Não é incomum escrever um texto e, no momento da concordância, ficar com aquela dúvida: a expressão “haja vista” deve concordar com o termo que a segue? Vamos entender como empregar essa expressão corretamente para que você não perca mais pontos em suas provas.
“Haja vista” ou “haja visto”? Qual a forma correta?
A expressão “haja vista” é composta pelo verbo “ver” no particípio. Essa forma nominal, em razão de, algumas vezes, exercer a função de um nome, poderá variar em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Nesse caso, a concordância se dará com o nome ao qual se relaciona.
Dito isso, é de se imaginar que, estando o verbo no particípio, ele deveria variar de modo a concordar com o nome ao qual se liga, certo? Infelizmente, não. Aqui temos um caso específico que excepciona a concordância dessa locução conjuntiva.
Segundo a gramática normativa da Língua Portuguesa, a construção “haja vista” é invariável. Isso significa que ela não será flexionada em gênero ou número pelos elementos a que se vincula.
Trata-se de uma regra interessante, pois locuções verbais com verbo no particípio (ex.: tenho pensado, foi feito, está dito), normalmente, apresentam a forma nominal fixa no gênero masculino. Na expressão em comento, contudo, tem-se a fixação normativa do particípio na forma feminina singular. Portanto, o emprego do verbo “haver” flexionado em número ou do verbo “ver” flexionado em gênero ou número estará errada. Haja visto é tempo composto do verbo ver.
Veja os seguintes exemplos:
Nenhum problema seria resolvido, hajam vistas as prioridades do governo. (ERRADO)
Nenhum problema seria resolvido, haja vista as prioridades do governo. (CORRETO)
Não conseguirei ir jantar com Carlos, hajam visto o trabalho que ainda tenho por terminar. (ERRADO)
Não conseguirei ir jantar com Carlos, haja vista o trabalho que ainda tenho por terminar. (CORRETO)
Classe gramatical da expressão “Haja Vista”
Tendo esclarecido a correta ortografia da expressão, cabe entender como utilizá-la nos textos. Em termos de classificação morfológica, “haja vista” é considerada uma locução conjuntiva subordinativa causal. Isso significa que ela estabelecerá uma relação de causa entre as orações. Por esse motivo, apresentará valor equivalente a outras locuções conjuntivas causais, como “devido a”, “por conta de”, “por causa de”. Da mesma maneira, terá um sentido equivalente a, entre outros, “porquanto, “visto que” e “uma vez que”.
Haja vistos e haja vistas são igual a Papai Noel: não existem.
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