima demonstram um uso artístico do recurso neológico. Todavia, isso não quer dizer que sua ocorrência não intencional não seja configurada como um desvio gramatical, como se nota, por exemplo, em palavras como “dinamicidade”.


#6 Arcaísmo 

Arcaísmos traduzem o uso de palavras que, pelo passar do tempo, entraram em desuso na língua. O recurso de vocábulos arcaicos, ao contrário do que pensam muitas pessoas, não traz refinamento ao texto, mas, sim, compromete sua função principal de possibilitar uma comunicação clara entre os interlocutores. São exemplos de arcaísmos, termos como?


Físico, empregado com sentido de médico. Hoje, é o profissional que estuda física.


Outrossim, no lugar de também.


Quiçá, no lugar de talvez (o espanhol ainda mantém o quizás)


À guisa de, em vez de à maneira de


Magote, no lugar de grande quantidade


Entretanto, há quem se utilize de arcaísmos com uma intenção mais literária, de maneira a reviver um termo ou significar de forma mais precisa certa situação. Nesses casos, em vez de se ver um desvio no uso da língua, ter-se-á uma variação estilística, a qual poderá colaborar com a própria construção estética do autor. Esse emprego poderá ocorrer tanto nos chamados arcaísmos semânticos – emprego de palavras com determinado sentido – quanto nos arcaísmos sintáticos – equivalentes a construções oracionais que não se encontram mais em uso.


#7 Eco 

Eco, também conhecido por rima, equivale ao vício sonoro provocado pela repetição desagradável de vocábulos com terminações iguais ou semelhantes. Embora possa ser empregado como recurso estilístico, muito comum em textos em versos, o eco é considerado um vício de linguagem, sobretudo em modalidades textuais dissertativas. Um exemplo bastante conhecido são os famosos advérbios terminados em “mente” – subitamente, repentinamente, diariamente, frequentemente, cotidianamente, alegremente, tristemente etc.


Aposto que só de ler esses exemplos já ficou claro do que se trata o eco, não é mesmo? Mas, apenas para esclarecer, ele não se restringe à forma adverbial, sendo muito comum ocorrer, também, em diferentes terminações verbais e nominais:


Seu coração, naquela ocasião, parou de repente.


O amor é uma dor cujo odor se desconhece.


Ladrão que rouba ladrão também vai para a prisão.

 

Invente, tente, faça algo diferente.


#8 Pleonasmo

Pleonasmo é o nome dado ao vício de linguagem decorrente de uma expressão redundante. Embora possa ser empregado como uma figura de estilo, utilizada para enfatizar determinada ideia, é mais comum que se encontre sua ocorrência na forma viciosa, em que a repetição se mostra supérflua, evidente ou inútil.


Veja um exemplo de pleonasmo empregado como uma figura de linguagem nesse trecho retirado do Soneto de Fidelidade, de Vinicius de Moraes:


[…]


Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto


E rir meu riso e derramar meu pranto


Ao seu pesar ou seu contentamento


[…].


Perceba que a repetição da ideia é necessária à própria construção de sentido do poema. Entretanto, esse não é o caso na espécie viciosa, pois, nela, a repetição provoca redundância, exatamente por não agregar qualquer valor sintático ou semântico ao trecho. Veja alguns exemplos:


Portanto, para concluir, pode-se […]. (há um pleonasmo entre a conjunção conclusiva e a locução de fechamento)


Novidade inédita


Ali era um monopólio exclusivo da empresa. (monopólio já contém a ideia de exclusividade)


Elo de ligação (elo já exprime o sentido de ligação)


Pequenos detalhes (detalhes já são pequenos)


Regra geral (se é uma regra, ela já é uma generalização)


Há muitos anos atrás (o verbo haver já exprime o sentido temporal)


Criar novas soluções (ao se criar alguma coisa, deduz-se que ela é nova)


#9 Obscuridade

O vício de linguagem conhecido como obscuridade traduz as construções frasais que, devido à disposição dos elementos ou ao vocabulário empregado, têm seu sentido prejudicado por falta de clareza.


Podem ser mencionados como características textuais que comprometem a clareza e, por isso, geram obscuridade, o excesso de orações ou termos intercalados ou deslocados de sua posição original (ordem canônica), a falta de oração principal completando as informações presentes nas subordinadas, o emprego defeituoso de sinais de pontuação ou de complementos verbais e também o uso de vocabulário rebuscado, impreciso ou regional.


Veja os seguintes exemplos:


Ao pensar, com seu coração, no homem de que gostava, não conseguiu, por mais que tentasse, controlar suas emoções, ainda que, no dia anterior, sua mãe, com toda sinceridade, procurando, esperançosamente, aplacar as amarguras da filha, por se lembrar do que já havia vivido, anos antes, tenha-lhe dado, tal como sua própria mãe fizera, vários bons conselhos.  


Observe que a oração, em termos sintáticos, não incorre em qualquer desvio da norma culta. Contudo, a compreensão geral fica prejudicada devido ao excesso de informações intercaladas dentro da ideia principal. O trecho, portanto, conquanto gramaticalmente correto, mostra-se obscuro.


A apresentação vestibular mostra-se satisfatória, por desviar-se de qualquer abordagem perfunctória ou chã, contribuindo para a formação dos futuros corifeus da política.


Nesse caso, o problema se encontra no uso de vocabulário rebuscado ou arcaico, o que prejudica a compreensão do trecho.


Pensando não mundo e em todos os males já vivido, decidindo-se por não ficar mais inerte frente às iniquidades.


Aqui, sequer é possível concluir a ideia, precisamente por inexistir uma ideia principal, motora dos desdobramentos subordinados.


#10 Preciosismo

Preciosismo traduz o vício de linguagem em que são empregados constantemente vocábulos incomuns ou que se encontram em desuso na língua, de maneira que seus significados são, muitas vezes, desconhecidos para a maioria das pessoas, muito comum na linguagem jurídica. É possível se identificar casos de preciosismo semântico, em que se opta por palavras pouco usuais, e de preciosismo sintático, hipótese em que a estrutura construída é pouco empregada na prática. Ele é chamado de falar difícil. Um exemplo pode ser apontado em uma famosa frase de Rui Barbosa:


Pouco se me dá que claudique a onagra, o que me apraz é acicatá-la.


A mesma ideia poderia ser expressa da seguinte maneira:


Pouco me importa que a mula manque, o que eu gosto é de cutucá-la (no caso, com o esporão, que seria o sentido mais preciso no contexto do verbo acicatar).


Bem mais simples, não é mesmo?


#11 Vulgarismo

Vulgarismo deriva do termo vulgar, que, em latim (vulgaris), designava aquilo que era comum, ordinário ou trivial. Com isso em mente, ficam claros que os casos de vulgarismo correspondem ao vício de linguagem provocado pelo uso regional da língua.


Podem ser identificados três tipos de vulgarismos: o fonético, o morfológico e o sintático. O primeiro traduz os desvios sonoros na pronúncia de certos vocábulos, ao passo que o segundo e o terceiro ocorrem, respectivamente, com a simplificação das flexões nominais e verbais e com o uso inadequado de elemento sintático.


Veja os exemplos:


Isso é pavê ou pácomê? (vulgarismo fonético – pronúncia do “r” no verbo comer é suprimida)


Roubar = robar ou estoura = estora; advogado = adevogado, ritmo = rítimo (vulgarismo fonético –  caso de supressão de ditongos, intercalação de uma vogal para desfazer um grupo consonantal na língua oral)


Os estudante não sabiam o que fazer. (vulgarismo morfológico, com a supressão na flexão nominal)


Eu passei o dia todo vendo ela. (vulgarismo sintático – emprego inadequado do pronome pessoal do caso reto na função de objeto direto).


#12 Colisão

Colisão é o vício de linguagem decorrente de sons desagradáveis produzidos pela sequência de fonemas consonantais semelhantes. Por exemplo:


Somente se se souber sofrer é que se saberá viver.


Já para ela, viajar jaz como um sonho jamais realizado.


#13 Hiato

Hiato, à semelhança da colisão, traduz um vício de linguagem fonológico, contudo, em razão da produção de um som desagradável decorrente do excesso de vogais semelhantes próximas umas das outras.


Ou eu ou ele, você vai ter que se decidir.


Ela irá ainda a escola.

Flávia Rita - 5 regras de ortografia para não errar

 1- Regras de português: uso do hífen

Uma das regras de português, de acordo com a nova ortografia, é que o uso do hífen continua em palavras que tenham o prefixo super, hiper, inter, que sejam terminados em r e ficam combinados com palavras que se iniciam por R. Exemplo:


hiper-rancoroso, inter-relação, super-resistente


Atenção: 

O hífen não é usado quando o primeiro elemento termina em vogal e o segundo começa por R ou S, nesses casos as consoantes devem ser dobradas: antissocial, contrarreforma, suprarrenal, autossuficiente.




2- Super- homem ou superhomem?

O que você pensou? Se respondeu super-homem, acertou. Parabéns!


Assim, o uso do hífen permanece nos vocábulos em que a próxima palavra começa por h. Por exemplo: super-homem, anti-herói, proto-história, sobre-humano, entre outros


Atenção

O hífen é usado em prefixos quando o primeiro elemento termina em vogal e o segundo começa com vogal igual: micro-ondas, anti-inflamatório, tele-entrega, contra-argumento.




 


Além disso, nos prefixos co-, pre-, re- e pro- o hífen não é utilizado. Logo, observe os exemplos: coordenar, propor, predeterminado, reorganizar, entre outros.


3- Regras de português: autoajuda ou auto-ajuda?

De acordo com a nova ortografia, o correto é autoajuda. Acertou?


Dessa forma, o hífen não é usado nas palavras em que o prefixo termina em vogal e a próxima palavra inicia por uma vogal diferente.


Errado: auto-ajuda, infra-estrutura, extra-escolar, contra-indicação, semi-aberto, entre outras.


Certo: autoajuda, infraestrutura, extraescolar, contraindicação, semiaberto.


4- Pára-quedas ou paraquedas?

Respondeu paraquedas? Acertou! Parabéns !


O hífen não é usado em palavras que perderam a noção de composição, como girassol, mandachuva, etc.




Além disso, o hífen continua nas palavras que não possuem elementos de ligação como, por exemplo, beija-flor, couve-flor, erva-doce, segunda-feira, entre outras.


5- Locuções: o hífen é usado?

Não. Nesse contexto, o hífen não é utilizado nas locuções.


Exemplo: cão de guarda, fim de semana, café com leite, pão de mel, a fim de que, entre outros.


Atenção: 


O hífen permanece nos prefixos ex, vice e soto. Exemplo: ex-namorado, vice-presidente.

De acordo com as novas regras, nos prefixos circum- e pan- quando a próxima palavra começa com vogal, m ou n, o hífen permanece. Exemplo: pan-americano, pan-hispânico, pan-mágico, pan-negritude, circum-hospitalar, circum-escolar, circum-navegação, circum-murado.

O hífen também continua com além, aquém, recém e sem. Exemplo: além-mar, recém-casado, sem-teto.

Existem exceções que foram consagradas devido ao seu uso, por exemplo, cor-de-rosa, pé-de-meia, água-de-colônia, arco-da-velha, mais-que-perfeito

Flávia Rita - ao encontro de ou de encontro a

 É muito comum ver a expressão “de encontro a” ser empregada de maneira incorreta. Sem saber, várias pessoas a empregam com a intenção de expor certa conformidade entre duas situações, entretanto, ao fazer isso, incorrem em um grave erro de sentido. Vamos entender aqui qual o correto significado dessas expressões, de maneira que você não tenha mais dúvidas em seu uso.


“De encontro a” ou “ao encontro de”

As expressões “de encontro a” e “ao encontro de” são regularmente utilizadas nos mais variados veículos de comunicação e nas mais diversas situações de fala. Entretando, seu uso muitas vezes ocorre de forma incorreta, contrariando as prescrições da gramática normativa.


Para evitar esse emprego impreciso das expressões, faz-se necessário, antes de mais nada, entender o significado de cada uma delas.



A expressão “de encontro a” tem o sentido específico de ir contra algo. Quando se diz, por exemplo, que “o governo foi de encontro às expectativas da população”, quer-se dizer, diferentemente do que muitos pensam, que as expectativas não foram atendidas. Elas foram, na verdade, contrariadas pelo governo.


 


Indo de encontro a algo

Seta indo de encontro a outra

 


Caso diametralmente oposto seria dizer “o governo decidiu ir ao encontro das expectativas”. Aqui, dir-se-ia que as expectativas foram de fato atendidas. Veja esses outros exemplos:


O argumento do advogado foi de encontro aos interesses do cliente. (= foram contra)

O argumento do advogado foi ao encontro dos interesses do cliente. (= foram favoráveis)

 



A viagem foi ao encontro dos sonhos dela. (= a viagem está de acordo com o sonho)

A viagem foi de encontro aos sonhos dela. (= a viagem contrariou o sonho)

 


A lei veio ao encontro dos interesses da categoria profissional. (= a lei está de acordo com os interesses)

A lei veio de encontro aos interesses da categoria profissional. (= a lei contrariou os interesses)

Flávia Rita - todo ou todo o

 A palavra todo pode ser empregada com diversas funções sintáticas ou em diferentes classes gramaticais. Uma dúvida corrente a respeito de seu uso diz respeito à necessidade de vir ou não acompanhado de artigo. Vamos ver aqui quais são as diferenças existentes nas formas todo ou todo o.


Todo ou todo o?

Primeiramente, tenha em mente que as formas “todo” e “todo o” são semanticamente distintas. A palavra “todo” , quando for empregada sem artigo, exprimirá uma ideia equivalente ao pronome “qualquer”. Veja os exemplos:


Todo político é ladrão. (= qualquer político)

Toda mulher busca o amor. (= qualquer mulher)

Todo adolescente tem segredos. (=qualquer adolescente)

Todavia, o emprego do artigo definido, formando a locução “todo o”, implicará alteração do sentido, uma vez que se passará a exprimir uma ideia de totalidade. Por isso, a expressão se torna equivalente ao termo “inteiro”. Observe:



Maria já visitou todo o país. (= o país inteiro)

João comeu todo o bolo. (=o bolo inteiro)

Alice será recebida por toda a turma. (= a turma inteira)

Observação: Quando a expressão “todo mundo” significar “todas as pessoas”, ambas as formas – “todas pessoas” e “todas as pessoas” – estarão certas. Alguns gramáticos, contudo, entendem que o mais correto é a forma sucedida de artigo, mas, devido ao uso na língua falada, admite-se a forma isolada. Por outro lado, se a expressão significar “todo o mundo”, será obrigatório o uso de artigo definido.


Por fim, fique atento quando a palavra todos for empregada no plural, antecedendo um termo numeral seguido de um substantivo. Dessa maneira, não será empregado artigo definido. Observe os seguintes exemplos:


Termo seguido de numeral (não há substantivo subsequente)


Todos três foram às aulas. 

Todas cinco receberam elogios pelo trabalho. 

Termo seguido de numeral com substantivo subsequente


Todos os quatro irmãos foram à luta. 

Todas as cinco atrizes participaram do filme. 

Flávia Rita - ao invés de ou em vez de

 Muitas vezes não notamos, mas acabamos incorrendo em pequenos erros gramaticais que, na leitura cotidiano, pode não fazer muita diferença. Entretanto, esses deslizes, ainda que não sejam graves, pode prejudicar a imagem profissional do usuário da língua ou mesmo impedir a aprovação em uma prova de concurso ou em um exame vestibular. O correto emprego das locuções “em vez de” e “ao invés de” é um desses casos. Conquanto elas sejam, aparentemente, semelhantes, cada uma apresenta sua particularidade e sua correta forma de uso.


“Ao invés de” e “em vez de” – Quando usar cada um?

As expressões “ao invés de” e “em vez de”, embora pareçam semelhantes, possuem sentido distinto. Por essa razão, devem ser empregadas em situações diferentes.


A locução “em vez de” indica uma substituição, sendo semanticamente equivalente a “em lugar de”. Por sua vez, a expressão “ao invés de” exprime sentido de oposição e pode ser substituída por “ao contrário de”.



Observe a diferença nas seguintes frases:


Marcio decidiu ir à praia ao invés de ir ao shopping.

Veja que a sentença está errada. O correto, dado inexistir oposição entre as ideias (“ir à praia e ao shopping”), seria empregar a expressão “em vez de”:


Marcio decidiu ir à praia em vez de ir ao shopping.

Nesses casos, não há restrições quanto ao uso da forma “em vez de”. 


Todavia, caso haja uma relação de oposição entre as ideias, será necessário empregar a locução “ao invés de”. Tenha em mente que o próprio substantivo “invés” é um variante de “inverso”, de modo que significa “lado oposto”, “avesso”.

Flávia Rita - regência do verbo visar

 Regência do verbo visar

O verbo visar, semanticamente, pode exprimir o sentido de “olhar para”, “mirar”, “pôr o visto em alguma coisa”. Além disso, pode ser empregado também com o sentido de “ter como fim ou objetivo” ou “objetivar”.


Em termos de transitividade verbal, ele poderá assumir uma forma transitiva direta, indireta ou mesmo intransitiva. Nesses casos, a regência verbal variará de acordo com o sentido que se pretenda expressar.


Visar como verbo transitivo direto

Quando empregado como verbo transitivo direto, “visar” terá os sentidos de “pôr visto em”, mirar ou olhar para. Nesses casos, não haverá preposição regente, dado se tratar de um complemento verbal direto. Observe os seguintes exemplos:


A autoridade pública visou o passaporte.


O bancário visou o cheque.


A menina visava-o com olhos de lince.


Visar como verbo transitivo indireto

Como verbo transitivo indireto, “visar” será regido pela preposição “a”. Veja os exemplos:


O plano do governo visa a solucionar diversos problemas da cidade.


O grupo visa a construir uma nova sede de atividades.


O atleta visa à medalha de ouro.


OBS: Tenha em mente que a regência do verbo “visar” pode oscilar conforme o sentido em que for empregado. Quando o verbo for utilizado como “ter em vista”, “querer” ou “ter como fim ou objetivo”, ele assumirá uma regência facultativa. Nesse caso, poderá ser transitivo direto ou indireto, sendo ou não acompanhado da preposição “a”. Veja os exemplos:


O trabalho sério do homem que visa ao futuro. (Alencar: Jucá)


O trabalho sério do homem que visa o futuro. (Alencar: Jucá)


Os fins a que os pesquisadores visavam eram nobres.


Os fins que os pesquisadores visavam eram nobres.


A nota emitida pela entidade visa a esclarecer a situação ocorrida ontem.


A nota emitida pela entidade visa esclarecer a situação ocorrida ontem.


Aquilo a que o governo visa é a justiça social.


Aquilo que o governo visa é a justiça social.


Nesses casos, embora a regência original seja na preposição “a”, sendo o verbo transitivo indireto, em razão do campo semântico equivalente aos verbos “buscar”, “procurar”, “pretender” etc., passou-se a aceitar também a transitividade direta. Nessa situação, portanto, dispensa-se a preposição “a”. Confira mais exemplos:


Todas essas considerações visam apenas glosar os debates. (Joaquim Ribeiro)


O ataque visava cortar a retaguarda da linha de frente. (Euclides da Cunha)


Aquilo não visava outro interesse. (Aluísio Azevedo).


Geralmente nós não visamos o mal, visamos o remédio. (Mário de Andrade)


[…] visando apenas os interesses do povo. (Érico Veríssimo).

Flávia Rita - regência do verbo preferir

 O verbo preferir é muitas vezes emprego de forma incorreta, em razão de seu uso normalizado pela língua falado. Em razão disso, muitas pessoas cometem erros na hora de produzir mensagens escritas ou de elaborar uma redação. Por isso, vamos entender de uma vez por todas como usar o verbo preferir, segundo as recomendações da norma culta.


Noção geral de regência

Primeiramente, vamos deixar claro o que se entende por regência. Essa nomenclatura gramatical tem sido adotada em sentido amplo e restrito. No primeiro, ela equivale à ideia de subordinação sintática, em que algumas palavras subordinam outras. Já no segundo, a regência diz respeito, conforme a lição de Celso Pedro Luft:


“[…] à subordinação especial de complementos às palavras que os preveem na sua significação”.



Explicando: considera-se regência em sentido restrito a necessidade ou a desnecessidade de se empregar uma complementação específica em decorrência da significação dos nomes e verbos utilizados. Complicado? Vamos esclarecer mais.


Por exemplo, na frase “Marco colocou o livro sobre a mesa”, tem-se um caso de regência verbal. O verbo “colocar” rege seus complementos “o livro” e “sobre a mesa”. Nesse processo, poderá haver ou não a presença de complementos, a serem determinados pela semântica verbal.


Esses complementos assumirão diversas formas morfossintáticas, como objetos direto e indireto, adjuntos adnominais, complementos nominais ou mesmo preposições. As preposições regentes, contudo, não são, muitas vezes, fixas ou únicas, podendo existir outras opções de construção verbal.


Assim, quando se fala em regência verbal, fala-se, na verdade, do emprego de um complemento específico do verbo. Normalmente, essa matéria exige o conhecimento acerca da preposição regente, ou seja, aquela por exigida pelo verbo.


Feito essa introdução e afastando nossas dúvidas sobre o que é, de fato, regência verbal, vamos entender como usar corretamente o verbo preferir.



Regência do verbo preferir

O verbo preferir é empregado com o sentido de “dar preferência a algo ou a alguém”, “dar primazia a”, “gostar mais de” ou “escolher ou querer algo antes”. Como se trata de um verbo transitivo direto e indireto, um de seus complementos será preposicionado, tendo como termo regente a preposição “a”. Observe os seguintes exemplos:


Marcelo preferia ler a escrever.


Márcio prefere chocolate a sorvete.


Henrique preferia reuniões pessoais a virtuais. .


Laura era muito focada. Ela preferia sempre que a criticassem a que a elogiassem sem razão.


Felipe sempre havia preferido a música à printura, entretanto, quando estudou Picasso, começou a se interessar mais pela segunda. 


É correto usar o verbo preferir + “do que”? 

Na língua coloquial, é comum escutarmos a forma “preferir mais uma coisa do que outra”. Essa construção decorreria, segundo lição do professor Celso Luft, do traço semântico de “antes” ou “mais”, presente pleonasticamente no verbo “preferir”. Entretanto, o uso da expressão “do que” é considerada incorreta pela norma culta. 


Embora algumas pessoas façam um paralelismo entre os verbos preferir e gostar, esse, sim, regido pela preposição “de”, não é correta essa alteração promovida na regência verbal.


Portanto, apesar de existir na língua coloquial, sendo, algumas vezes, abonada por autores consagrados, a forma acompanhada da expressão “do que” não é considerada gramaticalmente correta. Então lembre-se de, nas comunicações escritas, não cometer esse deslize.


Norma culta: Maria prefere nadar em casa a ir à praia.

Linguagem coloquial: Maria prefere nadar em casa do que ir à praia. 

Norma culta: Jorge prefere dias ensolarados a dias nublados.

Linguagem coloquial: Jorge prefere dias ensolarados do que dias nublados.   

E as expressões “preferir mais” ou “preferir muito”?

O uso de advérbios de intensidade nas construções com o verbo preferir é considerada errada do ponto de vista gramatical. Isso se dá em razão do sentido redundante que se constrói, uma vez que a ideia de preferir já implica escolher algo dentre uma pluralidade de opções, o que, por sua vez, exprime a noção de intensidade. Por essa razão, evite usar esse tipo de expressão para não cometer pleonasmos. Veja os exemplos:


Prefiro ir à praia a ir caminhar na montanha. 


Prefiro muito mais ir à praia a ir caminhar na montanha. 

Flávia Rita - haja vista ou haja visto

 Não é incomum escrever um texto e, no momento da concordância, ficar com aquela dúvida: a expressão “haja vista” deve concordar com o termo que a segue? Vamos entender como empregar essa expressão corretamente para que você não perca mais pontos em suas provas.


“Haja vista” ou “haja visto”? Qual a forma correta?

A expressão “haja vista” é composta pelo verbo “ver” no particípio. Essa forma nominal, em razão de, algumas vezes, exercer a função de um nome, poderá variar em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Nesse caso, a concordância se dará com o nome ao qual se relaciona.


Dito isso, é de se imaginar que, estando o verbo no particípio, ele deveria variar de modo a concordar com o nome ao qual se liga, certo? Infelizmente, não. Aqui temos um caso específico que excepciona a concordância dessa locução conjuntiva.



Segundo a gramática normativa da Língua Portuguesa, a construção “haja vista” é invariável. Isso significa que ela não será flexionada em gênero ou número pelos elementos a que se vincula.


Trata-se de uma regra interessante, pois locuções verbais com verbo no particípio (ex.: tenho pensado, foi feito, está dito), normalmente, apresentam a forma nominal fixa no gênero masculino. Na expressão em comento, contudo, tem-se a fixação normativa do particípio na forma feminina singular. Portanto, o emprego do verbo “haver” flexionado em número ou do verbo “ver” flexionado em gênero ou número estará errada. Haja visto é tempo composto do verbo ver.


Veja os seguintes exemplos:


Nenhum problema seria resolvido, hajam vistas as prioridades do governo. (ERRADO)

Nenhum problema seria resolvido, haja vista as prioridades do governo. (CORRETO)

Não conseguirei ir jantar com Carlos, hajam visto o trabalho que ainda tenho por terminar. (ERRADO)

Não conseguirei ir jantar com Carlos, haja vista o trabalho que ainda tenho por terminar. (CORRETO)

Classe gramatical da expressão “Haja Vista”

Tendo esclarecido a correta ortografia da expressão, cabe entender como utilizá-la nos textos. Em termos de classificação morfológica, “haja vista” é considerada uma locução conjuntiva subordinativa causal. Isso significa que ela estabelecerá uma relação de causa entre as orações. Por esse motivo, apresentará valor equivalente a outras locuções conjuntivas causais, como “devido a”, “por conta de”, “por causa de”. Da mesma maneira, terá um sentido equivalente a, entre outros, “porquanto, “visto que” e “uma vez que”.

Haja vistos e haja vistas são igual a Papai Noel: não existem.

Flávia Rita - senão ou se não

 É muito comum escrever um texto e, bem na hora que a ideia está embalando, ver-se empacado com a grafia de uma dada palavra. Talvez a mais frequente dessas dúvidas se dê com as expressões se não e senão. Afinal, elas são escritas juntas ou separadas? Vamos entender aqui como e quando utilizar cada uma delas.


Senão ou se não

As expressões senão ou se não, escritas, respectivamente, junta ou separada, são distintas e se diferenciam tanto na grafia quanto no sentido. Observe as seguintes frases:


O estudante não faz mais nada, senão estudar.

Se não for fazer se esforçar, é melhor nem começar.

Márcio não para trabalhar. Não volta para casa senão para dormir.

Se não consertarem os equipamentos, os hospitais não poderão voltar a trabalhar.

Reunir todos os amigos, após 20 anos, parecia uma tarefa bastante difícil, se não impossível.

Pergunto sempre a Maria se não voltaria mais.

Note que, em termos gerais, há pelos menos duas ideias diferentes nos enunciados acima. Vamos analisar para entender melhor.



Senão grafado junto

A expressão “senão”, quando grafada junto, será empregada em quatro situações distintas:


Com sentido de “a não ser”, “exceto”, “mais do que”;

Com ideia de “mas”, “mas sim”, “mas também”;

Exprimindo a noção de “caso contrário” ou “do contrário”; e

Com significado de “de repente” ou “subitamente”.

Ademais, o professor Domingos Paschoal Cegalla destaca ainda um quinto caso. Segundo ele, é possível também que a palavra “senão” apareça com sentido de “defeito” ou de “erro”. Não ficou claro? Veja o seguinte exemplo:


O professor notava todos os senões nas provas.

Não havia um senão no projeto de lei do deputado.

Confira agora exemplos de cada uma das quatro situações acima.

Senão com sentido de “a não ser”, “exceto” e “mais do que”

Ninguém senão o juiz e os advogados assistiram aos depoimentos do réu.

Seu trabalhou foi tão bom que, dos avaliadores, não recebeu senão elogios.

O soldado estava cercado. Não lhe restava outra saída senão renunciar.

Senão com sentido de “mas”, “mas sim”, “mas também”

O ator tornou-se conhecido não só em sua terra natal, senão também em todo o país.

A crise de saúde não compete aos estados, senão ao governo federal.

Gostava de ler não para aprender, senão para distrair-se.

Senão com sentido de “caso contrário” ou “do contrário”

Escondam bem os doces, senão alguém haverá de achá-los.

As professoras devem sempre vigiar os alunos, senão poderão se machucar.

Lave bem as mãos, senão poderá se infectar.

Senão com sentido de “de repente” ou “subitamente”

Eis senão que emerge da estação seu grande amor.

Se não grafado separado

Exprimindo sentidos bastante diferentes dos anteriores, a expressão “se não” pode ser grafada de também forma separada. Nesse caso, ela poderá funcionar tanto como uma conjunção condicional quanto como uma conjunção integrante.


“Se não” como conjunção condicional

Nesse uso, a locução pode ser empregada com sentido equivalente a “caso não” ou “quando não”, ambos tendo valor condicional. Veja os seguintes exemplos:


Se não consertarem as instalações, as escolas não poderão voltar a funcionar. = Caso não consertem as instalações, as escolas não poderão voltar a funcionar.

A grande maioria, se não a totalidade, dos roubos acontece em lugares ermos e mal iluminados.

Se não me perdoar, não a vou perdoar também.

A vacina é medida idônea para, se não erradicar de vez o vírus, torná-lo mais controlável.

Pensei em como passar o final de semana com você, se não para ajudar, ao menos para relaxarmos.

 “Se não” como conjunção integrante

Como você deve saber, conjunção integrante é aquela que não possui valor semântico específico. Ela é empregada, na verdade, como introdutória de uma oração subordinada substantiva. Observe como a expressão “se não” será utilizada como conjunção integrante:



Perguntei a Gustavo se não veria Maria esse final de semana.

Veja que, sintaticamente, temos, como complemento direto do verbo perguntar, uma oração subordinada substantiva iniciada pela conjunção integrante se – “se não veria Maria esse final de semana.


Ao longo da pandemia, ele só queria saber se não haveria perigo em visitar os amigos.

Senão ou se não, observação importante!


É importante você ter em mente que alguns usos da forma “senão” exigirão cuidado com algumas estruturas sintáticas específicas.


Tenha sempre em mente que a expressão “senão”, quando introduzir um complemento verbal na forma de pronome pessoal, esse será necessariamente preposicionado. Observe os seguintes exemplos:


Ela, quando pequena, não chama outra tia, senão a mim.

Maria é mais reservada e não tem outra amiga senão a ti.

A moça da rua de baixo não amava outro homem, senão a ele, José.

O motorista do ônibus não atribuiu a culpa a ninguém, senão a si mesmo.

A expressão poderá ainda ser empregada com sentido de “de repente”, “inesperadamente” ou “eis que”. Confira esse exemplo retirado da obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis:


“Vai senão quando, cai-me o vidro do relógio; entro na primeira loja que me fica à mão”. (pg. 176.)

Flávia Rita - através de ou por meio de

 Você sabe quando usar as expressões “por meio de” e “através de”? Embora alguns considerem sinônimas, trata-se de expressões com sentidos distintos e cujo emprego inadequado pode resultar em erro gramatical. Não se engane, pode parecer uma coisa boba, porém em redações de concursos, de exames vestibulares, do Enem e do exame da OAB a penalização por esse desvio pode comprometer sua aprovação! Quer saber como usar essas expressões corretamente? Então siga lendo!


“Por meio de” ou “através de”? Quando usar cada um?

Alguns especialistas consideram sinônimas essas expressões. Contudo, vale a pena respeitar a tradição! Os sentidos são diferentes e o uso de um pelo outro incorrerá em desvio morfossintático!


Vamos entender isso!



A locução prepositiva “através de” exprime sentido de movimento. Isso quer dizer que a utilizar para indicar um meio de execução é, gramaticalmente incorreto! Por exemplo:


Conseguiu sua liberdade através dos esforços do advogado.


Observe que essa frase está errada, pois não existe qualquer noção de movimento. Nesse caso, a locução tentou imprimir, na verdade, um sentido de meio, o que não atende à norma culta. Você deve perceber, então, que a locução “através de” somente deve ser usada para indicar um movimento físico, como nos seguintes casos:


A bola voou através da janela.


A árvore caiu através da rua.



Por outro lado, quando se pretender exprimir um sentido de instrumento ou de um meio de uma ação, o correto será empregar a locução “por meio de”. Veja:


Conseguiu sua liberdade por meio dos esforços do advogado.


Por meio do estudo, melhorou de vida.


Foi por meio do amor que ela se curou.


Uma dica para você que deve estar pensando: se eu não posso usar um no lugar do outro, o que eu posso usar?


Bem, isso é bem simples. Se “por meio de” exprime uma ideia de meio, você deve usar uma locução ou um termo que possua essa mesma ideia, certo? E qual seria essa palavra? Se você pensou em “mediante” ou em “por intermédio de”, você pensou corretamente! Ambas podem ser utilizadas como sinônimos de “por meio de”. Vamos ver?


Por meio de muito estudo, ela passou bem na prova. 


Mediante muito estudo, ela passou bem na prova. 


Por meio de seu amigo, João conseguiu falar com sua namorada. 


Por intermédio de seu amigo, João conseguiu falar com sua namorada. 


Note, contudo, que esses sinônimos apresentam um campo semântico levemente diferente. Isso significa que não serão cabíveis como sinônimos em todas as situações. Para isso, basta ver a ideia que se está querendo expressar e utilizar aquela palavra que melhor se enquadre.

Flávia Rita - 5 pecados do uso da vírgula

 O uso da vírgula é um elemento essencial para a compreensão de qualquer texto. Seu emprego equivocado pode acabar prejudicando não só a correção gramatical, mas, sobretudo, o sentido das frases. Para evitar que você incorra em erros, separamos aqui os cinco erros mais comuns na hora de empregar a vírgula.


Os 5 erros mais comuns no uso da vírgula

#1 Uso da vírgula para separar o sujeito do seu predicado

A vírgula não pode ser empregada para separar o sujeito do seu predicado, nem mesmo em casos de inversão ou intercalação. Por exemplo:


Existem pessoas educadas nessa cidade.  

Quem ama não trai.

Os estudantes se esforçam mais do que o esperado.

#2 Uso da vírgula em adjuntos adverbiais longos

Conforme a gramática normativa, adjuntos adverbiais longos devem ser, obrigatoriamente, separados por vírgulas, sempre que vierem deslocados de sua posição original.



Para entender melhor o uso das vírgulas nos adjuntos adverbiais deslocados, confira a seguinte tabela:


Posições Início Interno Final

Pequeno Vírgula Facultativa Vírgula Facultativa Vírgula Facultativa

Médio Vírgula Obrigatória Vírgula Facultativa Vírgula Facultativa

Grande Vírgula Obrigatória Vírgula Obrigatória Vírgula Facultativa

Vamos entender melhor com alguns exemplos:


Em alguns casos (adj. adv. médio – 5 sílabas – no início da frase à vírgula obrigatória) o uso de agrotóxicos pode ainda (adj. adv. pequeno– 5 sílabas – no início da frase à vírgula facultativa) comprometer o solo. Hoje (adj. adv. pequeno – 2 sílabas – no início da frase à vírgula facultativa) muitas pesquisas revelam que ultimamente (adj. adv. médio – 5 sílabas – no meio da frase à vírgula facultativa) a fiscalização tem dado resultado. O Brasil na visão da maioria dos especialistas (adj. adv. grande – +10 sílabas – no meio da frase à vírgula obrigatória) adota uma política adequada no que diz respeito a esse tipo de veneno (adj. adv. grande– +10 sílabas – no fim da frase à vírgula facultativa).

É por isso que no Brasil, as coisas caminham assim. (O erro da oração não se refere ao tamanho do adjunto adverbial, mas a falta de par nas vírgulas no termo deslocado).

As pessoas(,) hoje em dia(,) são livres.

As mulheres, por questões sociais seculares, são vítimas de violência.

Por diversas razões, preferia a felicidade ao dinheiro.

Observação sobre o uso de vírgulas e o tamanho do advérbio

A Academia Brasileira de Letras – ABL – considera grandes as locuções adverbiais compostas por 3 ou mais palavras, o que torna, nesses casos, obrigatório o uso da vírgula. Contudo, embora essa seja o entendimento oficial do órgão, muitas bancas não aderem a esse posicionamento. Para elas, a definição se dará a partir do número de sílabas. Por isso, em provas de concurso, é recomendável sempre usar o sinal de pontuação para aqueles de advérbios médios. Confira:


No Brasil, as pessoas são mais tranquilas. (Vírgulas obrigatórias)

#3 Uso da vírgula em orações subordinadas adverbiais deslocadas

Como você sabe, as orações subordinadas são classificadas em três grandes grupos: orações subordinadas substantivas, adjetivas e adverbiais.


Quando as orações adverbiais, ou seja, aquelas que exprimem uma circunstância, estiverem deslocadas, o uso das vírgulas será obrigatório. Por exemplo:



Pensando no que dizer, Marcos restou silente.

Olhando para ela fixamente, eu decidi ir em bora.

Ao refletir sobre o assunto, preferi não viajar.

Contudo, atenção! Se essas orações estiverem em sua posição natural, a vírgula será facultativa.


O governo investirá no setor(, – vírgula facultativa) se a demanda pelo serviço aumentar (oração subordinada adverbial condicional).

Se a demanda por tal serviço aumentar (oração anteposta), o governo investira no setor.

O governo investirá, se a demanda aumentar (oração subordinada adverbial condicional interposta), no setor.

Embora o país tenha crescido (oração subordinada adverbial concessiva anteposta), há muito a ser trabalhado.

#4 Vírgula separando o verbo de seus complementos

O complemento verbal é entendido como o objeto direto, o objeto indireto, o agente da passiva, os predicativos e os adjuntos adverbiais regidos por preposição (quando o verbo exige a preposição). Nesses casos, não pode haver o sinal de pontuação separando-os da forma verbal.


Confira os exemplos:


(Eles – sujeito desinencial) Informaram (VTDI) ao rapaz (OI) o valor de sua ação (OD).

Informaram, ao rapaz, o valor de sua ação.

(Ele – sujeito desinencial) Considerava (VTD) uma pessoa amiga (predicativo do objeto) o morador do apartamento ao lado (OD). .

#5 Uso da vírgula para separar o nome de seu complemento nominal nem de seu adjunto nominal

O adjunto adnominal corresponde à função sintática do termo que acompanha um substantivo concreto ou abstrato, possuindo natureza ativa. Ele é, normalmente, representado por artigo, pronome, numeral ou locução adjetiva, podendo vir preposicionado. Por exemplo:


As (adj. adnominal) duas (adj. adnominal) últimas (adj. adnominal) semanas de aula (adj. adnominal) (sujeito simples – núcleo: semanas) foram (VL) ótimas (predicativo do sujeito).

Já o complemento nominal é o termo que completa substantivos abstratos, adjetivos ou advérbios, sendo obrigatoriamente preposicionado. Diferentemente do adjunto adnominal, o complemento, quando acompanhar um substantivo abstrato terá natureza paciente. Veja:


A (adj. adnominal) criação (substantivo abstrato – natureza paciente à complemento nominal) do homem (sujeito) é (VL) obra (substantivo concreto) de Deus (predicativo do sujeito – adj. adnominal).

(sujeito desinencial – Ele) Agiu (VI) contrariamente ao projeto {complemento nominal} (adj. adv. de modo).

Observe que esses elementos compõem uma locução, de maneira que o uso de vírgula para separá-los implicará erro gramatical. Portanto, não use o sinal nesses casos!

Flávia Rita - transposição de voz verbal

 O domínio das vozes verbais é essencial para uma boa redação. Mais do que isso, ele será determinante na aprovação dos candidatos a concursos públicos, uma vez que se trata de uma das matérias mais queridas das Bancas organizadoras, sendo certa sua presença nas provas objetivas. Para entender esse conteúdo, os estudantes devem dominar o processo de transposição da voz verbal, uma vez que é ele que permite a mudança de uma voz pela outra. Para entender como funciona e quais suas particularidades, continue lendo o texto!


O que é transposição da voz verbal?

O processo de alteração das vozes verbais, com a mudança das relações de sentido entre o sujeito, o verbo e o objeto direto, é denominado transposição de vozes. Nele, serão mantidos o tempo e o modo verbais da oração original.


Veja o seguinte exemplo:



VOZ ATIVA: Os pais (sujeito) resolveram (VTD) todos os problemas do filho (OD) durante a reunião (adj. adv. de tempo).


Veja agora como essa mesma frase, a partir da transposição da voz verbal, será em cada uma das espécies de passiva:

VOZ PASSIVA ANALÍTICA VOZ PASSIVA SINTÉTICA

Todos os problemas do filho (sujeito paciente) foram resolvidos (locução de passiva) pelos pais (agente da passiva) durante a reunião (adj. adv. de tempo).

Todos os problemas do filho (sujeito paciente) resolveram-se (locução de passiva) pelos pais (agente da passiva) durante a reunião (adj. adv. de tempo)

Observe que, na passagem da voz ativa para a voz passiva analítica, o sujeito torna-se agente da passiva, ao mesmo tempo em que o objeto direto (OD) do verbo passará à função de sujeito paciente. Observe o exemplo:


As pendências (sujeito paciente) foram (acréscimo de auxiliar de passiva) resolvidas pelo governo (agente da passiva) na ocasião.

O governo (sujeito) resolveu (VTD) as pendências (agente da passiva) na ocasião.

A passagem da voz passiva para a ativa, por sua vez, seguirá o mesmo caminho, porém em sentido contrário, ou seja, o sujeito paciente tornar-se-á o objeto direto do verbo e o agente da passiva passará novamente à função de sujeito do verbo.


 Na voz passiva sintética, o processo é semelhante ao acima tratado, com a particularidade das formas verbais apassivadas. Nesse caso, diferentemente da espécie analítica, não haverá verbo auxiliar, mas sim um pronome. Na transposição, o verbo principal acompanhará o sujeito em tempo e modo, sendo acrescido do pronome apassivador “se”. A partir disso, o objeto direto passará à função de sujeito paciente e o sujeito da voz ativa, à função de agente da passiva.


Dicas sobre transposição da voz verbal

A transposição de vozes verbais costumam apresentar algumas particularidades que exigem atenção. Por exemplo, somente será possível realizá-la com verbos que apresentem sujeito e objeto direto. Isso significa que verbos impessoais não construíram a voz passiva, uma vez que formam oração sem sujeito.



Além disso, deve-se ter em mente que a transposição se faz na relação entre sujeito, verbo e objeto, sendo imprescindível a mudança de sentido desses elementos. Portanto, não se chama de transposição a passagem da voz passiva analítica para a voz passiva sintética, uma vez que são consideradas formas equivalentes.


Outro aspecto que deve se ter em mente se refere ao objeto direto. Ele é, no caso, um elemento essencial da construção apassivada, uma vez que será o sujeito paciente da oração.


Em razão das mudanças sintáticas dos elementos originais, poderão ocorrer ajustes na concordância devido ao novo sujeito.


Tenha em mente também que, caso o agente da passiva não esteja expresso na frase, o sujeito será indeterminado. Para isso, será empregada a 3ª pessoa do plural. Por exemplo:


O rapaz foi observado (VPA)./Observaram o rapaz (VA).

sexta-feira, 3 de junho de 2022

153 adivinhas

 1. O que é, o que é? Feito para andar e não anda.



2. O que é, o que é? Dá muitas voltas e não sai do lugar.



3. O que é, o que é? Tem cabeça e tem dente, não é bicho e nem é gente.



4. O que é, o que é? Não se come, mas é bom para se comer.



5. O que é, o que é? Uma impressora disse para a outra.



6. O que é, o que é? Quanto mais rugas têm mais novo é.



7. O que é, o que é? O 4 disse para o 40.



8. O que é, o que é? Nunca volta, embora nunca tenha ido.



9. O que é, o que é? Anda com os pés na cabeça.



10. O que é, o que é? A esfera disse para o cubo.



11. O que é, o que é? Quanto mais se tira mais se aumenta.



12. O que é, o que é? Fica cheio durante o dia e vazio durante a noite.



13. O que é, o que é? Quanto mais cresce, mais baixo fica.



14. O que é, o que é? Vários pontinhos amarelos na parede.



15. O que é, o que é? Mesmo atravessando o rio não se molha.



16. O que é, o que é? Há no meio do coração.



17. O que é, o que é? Se alimenta de léguas.



18. O que é, o que é? Tem no meio do ovo.



19. O que é, o que é? Está sempre no meio da rua e de pernas para o ar.



20. O que é, o que é? O zero disse para o oito.



21. O que é, o que é? Todo mês tem, menos abril.



22. O que é, o que é? Fica no início da rua, no fim do mar e no meio da cara.



23. O que é, o que é? O cavalo foi fazer no orelhão.



24. O que é, o que é? Tem cauda, mas não é cão; não tem asas, mas sabe voar. Se a largam, não sobe, e sai ao vento a brincar.



25. O que é, o que é? Pode passar diante do sol sem fazer sombra.



26. O que é, o que é? O nadador faz para bater o recorde.



27. O que é, o que é? O tomate foi fazer no banco.



28. O que é, o que é? Tem 5 dedos, mas não tem unha.



29. O que é, o que é? Anda com a barriga para trás.



30. O que é, o que é? Um tigre que se parece com um velho.



31. O que é, o que é? Tem mais de dez cabeças e não sabe pensar.



32. O que é, o que é? Enche uma casa, mas não enche uma mão.




33. O que é, o que é? Nasce a socos e morre a facadas.



34. O que é, o que é? O animal que não vale mais nada.



35. O que é, o que é? Tem pescoço e não tem cabeça, tem braços e não tem mãos, tem corpo e não tem pernas.



36. O que é, o que é? Quanto maior menos se vê.



37. O que é, o que é? Faz virar a cabeça de um homem.



38. O que é, o que é? O bicho que anda com as patas.



39. O que é, o que é? Entra na água e não se molha.



40. O que é, o que é? Tem pomar e no seu paletó.



41. O que é, o que é? Não tem pé e corre, tem leito e não dorme, quando para morre.



42. O que é, o que é? Mantém sempre o mesmo tamanho, não importa o peso.



43. O que é, o que é? Nasce no Rio, vive no Rio e morre no Rio, mas não está sempre molhado.



44. O que é, o que é? Num instante se quebra quando se diz o nome dele.



45. O que é, o que é? Cai de pé e corre deitado.



46. O que é, o que é? Subindo o sol vai se encurtando, descendo o sol vai se alongando.



47. O que é, o que é? Põe-se na mesa, parte-se, reparte-se, mas não se come.



48. O que é, o que é? Quando a gente fica em pé, ele fica deitado, e quando a gente deita, ele fica em pé.



49. O que é, o que é? Tem coroa, mas não é rei; tem espinho, mas não é peixe.



50. O que é, o que é? Uma casinha sem porta e sem janela.



51. O que é, o que é? De dia tem quatro pés e de noite tem seis.



52. O que é, o que é? Anda deitado e dorme em pé.



53. O que é, o que é? Um fósforo disse a uma vela de aniversário.



54. O que é, o que é? O gafanhoto traz na frente e a pulga traz atrás.



55. O que é, o que é? Fica cheio de boca para baixo e vazio de boca para cima.



56. O que é, o que é? Quanto mais se perde mais se tem.



57. O que é, o que é? Nunca passa e sempre está na frente.



58. O que é, o que é? Tem dentes e não come.



59. O que é, o que é? Uma lagarta disse à outra.



60. O que é, o que é? É grande antes de ser pequena.



61. O que é, o que é? A andar deixa um rasto e parado deixa três.



62. O que é, o que é? Tem oito letras e tirando metade ainda ficam oito.



63. O que é, o que é? Passa a vida na janela e mesmo dentro de casa está fora dela.



64. O que é, o que é? Tem um palmo de pescoço, tem barriga e não tem osso.



65. O que é, o que é? Quebra quando se fala.



66. O que é, o que é? O vinho que não tem álcool.



67. O que é o que é? Voa sem ter asas e chora sem ter olhos.



68. O que é, o que é? Quatro pés em cima de quatro pés esperando quatro pés chegarem. Quatro pés não vieram, quatro pés foram embora, quatro pés ficaram.



69. O que é, o que é? É surdo e mudo, mas conta tudo.



70. O que é, o que é? Sobe quando a chuva desce.



71. O que é, o que é? A diferença entre o gato e a Coca-Cola?



72. O que é, o que é? A piada do fotógrafo.



73. O que é, o que é? Pode ser de ferro, de gelo, de chocolate ou de água.



74. O que é, o que é? Um pontinho verde brilhando na cama de um hospital.



75. O que é, o que é? Corre a casa inteira e depois vai dormir num canto.



76. O que é, o que é? Tem pernas, mas não anda; tem braços, mas não abraça.



77. O que é, o que é? Morre em pé.



78. O que é, o que é? Está no final do fim, no início do meio e no meio do começo.



79. O que é, o que é? Caminha sem pés, voa sem asas e pousa onde quiser.



80. O que é, o que é? Quando se escreve com "o" costuma matar, quando se escreve com "a" costuma amarrar.



81. O que é, o que é? Céu que não possui estrelas.



82. O que é, o que é? Nasce branco, fica verde, depois fica vermelho e acaba preto.



83. O que é, o que é? Tem uma perna longa, uma curta e anda sem parar.



84. O que é, o que é? Quanto mais se tira mais se tem.



85. O que é, o que é? Aquilo que a foca mais gosta.



86. O que é, o que é? Tem chapéu, mas não tem cabeça; tem boca, mas não fala; tem asa, mas não voa.



87. O que é, o que é? Tem debaixo de um tapete no hospício.



88. O que é, o que é? O animal mais antigo do mundo.



89. O que é, o que é? É verde e não é planta, fala e não é gente.



90. O que é, o que é? Corre em volta do pasto inteiro sem se mexer.



91. O que é, o que é? O lugar mais certo do Brasil.



92. O que é, o que é? Não tem olhos, mas pisca; não tem boca, mas comanda.



93. O que é, o que é? A banana disse para o tomate.



94. O que é, o que é? A areia disse para o mar.



95. O que é, o que é? O chão falou para a mesa.



96. O que é, o que é? A zebra disse para a mosca.



97. O que é, o que é? É nome de mulher e também de homem. Ia, mas acabou não indo.



98. O que é, o que é? É meu, mas meus amigos usam mais do que eu.



99. O que é, o que é? A fechadura disse para a chave.



100. O que é, o que é? O rei da horta.



101. O que é, o que é? O pé mais rápido.



102. O que é, o que é? À direita sou um homem, facilmente acharás. Às avessas só à noite e nem sempre encontrarás.



103. O que é, o que é? Trabalha tempo dobrado, sempre de noite e de dia. Se teima em ficar parado, só com uma corda andaria.



104. O que é, o que é? De dia fica no céu e à noite fica na água.



105. O que é, o que é? Dá um pulo e se veste de noiva.



106. O que é, o que é? Uma minhoca com sono.



107. O que é, o que é? Destrói tudo com três letras.



108. O que é, o que é? Um pontinho verde no canto da sala de aula.



109. O que é, o que é? Nasce grande e morre pequeno.



110. O que é, o que é? O pato disse para o outro pato durante o jogo.



111. O que é, o que é? Na televisão, cobre um país; no futebol, atrai a bola; em casa, incentiva o lazer.



112. O que é, o que é? Detestamos na praia, mas adoramos na panela.



113. O que é, o que é? Tem asa, tem bico e fica embaixo da cama.



114. O que é, o que é? O lugar que todos podem se sentar, menos você.



115. O que é, o que é? Eles são dois vizinhos, mas um não vai à casa do outro e os dois não se veem por causa de um morrinho.



116. O que é, o que é? Pesa mais no mundo.



117. O que é, o que é? É do tamanho de uma bolota, mas enche a casa até a porta.



118. O que é, o que é? É irmã da minha tia e não é minha tia.



119. O que é, o que é? Todas as mães têm. Sem ele não tem pão. Some no inverno e aparece no verão.



120. O que é, o que é? Nós matamos quando está nos matando.



121. O que é, o que é? Tem coroa, mas não é rei; tem raiz, mas não é planta.



122. O que é, o que é? A maior injustiça do Natal.



123. O que é, o que é? Tem cintura fina e perna alongada, toca corneta e leva bofetada.



124. O que é, o que é? São três irmãos: o mais velho já se foi, o do meio está conosco e o caçula não nasceu.



125. O que é, o que é? Nesse lugar o boi consegue passar, mas o mosquito fica preso.



126. O que é, o que é? O cirurgião e o matemático têm em comum.



127. O que é, o que é? A letra que se encontra uma vez por minuto, duas vezes em um momento e nenhuma vez no ano.



128. O que é, o que é? O tijolo falou para o outro.



129. O que é, o que é? Pode ser aberto, mas nunca fechado.



130. O que é, o que é? A minhoca falou para o minhoco.



131. O que é, o que é? O porco-espinho falou para o cato.



132. O que é, o que é? Desce duro e sobe mole e pingando.



133. O que é, o que é? O paraquedas disse para o paraquedista.



134. O que é, o que é? O problema que o decorador tem quando vai ao médico.



135. O que é, o que é? Tem uma mãe sem dentes e um pai cantor.



136. O que é, o que é? Compram para comer, mas nunca comem.



137. O que é, o que é? Quanto maior é, menos se vê.



138. O que é, o que é? Não tem vida, mas pode morrer.



139. O que é, o que é? Quando parte uma partem as duas, quando chega uma chegam as duas.



140. O que é, o que é? Todo nariz tem na ponta.



141. O que é, o que é? Muitos podem ouvi-lo, mas ninguém o pode ver. Se não falarmos, ele também não falará.



142. O que é, o que é? Tem barba e não é bode, tem dente e não morde?



143. O que é, o que é? O médico que está sempre desligado.



144. O que é, o que é? Pequeno em Lisboa e grande no Brasil.



145. O que é, o que é? A semelhança de uma casa e o samba.



146. O que é, o que é? Quando mais branco mais sujo fico.



147. O que é, o que é? Está em tudo e nada tem.



148. O que é, o que é? Quando mais quente está, mais fresco é.



149. O que é, o que é? O livro de Matemática disse para o livro de História.



150. O que é, o que é? Ele morre queimado, ela morre cantando.



151. O que é, o que é? A diferença entre o padre e o bule.



152. O que é, o que é? São 7 irmãos, dos quais 5 têm sobrenome e 2 não.



153. O que é, o que é? Cai, mas não se machuca.

5 canções de ninar

 1. Nana neném


Nana neném

Que a cuca vem pegar

Papai foi na roça

Mamãe foi trabalhar


Veja também: Lenda da Cuca

2. Boi da Cara-Preta



Boi, boi, boi

Boi da cara preta

Pega esse menino que tem medo de careta


Veja também: Músicas Folclóricas

3. Bicho-papão


Bicho papão sai de cima do telhado

Deixa esse menino dormir sossegado


Veja também: Bicho-papão

4. Tutu Marambá


Tutu Marambá não venhas mais cá

Que o pai do menino te manda matar (repete)


Veja também: Brincadeiras Folclóricas

5. Dorme Menina


Dorme menina

Que eu tenho o que fazer

Lavar e engomar

A roupinha pra você


Desce Tutu

De cima do telhado

Vem ver se essa menina

Dorme um sono sossegado

Parlendas do folclore brasileiro

 1. "Corre cutia, na casa da tia.

Corre cipó, na casa da avó.

Lencinho na mão, caiu no chão.

Moça bonita, do meu coração...

Um, dois, três!"


2. "Dedo mindinho,

Seu vizinho,

Pai de todos,

Fura bolo,

Mata piolho."


3. "Batatinha quando nasce

se esparrama pelo chão.

Menininha quando dorme

põe a mão no coração."


4. "Chuva e sol, casamento

de espanhol.

Sol e chuva, casamento

de viúva."


5. "Meio dia,

Panela no fogo,

Barriga vazia.

Macaco torrado,

Que vem da Bahia,

Fazendo careta,

Pra dona Sofia."


6. "Uni, duni, tê,

Salamê, mingüê,

Um sorvete colorê,

O escolhido foi você!"


7. "Quem cochicha,

O rabo espicha,

Come pão

Com lagartixa"



8. "Enganei um bobo

Na casca do ovo!"


9. "Um, dois, feijão com arroz,

Três, quatro, feijão no prato,

"Cinco, seis, falar inglês,

Sete, oito, comer biscoito,

Nove, dez, comer pastéis."


10. "Hoje é domingo, pede cachimbo.

O cachimbo é de ouro, bate no touro.

O touro é valente, bate na gente.

A gente é fraco, cai no buraco.

O buraco é fundo, acabou-se o mundo."


11. "Tá com frio?

Toma banho no rio.

Tá com calor?

Toma banho de regador."


12. "O macaco foi à feira

não teve o que comprar.

Comprou uma cadeira

pra comadre se sentar.

A cadeira esborrachou

coitada da comadre.

Foi parar no corredor."


13. "Pedrinha rolou,

Pisquei pro mocinho,

Mocinho gostou.

Contei pra mamãe,

Mamãe nem ligou.

Contei pro papai,

Chinelo cantou."


14. "Eu sou pequena

Da perna grossa.

Vestido curto,

Papai não gosta."


15. "Rei, capitão,

soldado, ladrão.

moça bonita

Do meu coração."



16. “Papagaio louro

Do bico dourado

Leva essa cartinha

Pro meu namorado

Se tiver dormindo

Bate na porta

Se tiver acordado

Deixe o recado.”


17. “A casinha da vovó

trançadinha de cipó;

se o café está demorando

com certeza falta pó.”


18. “Lá em cima do piano

tem um copo de veneno.

quem bebeu, morreu,

o azar foi seu.”


19. “Cadê o toucinho que estava aqui?

O gato comeu.

Cadê o gato?

Foi pro mato.

Cadê o mato?

O fogo queimou.

Cadê o fogo?

A água apagou.

Cadê a água?

O boi bebeu.

Cadê o boi?

Foi carregar trigo.

Cadê o trigo?

A galinha espalhou.

Cadê a galinha?

Foi botar ovo.

Cadê o ovo?

O frade comeu.

Cadê o frade?

Tá no convento.”



20. “O Papagaio come milho.

periquito leva a fama.

Cantam uns e choram outros

Triste sina de quem ama.”


21. “João corta o pão,

Maria mexe o angu,

Teresa põe a mesa,

para a festa do Tatu.”


22. “Uma pulga na balança

deu um pulo e foi à França,

Os cavalos a correr,

Os meninos a brincar,

Vamos ver quem vai pegar.”


23. "Era uma bruxa

À meia-noite

Em um castelo mal-assombrado

com uma faca na mão

Passando manteiga no pão."


24. "Subi na roseira,

quebrou um galho

segura Fulano de Tal

senão eu caio."


25. "Galinha choca,

comeu minhoca,

saiu pulando,

que nem pipoca."