quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

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 Hospitais Públicos da cidade João Pessoa


·         Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena 


Rua Orestes Lisboa, S/N - Bairro: Pedro Gondim - João Pessoa - PB - CEP: 58000-001

(83) 3216-5700


·         Hospital Edson Ramalho 


Rua Eugênio Lucena Neiva, s/n - Bairro: Treze de Maio - João Pessoa - PB - CEP: 58025-900 

(83) 3218-7994


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Praça Caldas Brandão, s/n - Bairro: Tambiá - João Pessoa - PB - CEP: 58020-560 

(83) 3214-1801


·         Hospital Napoleão Laureano 


Avenida Capitão José Pessoa, 1140 - Bairro: Jaguaribe - João Pessoa - PB - CEP: 58015-170 

(83) 3015-6200


·         Hospital São Vicente de Paulo 


Avenida João Machado, 1234 - Bairro: Centro - João Pessoa - PB - CEP: 58013-522 

(83) 3241-1166


·         HULW Hospital Universitário 


Rua Tabelião Stanislau Eloy, 585 - Bairro: Castelo Branco - João Pessoa - PB - CEP: 58051-900 

(83) 3244-1206


·         Maternidade Frei Damião 


Avenida Cruz das Armas, 1581 - Bairro: Cruz das Armas - João Pessoa - PB - CEP: 58058-000 

(83) 3215-6066


·         Hospital Ortotrauma de Mangabeira Trauminha

Rua Agente Fiscal José Costa Duarte, s/n. Mangabeira - João Pessoa - PB

CEP: 58056-384

(83) 3214-1980



Hospitais Particulares da cidade João Pessoa


·         Hospital Samaritano 


Avenida Santa Júlia, 35 - Bairro: Torre - João Pessoa - PB - CEP: 58040-918 

(83) 3048-2100


·         Hospital Universitário Nova Esperança


Avenida Capitão José Pessoa, 919 - Bairro: Jaguaribe - João Pessoa - PB - CEP: 58015-345

(83) 3241-2554


·         Hospital São Vicente de Paulo 


Avenida João Machado, 1234 - Bairro: Centro - João Pessoa - PB - CEP: 58013-522 

(83) 3241-1166


·         Hospital Unimed João Pessoa 


Avenida Ministro José Américo de Almeida (Beira Rio), 1450 - Bairro: Torre - João Pessoa - PB - 

CEP: 58040-914 

(83) 2106-0216


·         Hospital Memorial São Francisco

Av Rui Barbosa, 202. Torre - João Pessoa - PB

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Tel: (83) 4009-6100

·         Policlínica São Lucas 


Avenida João da Mata, 520 - Bairro: Jaguaribe - João Pessoa - PB - CEP: 58015-020 

(83) 3241-3180



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Terminal Rodoviário Severino Camelo - (83) 3221-9611

Estação Ferroviária - (83) 2241-4240

Radio Táxi Parahyba - (83) 3244-0004

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TAXI BANCARIOS - (83) 3235-3460

Ambulância SAMU - 192

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sábado, 1 de janeiro de 2022

Uso do infinitivo impessoal - Aline Gasperi

 O QUE É ISSO DE INFINITIVO PESSOAL E IMPESSOAL?

Em poucas palavras: o infinitivo impessoal é simplesmente o verbo que não flexiona, o verbo em seu estado puro, sem variação (exemplos: viajar, deitar, correr, ouvir, pôr).


Já o infinitivo pessoal é o contrário, são os verbos que flexionam, como o próprio nome sugere, de acordo com a pessoa do sujeito, se está no plural ou singular e, também, de acordo com o tempo (exemplos: viajei, deitou, correrão, ouviram). Escrevi um guia para falar especificamente do infinitivo pessoal, consulte-o clicando aqui.


Resumidamente, o infinitivo impessoal é o verbo que não se refere a nenhum sujeito enquanto o infinitivo pessoal é o verbo que se refere a um sujeito. Veja estes três exemplos (que estão todos corretos, apenas foram enunciados de acordo com o efeito de sentido):


“Me refiro ao ritual das pessoas fecharem os olhos para orar“: o verbo “fecharem” é um infinitivo pessoal, porque flexionou de acordo com o a pessoa do sujeito (elas: as pessoas).

“Me refiro ao ritual de fechar os olhos para orar“: o verbo “fechar” é infinitivo impessoal, ele não flexionou porque não está se referindo a um sujeito específico, mas dando ênfase ao ato, ao verbo em si.

“Me refiro ao ritual de fecharem os olhos para orar“: o verbo “fecharem”, apesar de, aparentemente, não estar se referindo a um sujeito explícito, possui um sujeito oculto (eles), e está sendo usado dessa forma para indeterminar o sujeito, ou seja, esse sujeito não é um grupo específico, mas um sujeito genérico.


Mas é importante esclarecer que o que marca o infinitivo impessoal não é simplesmente o verbo terminar com os sufixos “ar”, “er” ou “ir”, mas a impossibilidade de flexioná-lo. Por exemplo:


“Eu fiz silêncio para ele fechar os olhos e orar“: nesse caso, o verbo “fechar”, apesar de estar no infinitivo não flexionado, é pessoal, pois concordou com o sujeito que está no singular (ele) e com o modo verbal (infinitivo). Se o sujeito estivesse no plural, ele teria concordado também: “Eu fiz silêncio para eles fecharem os olhos e orarem”.


Os equívocos mais comuns envolvendo o infinitivo impessoal acontecem, curiosamente, pelo impulso de querer aplicar certas regras a todas as ocasiões. Logo, se vemos um sujeito no plural, por exemplo, a intuição é que o verbo que diz respeito a ele precisa concordar no plural também. Mas há casos específicos em que a intuição pode enganar.


QUAIS AS OCASIÕES EM QUE O INFINITIVO NÃO DEVE SER FLEXIONADO?

O infinitivo é impessoal por natureza, ou seja, naturalmente ele não concorda com nenhum sujeito, portanto, não flexiona. Mas existem alguns casos em que ele é pessoal. Sendo assim, as regras a seguir somente esclarecem determinadas dúvidas, se quiser saber quais são as exceções, consulte o Guia do Infinitivo Pessoal clicando aqui.


Como essas ocasiões podem ser aplicadas a uma infinidade de casos, vamos aprender as regras para não fazer vexame? Antes de tudo, vale lembrar que, para muitos gramáticos, o que deve determinar no uso ou não do infinitivo impessoal é sua eufonia, ou seja, se a sonoridade é agradável.


Em outras palavras, siga o seu coração! Mas, calma, há limites para tudo nessa vida! Então pegue um suco e um pão de queijo lá na cozinha e volte aqui para entender 12 desses limites:


1. Use o infinitivo impessoal quando ele fizer parte de uma locução verbal:

Uma locução verbal é, basicamente, uma frase que contém dois verbos interdependentes: um é o verbo principal, também chamado de verbo finito, e o outro é o auxiliar, também chamado de verbo infinito, e os dois têm função morfológica de um único verbo.


Na locução verbal, o verbo auxiliar flexiona de acordo com pessoa e tempo, já o principal permanece no infinitivo impessoal. Exemplos:


“Eles pretendem [verbo auxiliar] colaborar [verbo principal] com o que precisarmos”.

“Minhas irmãs vão [verbo auxiliar] retornar [verbo principal] assim que possível”.

“Seus artigos precisavam [verbo auxiliar], ainda que com atraso, seguir [verbo principal] às regras da Instituição”.


Observe que nem sempre os dois verbos estarão, necessariamente, na sequência imediata um do outro, como nestes outros exemplos:


“Eles devem, sem exceção, reportar qualquer alteração no contrato”.

“Pode ser que nós precisemos, rapidamente, ir ao escritório após a reunião”.


Nesses dois casos acima, os verbos foram separados por apostos, mas há outras ocasiões em que eles são separados por outros elementos, como as preposições “de” ou “a”, por exemplo. Observe:


“Meus pais acabaram de chegar da Holanda”.

“Ele me convenceu a terminar o namoro”.


Da mesma forma, nem sempre o fato de haver dois verbos juntos significa que se trata de uma locução verbal. Como na frase a seguir:


“O político viu caírem todos os seus argumentos diante daquelas imagens”.


Nesse caso, os dois verbos não estão cumprindo a função de um único verbo. Esse exemplo tem relação com a próxima regra.


2. Use o infinitivo impessoal quando os verbos da oração tiverem o mesmo sujeito.

Nos casos em que os dois verbos de uma mesma oração dizem respeito a um mesmo sujeito, a regra é sempre aplicar o infinitivo impessoal no verbo com função de principal. Como nos exemplos abaixo:


“Os atletas precisam, frequentemente, repor suas energias”.

“As minhas manhãs de domingo costumam ser invejáveis”.


Chega a ser intuitivo, porque soaria estranho dizer “precisam reporem” ou “costumam serem”.


Já na frase “A professora ensinou os alunos a estudar“, é comum confundirem o objeto indireto “os alunos” com um novo sujeito, portanto muitos tendem a flexionar o infinitivo, ficando “ensinou os alunos a estudarem“. 


No entanto, como foi falado a princípio, o infinitivo é impessoal por natureza, então não deveria flexionar nesse caso. Só é permitido flexioná-lo quando a frase apresenta ambiguidade. Nesse caso, a flexão do verbo ajuda a interpretar melhor a quem o verbo se refere.


Ainda assim, há autores que afirmam ser opcional, ou seja, no exemplo citado, não estaria errado usar o verbo “estudarem” no infinitivo pessoal. Mas prefira usar o impessoal caso não haja ambiguidade, pois há menos chances de errar.


Veja este exemplo em que pode haver ambiguidade:


“O cliente foi persuadido pelos colegas para trazer mais testemunhas”.


Como saber se o verbo “trazer”, nesse caso, está ligado ao sujeito na terceira pessoa do plural (os colegas), e foi apenas empregado no formato impessoal ou trata-se de um verbo pessoal flexionado de acordo com a terceira pessoa do singular (o cliente)?


A dúvida é: quem vai trazer mais testemunhas? O cliente? Os colegas? A frase é ambígua,  portanto o ato de querer trazer mais testemunhas pode ser uma ação tanto do cliente como dos colegas.


Dada a possibilidade de ambiguidade, dependendo do sentido que se quer produzir, flexionar o verbo é essencial para a melhor interpretação do leitor. Se o cliente quer que os colegas tragam mais testemunhas, o melhor é flexionar:


“O cliente foi persuadido pelos colegas para trazerem mais testemunhas”.


3. Use o infinitivo impessoal quando o verbo vier precedido das preposições “sem”, “de”, “a”, “para” ou “em”

Este é mais um caso de versatilidade da língua. Aqui, independentemente de dois verbos de uma mesma oração pertencerem a sujeitos diferentes ou caso esteja difícil identificar quando se trata de um objeto do verbo ou outro sujeito, se o verbo vier acompanhado da preposição “sem”, “de”, “para”, “a” ou “em”, mesmo que o sujeito esteja no plural, é preferível usar o infinitivo impessoal.


Por vezes, quando o verbo está precedido dessas preposições mencionadas, a flexão pode soar esquisita, então é preferível usar o infinitivo impessoal, mas não obrigatório. Alguns exemplos:


“Me refiro ao ritual de eles fecharem os olhos para orar“.

A frase também estaria correta se o verbo “orar” estivesse concordando com “eles”, no plural, mas, de acordo com essa regra, a flexão é facultativa.


“Elas se privaram de fazer o que mais queriam”.

A frase também estaria correta se o verbo “fazer” concordasse com “elas”, mas o uso do infinitivo impessoal é preferível nesse caso.


O mesmo vale para esses outros exemplos:


“Eu os convido a comerem conosco”.

“Os magnatas falharam em duvidarem da força do povo”.

“O seu colega incentivou nossos amigos a usarem drogas”.

“A mãe dele convenceu os policiais de deixarem ele ir”.


De acordo com a gramática normativa, portanto, também estaria correto, nesses casos, escrever da seguinte maneira:


“Eu os convido a comer conosco”.

“Os magnatas falharam em duvidar da força do povo”.

“O seu colega incentivou nossos amigos a usar drogas”.

“A mãe dele convenceu os policiais de deixar ele ir”.


Vale lembrar, sempre, que o critério da sonoridade tem bastante peso nessas opções facultativas.


Por exemplo, soaria estranho dizer “vocês devem permanecer sem julgarem qualquer pessoa”, devido à cacofonia da junção da preposição “sem” com a palavra “julgarem”, que têm final idênticos. Melhor seria usar o infinitivo impessoal: “Vocês devem permanecer sem julgar qualquer pessoa”.


4. Use o infinitivo impessoal todas as vezes que o sujeito do verbo for um pronome oblíquo.

Se, me, te, nos, vos, o, a, os, as: todas as vezes que tais conectores estiverem cumprindo a função de pronome oblíquo, o infinitivo impessoal é obrigatório. Exemplos:


“Eles não têm moral para te julgar assim”.

“As modelos precisam se sujeitar a seguir o acordo com as empresas”.


Nesse último exemplo, vemos que há dois verbos no infinitivo impessoal (sujeitar e seguir), isso porque, na frase, há duas ocasiões em que ele necessita ser empregado: a primeira é na locução verbal “precisam seguir“, cujo sujeito é o mesmo: as modelos; a segunda é em razão do pronome oblíquo “se”, em “se sujeitar“.


Esse também é um bom exemplo de como nem sempre os dois verbos da locução estão na sequência e de como não necessariamente é o aposto que os separa.


5. Use o infinitivo impessoal quando o verbo for complemento de substantivo ou adjetivo.

Se o verbo estiver dando sentido a um substantivo ou adjetivo, de maneira que a frase fique incompleta sem ele, é porque ele está cumprindo a função de complemento, e aí o emprego do infinitivo impessoal é indispensável. Veja alguns exemplos:


COMPLEMENTO DE SUBSTANTIVO:

“Vocês não têm o direito de impedir as propostas”.

“Elas não têm essa mania de interromper“.

“Nós conseguimos uma chance de entrevistar a autora”.


COMPLEMENTO DE ADJETIVO:

“São questões complexas de discutir“.

“O livro contém palavras agradáveis de ler“.

“Os depoimentos daquele garoto estão difíceis de digerir“.


6. Use o infinitivo impessoal quando ele substituir um gerúndio, com preposição “a”.

O gerúndio é a ação que ainda está acontecendo, que ainda não foi encerrada. Resumidamente falando, estão no modo gerúndio os verbos flexionados que terminam com as letras “ndo”: rezando, comendo, cuspindo, entre outros.


Ao transformar a frase em uma forma em que o verbo está regido pela preposição “a”, este não flexiona, ainda que o sujeito esteja no plural. Por exemplo:


“Tem certeza de que vocês continuarão a provocar?” ao invés de “tem certeza de que vocês continuarão provocando?”.

“Continue a nadar” ao invés de “continue nadando”.

“Continuamos a lutar pelos nossos direitos” ao invés de “continuamos lutando pelos nossos direitos”.


Apesar de, no Brasil, termos uma preferência notável pelo gerúndio, o uso do verbo  no infinitivo impessoal regido pela preposição “a” é uma construção linguística bastante comum no Português de Portugal, por exemplo.


7. Use o infinitivo impessoal quando ele estiver ligado a um verbo transitivo indireto

Já falamos dessa questão na regra 2, mas vale complementá-la aqui. O verbo transitivo é simplesmente o verbo que precisa de complemento para estabelecer sentido em uma oração. 


Nem todos os verbos são obrigados a ter um complemento. É o caso dos verbos “chover” ou “dormir”, por exemplo, que podem ter, mas não precisam de um:


“Ontem choveu”.

“Ela dormiu”.


Já verbos como “consistir” ou “pertencer”, por exemplo, necessitam de complemento. Não é possível apenas “consistir”, mas é necessário consistir em algo; não dá para dizer apenas “eu pertenço”, tem que pertencer a algum lugar ou alguém.


Outro nome dado a esse complemento que é regido por preposição é objeto indireto. 


O verbo transitivo indireto é classificado assim quando seu complemento vem acompanhado de uma preposição. Esse complemento vai responder a algumas questões como “do quê?”, “de quem?”, “a quem?”, “de onde?”, “para onde?”, “para quê?”, “para quem?”, “pelo quê?”, “de que maneira?”, entre outras. Veja os exemplos a seguir:


“A diretora ensinou os atores a não precisar de script“.

“Seus documentos têm que passar por uma triagem”.

“Todos os argumentos estão livres de consistir em mentiras”.


Essas três frases têm em comum que o verbo em destaque necessita de um complemento para que a frase faça sentido, pois sem o complemento, ela aparentaria estar incompleta, faltando informação, a não ser que o próprio contexto em que a frase se encontra dá sentido para ela, como no caso de uma resposta a uma pergunta, por exemplo.


Nessas ocasiões, portanto, sempre que houver preposição no complemento do verbo transitivo, é preferível que o verbo não flexione, mas vale ressaltar que, em caso de ambiguidade, a flexão é permitida.


Vale lembrar que alguns verbos podem ser transitivos em determinada oração, mas em outras ocasiões podem não ser, como o verbo “cantar”, por exemplo. Você pode cantar algo ou pode simplesmente só cantar.


8) Quando o verbo da oração subordinada serve de objeto direto ao verbo da oração principal

Muita gente desconhece essa regra e, portanto, a julgam incorreta ou inexistente, mas é mais uma das concessões da nossa língua. Antes de tudo, vamos entender essas nomenclaturas?


Lembra que aprendemos que o verbo transitivo é aquele que precisa de um complemento para estabelecer sentido em uma oração? Pois bem, o objeto direto nada mais é do que o nome dado ao complemento de um verbo transitivo, mas ao contrário do indireto, o objeto direto não tem a regência de preposição. Observe as frases a seguir:


“Marcela comprou blusinhas”. (“blusinhas” é o objeto direto do verbo “comprou”).

“Marina ama cachorros”. (“cachorros” é objeto direto do verbo “ama”).


Já a oração subordinada é, em poucas palavras, uma frase constituída de duas orações, uma principal e uma subordinada à principal. Para entender mais profundamente sobre orações subordinadas ou coordenadas, clique aqui para consultar o manual que fiz sobre isso. Observe estes exemplos:


“Renan assumiu [oração principal] que está apaixonado” [oração subordinada].

“Marina sairá [oração principal] com suas amigas hoje” [oração subordinada].

“Sei [oração principal] somar o útil ao agradável” [oração subordinada].


Quando a oração subordinada é substantiva objetiva direta quer dizer que ela serve como objeto direto da oração principal, assumindo, assim, papel de oração substantiva, por isso a chamamos de oração subordinada substantiva objetiva direta (saúde). Vamos tentar entender a regra com os exemplos a seguir:


“O político viu caírem todos os seus argumentos diante daquelas imagens”.


Essa frase já foi mencionada na regra nº 2, quando foi explicado que nem toda junção de dois verbos consiste necessariamente em uma locução verbal. A frase está correta, pois são dois sujeitos diferentes, o que justifica a flexão.


No entanto, de acordo com essa regra, logo após o verbo “viu”, da oração principal, está o objeto direto “caírem todos os seus argumentos”. Sendo assim, você pode usar o infinitivo impessoal no verbo da oração subordinada:


“O político viu cair todos os seus argumentos diante daquelas imagens”.


Outro exemplo é a seguinte frase:


“Observei duas moças caminharem no lago”.


Se escrevermos a frase de outra maneira e aplicarmos a regra a ela, de forma que o verbo “caminharem” seja complemento do verbo “observei”, a frase fica da seguinte maneira:


“Observei caminhar duas moças no lago”.


Nesse caso, em que as duas frases estão corretas, o infinitivo impessoal também pode ser usado ainda que a frase não tenha sido modificada sintaticamente, ficando assim:


“Observei duas moças caminhar no lago”.


É claro que a enunciação soa estranha, porque estamos acostumados a flexionar o verbo de acordo com o sujeito, mas vale lembrar que se trata apenas de uma concessão da língua e que é facultativo usar o infinitivo impessoal dessa forma.


Sendo assim, na dúvida, escreva da maneira que lhe soar mais natural. Particularmente, eu tenho preferência por flexionar o verbo quando o sujeito está expresso, mas se alguma vez te acusarem de ter usado “equivocadamente” essa colocação, saiba que você possui apoio teórico para se justificar (Soares Barbosa e Silveira Bueno são alguns deles).


9)  Quando houver um pronome oblíquo átono como sujeito em uma oração subordinada objetiva direta

Essa regra é parecida com a anterior e também com a regra do pronome oblíquo, mas um pouco menos flexível e com alguns detalhes a mais. Já vimos o que é a oração subordinada objetiva direta, então resta entender o que é o pronome oblíquo átono.


O pronome oblíquo átono tem a função de suprimir a oração e deixá-la mais formal, além de evitar repetições. Ele sempre está na companhia de um verbo, seja antecedendo-o ou anexado a ele por hífen. Os pronomes oblíquos átonos se diferem por não serem precedidos de preposição:


1ª pessoa do singular: me

2ª pessoa do singular: te

3ª pessoa do singular: se, lhe, o, a, lo, la, no, na

1ª pessoa do plural: nos

2ª pessoa do plural: vos

3ª pessoa do plural: se, lhes, os, as, los, las, nos, nas


A regra, portanto, é: quando, em uma oração objetiva direta, o sujeito estiver representado por um pronome oblíquo átono no modo sintético (anexado por hífen) e ligado a um verbo causativo (que expresse relação de causa: deixar, mandar, fazer, etc.) ou um verbo sensitivo (que expresse sentidos: ver, ouvir, sentir, etc.), o verbo da oração subordinada deve estar no infinitivo impessoal. Exemplos:


“Mandei-as ir embora”.

“Ele deixou-nos escolher o presente”.

“Carol ouviu-os conversar em segredo”.


Os gramáticos são um pouco mais rígidos com essa regra, mesmo porque o pronome oblíquo ameniza a estranheza na sonoridade da frase.


10) Use o infinitivo impessoal quando o verbo expressa ordem

Essa regra é bem simples e na maioria das vezes as pessoas usam sem mesmo estar conscientes de ser uma regra, portanto é bem intuitiva. Quando se quer expressar uma ordem que deve ser cumprida imediatamente, é permitido utilizar o infinitivo impessoal. Exemplos:


“Atenção, crianças… atacar!”.

“Preparar, apontar, fogo!”.


11) Quando a intenção é indeterminar o sujeito

Já foi falado a respeito dessa regra, mas não custa reforçar. Se você quiser dar mais ênfase para a ação em uma frase do que ao sujeito, quando quiser dar um caráter mais genérico à ação ou simplesmente quando não houver sujeito específico, que é a premissa do infinitivo impessoal, ele deve ser empregado. Veja os exemplos:


“É complicado morar no Brasil sendo pobre”

“Falar de mim é fácil, difícil é ser eu”.

“Ser ou não ser, eis a questão”.


12) Quando o verbo “haver” tiver sentido de “existir” ou “ocorrer”

Esse é um dos erros mais comuns envolvendo o infinitivo. É comum porque o verbo “haver” é irregular e não segue a regra da flexão quando estiver carregando o sentido de “existir” ou “ocorrer”, pois não tem sujeito.


O verbo haver, quando apresenta esse sentido mencionado, nunca flexiona no plural, em qualquer ocasião. Sendo assim, ele sempre vai ser impessoal.  Exemplos:


“Pode haver férias coletivas no final do ano”.

“Me preocupo em não haver motoristas suficientes para estes horários”.

“Por haver muitas datas comemorativas, precisamos de uma agenda”.


No entanto, há ocasiões em que o verbo “haver” pode ser flexionado de acordo com a pessoa do sujeito. Por exemplo, quando ele apresenta um sentido diferente destes que mencionei, como o sentido de “obter”, de “considerar”, de “lidar” ou de “ter”. Também flexiona de acordo com o tempo. Exemplos:


“Os candidatos houveram-se muito bem na seleção” (sentido de “lidaram-se”)

“Eles o houveram como ingênuo” (sentido de “o consideraram”).

“Houveram, do juiz, uma pena razoável” (sentido de “obtiveram”).


O verbo “haver” também flexiona no plural quando for verbo auxiliar em uma locução verbal no particípio. Exemplos:


“Responderei apenas quando houverem manifestado seus argumentos”.

“A justiça os condenou apenas por haverem estado conosco naquela noite”.

“Meus vizinhos haviam chegado mais cedo naquele dia”.

Uso do infinitivo pessoal - Aline Gasperi

 QUANDO O INFINITIVO DEVE FLEXIONAR?

Em poucas palavras, o verbo deve flexionar quando estiver se referindo a um sujeito específico, seja ele expresso, genérico ou oculto. Normalmente, as pessoas costumam flexionar o verbo de acordo com o sujeito e esquecem que há ocasiões em que ele não deve concordar, é onde mora a importância de saber quando a flexão deve ocorrer.


O infinitivo pessoal é conjugado da seguinte maneira:


1ª CONJUGAÇÃO 

(SUFIXO–AR) 2ª CONJUGAÇÃO

(SUFIXO –ER) 3ª CONJUGAÇÃO

(SUFIXO –IR)

VERBO: CANTAR VERBO: FAZER VERBO: DORMIR

Eu cantar Eu fazer Eu dormir

Tu cantares Tu fazeres Tu dormires

Ele cantar Ele fazer Ele dormir

Nós cantarmos Nós fazermos Nós dormirmos

Vós cantardes Vós fazerdes Vós dormirdes

Eles cantarem Eles fazerem Eles dormirem

No entanto, o pronome “tu” no singular, assim como o “vós”, no plural, caíram em desuso no português brasileiro atual (exceto pelos gaúchos, que ainda usam o “tu”, mas eles também não conjugam da forma tradicional) e, apesar dos concursos e vestibulares ainda cobrarem essa conjugação, no cotidiano substituímos o “tu” por “você” e o “vós” por “vocês”, que são conjugados assim:


Você cantar Você fazer Você dormir

Vocês cantarem Vocês fazerem Vocês dormirem

Existem algumas convenções a respeito da concordância do verbo pessoal, eu listei pelo menos 8 dessas regras pra te auxiliar em um momento de dúvida. Confira:


1) Use o infinitivo pessoal quando o verbo for reflexivo

Quando o verbo tem ação reflexiva, como o próprio nome sugere, a ação reflete no sujeito da frase, sendo assim a ação recai sobre a pessoa que realizou a ação. O verbo reflexivo é marcado pelo uso do pronome oblíquo átono. Exemplos:


“Ele cortou-se enquanto fazia o jantar”.

“Os jurados arrependeram-se de sua decisão”.

“Os jurados se arrependeram de sua decisão”.


2) Use o infinitivo pessoal quando o verbo for recíproco

Quando o verbo tem ação recíproca, a ação sugere uma troca entre as pessoas da oração. Veja alguns exemplos:


“Observamos as moças se perguntarem sobre o anúncio”.

“Nos certificaremos de que o estatuto será cumprido”.

“Elas se culpam pela perda até hoje”.


Em relação à regra do verbo recíproco, pode haver ambiguidade na interpretação do enunciado, já que as pessoas do pronome são as mesmas. Na frase “Elas se culpam pela perda até hoje”, por exemplo, é difícil distinguir se elas carregam a mesma culpa pelo ocorrido ou se elas culpam uma à outra, que são coisas bem diferentes.


Nesses casos, aconselha-se que, ao invés de simplesmente flexionar o verbo, se incluam outros elementos na frase, reescrevendo-a de maneira que a ambiguidade não exista. Por exemplo:


“Elas culpam uma à outra pela perda até hoje”

“Elas culpam a si mesmas pela perda até hoje”.

“Elas se culpam entre si pela perda até hoje”.

“Elas se culpam mutuamente pela perda até hoje”.


3) Use o infinitivo pessoal quando a oração estiver na voz passiva

Já as orações na voz passiva são aquelas que sugerem que o sujeito sofreu, sofrerá ou está sofrendo uma ação sobre ele. Sempre que esse sujeito estiver no plural, o verbo deverá concordar com a pessoa desse sujeito. Como nas orações a seguir:


“Estes são os portifólios a serem analisados”.

“Vendem-se casas”.

“Os alunos foram denunciados por colarem na prova”.


É importante destacar que sempre quando, na voz passiva, é usado um verbo ligado ao pronome oblíquo “se” no modo sintético (precedido de hífen), o verbo deve ser flexionado de acordo com o sujeito, como nos seguintes casos:


“Alugam-se carros”.

“Estabeleceram-se as justificativas”.

“Concluíram-se as defesas”.


4)    Use o infinitivo pessoal em orações reduzidas

As orações reduzidas são aquelas que possuem verbos na sua forma nominal, que podem ser reduzidas de infinitivo, de gerúndio ou de particípio. São chamadas assim pois são os respectivos modos verbais usados para suprimir conjunções e pronomes do texto, deixando a oração menor.


Em oposição às orações reduzidas estão as orações desenvolvidas, que possuem mais elementos e são mais complexas e às vezes podem conter mais detalhes, mas a mudança da forma desenvolvida para a forma reduzida não costuma causar alterações consideráveis no sentido.


Nesse caso, como estamos falando de infinitivo, irei mencionar apenas as orações reduzidas de infinitivo. Elas são chamadas assim porque o elemento usado para condensar a oração é um verbo no modo infinitivo.


Sempre que o sujeito de uma oração reduzida de infinitivo estiver no plural, ainda que o sujeito esteja localizado na oração principal e não na reduzida, o verbo irá concordar com ele. Observe os exemplos a seguir:


Desenvolvida: “É indispensável que eles compareçam no processo seletivo”.

Reduzida: “É indispensável comparecerem no processo seletivo”.


Desenvolvida: “Para que eles ganhem o prêmio, é necessário que eles mereçam“.

Reduzida: “Para ganharem o prêmio, é necessário merecerem“.


Desenvolvida: “Eu ainda tenho esperança de que conquistem a Copa de novo”.

Reduzida: “Eu ainda tenho esperança de conquistarem a Copa de novo”.


5) Use o infinitivo pessoal quando o sujeito estiver claramente expresso na oração

Essa regra é simples. Se, na oração, houver um sujeito, ainda que oculto, e esse sujeito não for genérico ou indeterminado, a concordância deve existir:


“Trouxeram o suicida para nós conversarmos com ele” (sujeito: nós).

“A embarcação foi ancorada para eles observarem os nativos de longe” (sujeito: eles).

“Vocês são muito calmos para serem bandidos” (sujeito: vocês).


Lembrando que é facultativo o uso da flexão do infinitivo quando o verbo estiver acompanhado das preposições “sem”, “de”, “a”, “para” ou “em”, isso caso não gere estranheza e/ou ambiguidades.


6) Use o infinitivo pessoal quando o verbo em questão for de ligação

Os verbos de ligação expressam estado e estão sempre acompanhados de características ligadas ao verbo, por isso são chamados dessa forma. Sempre que o verbo em questão for de ligação, ele deve ser flexionado de acordo com a pessoa do sujeito.


Os verbos de ligação são divididos entre permanente, transitório, mutatório, contínuo e aparente (mas esqueçam a classificação por enquanto). São eles: estar, ser, viver, andar, achar-se, encontrar-se, ficar, virar, tornar-se, fazer-se, continuar, permanecer e parecer. Exemplos:


“Minha namorada vive cantarolando aquela velha canção”.

“Sua filha está cada vez mais esperta“.

“Marcos insistiu muito para tornar-se campeão“.

“As decisões a serem tomadas pelo juíz são de importância imediata”.


7) Use o infinitivo pessoal quando quiser enfatizar o agente ao invés da ação

Existem casos em que é facultativo utilizar o infinitivo não flexionado, mas a não flexão produz um efeito de sentido que joga a ênfase para o verbo, para a ação, enquanto flexionar o verbo joga a ênfase para o sujeito que realiza a ação ou o agente. Exemplos:


“Há decisões complicadas para tomarmos“. (ênfase no sujeito: nós)

“Há decisões difíceis para serem tomadas”. (ênfase no sujeito: elas/decisões)


8) Use o infinitivo pessoal quando houver ambiguidade em relação ao sujeito

Quando uma oração tem dois sujeitos diferentes, a flexão do verbo evita que se confunda a quem a ação está se relacionando. Por isso, mesmo em casos em que o uso do infinitivo impessoal é permitido, é preferível utilizar o modo pessoal. Exemplos:


“A mãe liberou as filhas para subirem a escadaria”.


Ainda que seja permitido usar “subir” ao invés de “subirem”, quem vai subir a escadaria são as filhas, não a mãe. Por isso a flexão resolve o problema da ambiguidade. Se o verbo estivesse no infinitivo impessoal, poder-se-ia interpretar que a mãe ia subir a escadaria e não as filhas.


“O escultor negociou com os mercadores para venderem suas cerâmicas mais rápido”.


Se o verbo “vender” estivesse no infinitivo impessoal, ou seja, se não flexionasse no plural, a frase seria passível de confusão, pois tanto o escultor como os mercadores poderiam ser interpretados como responsáveis pela venda.

Frase, oração e período - Aline Gasperi

 Não sabe diferenciar “frase” de “oração” e “período”? Aprenda de uma vez por todas com essa matéria, de maneira simples e rápida.


Frase

Chamamos de frase qualquer enunciado com sentido completo. Podendo ser estruturada por uma ou mais palavras. Precisa ter sentido completo, mas pode ter verbo ou locução verbal. Exemplos:


“Atenção!”

“Fogo!”

“Nasci em Londrina.”

“Alguém me ajude!”


Oração

Já a oração é qualquer frase que, obrigatoriamente, contenha um verbo. Se uma frase contém verbo e tem sentido completo, ela pode ser considerada uma oração. A oração pode ter um ou mais verbos, como no caso de uma locução verbal. Precisa ter verbo ou locução verbal, mas pode ter sentido completo. Exemplos:


“Ouvi falar que Josias morreu.”

“Choveu.”

“Na varanda, flores azuis”. (o verbo “havia” está subentendido)


Período

Chamamos período a frase organizada em uma oração ou mais. Ele pode ser símples ou composto. É período simples quando é constituído de uma única oração. É período composto quando é constituído de mais de uma oração. Exemplos:


“Meus pais aterrissaram hoje.” (um verbo, uma oração = período simples)

“Meus pais aterrissaram hoje, mas chegarão em casa apenas amanhã.” (dois verbos, duas orações = período composto)


OBS: Essa contagem de verbos para verificar a quantidade de períodos não vale para locuções verbais, já que as locuções verbais têm função sintática de um único verbo. Exemplo:


“Ninguém poderá sair.” (uma locução verbal, uma oração = período simples)

 

Nem toda frase é oração - há frases sem verbo: Silêncio!

Nem toda oração é frase - há orações sem sentido completo: É possível que ela faça a prova

Orações coordenadas e subordinadas - Aline Gasperi

 ORAÇÕES COORDENADAS

As orações coordenadas são as que funcionam com um sentido completo, sem depender de um complemento.


Mesmo dentro de um grupo oracional ou período composto (período que contém múltiplas orações), as orações coordenadas não necessitam da interferência de outras orações para que ela carregue sentido. Alguns exemplos de orações coordenadas:


“Chegamos tarde. Não assistimos a todo o filme. Vimos o mais interessante dele.”

“Chegamos tarde e não assistimos a todo o filme, mas vimos o mais interessante dele.”


Quando o período tem apenas uma oração coordenada com sentido pleno, chamamos de período simples. Mas a oração coordenada pode vir acompanhada de outras orações, adicionando  detalhes a ela, mas não haverá interferência no sentido individual de cada oração. Por exemplo:


“Ontem choveu.” (período simples)

“Ontem choveu, mas não estava na previsão.” (período composto)


A frase poderia ser: “Ontem choveu. Não estava na previsão”. Consegue perceber a autonomia das duas orações?


As orações coordenadas podem ou não estar separadas por conjunções. Quando as orações não são regidas por conjunção, elas são chamadas de orações coordenadas assindéticas. Quando são regidas por conjunção, são chamadas de orações coordenadas sindéticas. Exemplos:


“Ela terminou o trabalho. Foi embora mais cedo.” (assindética)

“Ela terminou o trabalho e foi embora mais cedo.” (sindética)


As conjunções podem estabelecer 3 funções semânticas em uma oração coordenada: a função aditiva, a função adversativa e a função alternativa.


Coordenadas aditivas

A função aditiva é quando a conjunção acrescenta ou, como o nome sugere, adiciona detalhes a outra. As conjunções que marcam a função aditiva são “e”, “nem”, “mas também / mas ainda / como também” - depois de não só e “mais” - na matemática ou em linguagem regional. Exemplos:


“Ana estuda e trabalha.”

“Carlos não ajuda nem se empenha.”


Coordenadas adversativas

A função adversativa é quando a conjunção é usada para contrapor ou dar ideia de oposição ao conteúdo da oração anterior. É marcada pelas conjunções “mas”, “porém”, “todavia”, “contudo”, “entretanto”, “no entanto”, “senão”, “não obstante” e “inobstante” - usada nos cursos de Direito. Exemplos:


“Ela não brincava senão com os cachorros.”

“Junior fez um escândalo, mas não chamou tanta atenção.”


Coordenadas alternativas

A função alternativa é quando a conjunção expressa alternância, ou seja, que uma das alternativas irá excluir  ou anular a outra. É marcada pela conjunção “ou”, que pode vir repetida ou não. Exemplos:


“Ou eu estudo ou eu trabalho.” (as duas orações são sindéticas)

“É pegar ou largar.” (a primeira oração é assindética)


Funções não consensuais

Algumas funções são motivos de conflito entre teóricos, pois estão na intersecção entre as orações coordenadas e as subordinadas, já que aparentam estabelecer uma relação de dependência entre as orações.


A gramática tradicional incluiu as funções conclusiva e causal-explicativa entre as funções dos conectores coordenativos. No entanto, por extrapolarem as fronteiras das orações, afirma que não devem ser rigorosamente consideradas. Incluímos apenas por questões didáticas


Coordenadas conclusivas

A função conclusiva diz respeito às conjunções que introduzem uma conclusão ou consequência complementares à outra oração. É marcada pelas conjunções “pois”, “porque”, “por isso”, “portanto”, “então”, “logo”, “assim”, “por conseguinte”, entre outras. Exemplos:


“Você já me enganou antes, portanto estou atento.”

“Trabalhou como nunca. Conseguiu, pois, a promoção.”


Coordenadas causais-explicativas

A função causal-explicativa corresponde às conjunções que introduzem uma justificativa referente à oração anterior. É marcada pelas conjunções “que”, “porque”, “porquanto” e  também por “pois”.


“Vou encerrar, que estamos todos cansados.”

“Maria está triste porque foi mal no teste.”


A relação de dependência que elas aparentam ter é apenas semântica. Por isso elas se encaixam mais nas orações coordenadas do que nas subordinadas.


Há, ainda, as funções distributivas e disjuntivas, que são os períodos compostos cujos conectivos ligam unidades que reiteram, equilibradamente, a oração antecedente, para estabelecer um sentido de condição, alternativa, concessão ou temporalidade. Não há consenso sobre elas, pois também aparentam relação de dependência. Incluímos apenas por questão didática.


Coordenadas distributivas

As distributivas repetem, anaforicamente, uma determinada conjunção no início da primeira oração e na oração composta por coordenação. Como os conectores “ora […] ora”, “já […] já”, “quer […] quer”, “seja […] seja”, “talvez […] talvez”. Estes vêm sempre repetidos. Exemplos:


“Ora se fecha e não se sabe o que pensa, ora se expõe mais do que deveria.”

“Ela não se ilude, seja pelas suas próprias expectativas, seja pelas dos outros.”


Coordenadas disjuntivas

As disjuntivas têm a mesma disposição das distributivas, mas os termos usados no início da primeira oração e da composta por coordenação são diferentes, como “este […] aquele”, “um […] outro”.  Exemplos:


“Uns viciam em café, outros em álcool.”

“Este não dorme porque não quer, aquele se irrita se não o deixam dormir.”


Alguns gramáticos classificam as distributivas e as disjuntivas dentro da função alternativa, e não necessariamente deixam de ser, elas apenas se diferenciam daquelas por terem uma estrutura que parece criar uma certa dependência, mas não são dependentes por completo, pois também funcionam assindeticamente. Incluímos por questão didática.


ORAÇÕES SUBORDINADAS

As orações subordinadas, ao contrário das coordenadas, são orações que não possuem um sentido completo individualmente, portanto sempre serão constituídas de pelo menos duas orações, uma principal e uma subordinada à principal. Exemplo:


“Vou ao mercado sozinha [oração principal] se meu marido não acordar [oração subordinada].”


As conjunções que ligam uma oração principal (a que contém a informação ou o verbo principal do período) à oração subordinada (a que está servindo de complemento à principal) são chamadas de conjunções integrantes. São comuns, às orações subordinadas, as conjunções integrantes “se” e “que”.


É necessário, no mínimo, haver duas orações em um grupo oracional para configurar orações subordinadas, por isso elas sempre formarão períodos compostos.  As orações subordinadas são classificadas em 3 tipos: adjetivas, substantivas e adverbiais, cada uma com sua subdivisão.


Orações subordinadas adjetivas

As orações subordinadas adjetivas são divididas em 2 tipos: explicativas e restritivas. Como o nome sugere, elas têm função de adjetivo, ou seja, acrescentam características relacionadas ao verbo da oração principal. Elas não são ligadas por conjunções, mas por pronomes relativos (que, o qual - e variações, onde, quem, cujo - e variações, quanto - e variações, como, quando)


Adjetivas explicativas

As orações subordinadas adjetivas explicativas são as que se ligam à oração principal por pronomes relativos que indicam explicação. Exemplo:


“Os maratonistas, que chegaram antes do tumulto, foram dispensados.”


A oração principal não precisa, necessariamente, estar antes da subordinada, como o caso da frase acima, em que a oração principal é “os maratonistas foram dispensados”. A oração subordinada, neste caso, está no meio da oração principal.


O fato de a oração subordinada estar entre vírgulas, no exemplo acima, estabelece o sentido de que o pronome “que” é de explicação. Os maratonistas foram dispensados, o fato de eles terem chegado antes do tumulto foi uma explicação, um acessório, um detalhe geral, em relação a todos estes maratonistas mencionados.


Adjetivas restritivas

As orações subordinadas adjetivas restritivas se ligam à oração principal por um pronome que indica uma restrição. Exemplo:


“Os maratonistas que chegaram antes do tumulto foram dispensados.”


Parece ser a mesma frase, mas, neste caso, a ausência da vírgula deu outro sentido à frase, porque o pronome “que” da oração subordinada restringiu a dispensa apenas aos maratonistas que chegaram antes do tumulto, ou seja, nem todos foram dispensados, apenas os que chegaram antes do tumulto.


Em outras palavras: se tem vírgula, é adjetiva explicativa (explica, por isso diz respeito a um todo); se não tem vírgula, é adjetiva restritiva (restringe, por isso diz respeito a uma parcela). Portanto, dependendo do sentido que se quer estabelecer, a vírgula é determinante.


Dica: se surgir dúvidas se o conectivo “que” é um pronome relativo ou não,  procure substituí-lo por “o qual”/ “a qual” ou “os quais”/”as quais”. Se a substituição fizer sentido, é pronome relativo, ficando mais fácil identificar que é oração subordinada adjetiva. Exemplo:


“Esta é a casa que construí.”

“Esta é a casa a qual construí.”


Orações subordinadas substantivas

As orações subordinadas substantivas são classificadas em 6 tipos: subjetivas, objetivas diretas, objetivas indiretas, completivas nominais, predicativas e apositivas, tudo dependendo da função que o complemento carrega.


Substantivas subjetivas

As orações subordinadas substantivas subjetivas são aquelas em que a oração subordinada têm função de sujeito da principal. Exemplo:


“É óbvio [oração principal] que todos serão bonificados [oração subordinada].”


Repare que o primeiro verbo (é) não tem sujeito. Quem é óbvio? O que é óbvio? A resposta está na oração subordinada: “que todos serão bonificados”. A oração subordinada é, portanto, sujeito da principal, por isso o nome de substantiva subjetiva. Resumindo: não encontrou sujeito na oração principal? O sujeito é a oração subordinada.


Substantivas objetivas diretas

As orações subordinadas substantivas objetivas diretas são aquelas em que a oração principal termina com um verbo transitivo direto, ou seja, verbo que dispensa preposição antes do complemento, e a oração subordinada é complemento desse verbo. Exemplo:


“Elas deduzem [oração principal] que serão criticadas [oração subordinada].”


O verbo “deduzir” é transitivo direto, ou seja, quem deduz, não deduz de algo nem deduz em algo nem a algo, mas simplesmente deduz algo (o “algo” no exemplo acima é “que serão criticadas”). Quando o verbo não demanda preposição antes do complemento, é objeto direto, por isso a oração é chamada substantiva objetiva direta.


Substantivas objetivas indiretas

As orações subordinadas substantivas objetivas indiretas são aquelas em que a oração principal termina com um verbo transitivo indireto, ou seja, verbo que exige a preposição antes do complemento, e a oração subordinada é complemento desse verbo. Exemplo:


“O chefe gosta [oração principal] de que sejamos pontuais [oração subordinada]”.


A frase parece estranha, mas porque estamos acostumados a falar do jeito errado. O verbo “gostar” é transitivo indireto, ou seja, quem gosta não gosta algo, mas gosta de algo. Perceba como a preposição “de” é necessária. Por ter preposição antes do complemento (“algo”), é objeto indireto, por isso a oração é chamada de substantiva objetiva indireta.


Substantivas completivas nominais

As orações subordinadas substantivas completivas nominais são as que complementam um substantivo abstrato da oração principal e são sempre regidas por preposição, o que caracteriza um complemento nominal (se diferenciam das objetivas indiretas porque são complemento de substantivo, adjetivo ou advérbio, não de verbo). Exemplo:


“Eu tenho certeza [oração principal] de que serei aprovado [oração subordinada].”


O substantivo “certeza” é abstrato, porque não é palpável, e pede uma preposição, porque quem tem certeza, tem certeza de algo. O complemento “de que serei aprovado” está se referindo ao substantivo abstrato “certeza”. Logo, se o complemento é nominal, a oração é  substantiva completiva nominal.


Substantivas predicativas

As orações subordinadas substantivas predicativas são as que complementam o sujeito (não o verbo, nem o substantivo). A oração principal, nas predicativas, termina com um verbo de ligação, e a oração subordinada, seu complemento, se refere ao sujeito da oração principal. Exemplo:


“O fato é [oração principal] que brasileiro teima muito [oração subordinada].”


O sujeito da frase é “o fato”, e o complemento “que brasileiro teima muito” diz respeito ao sujeito. O verbo de ligação (neste caso: “é”) ajuda muito a identificar quando a oração é substantiva predicativa, pois está presente em todas elas.


Substantivas apositivas

As orações subordinadas substantivas apositivas, são as que têm função de aposto, servindo para explicar, esclarecer, desenvolver ou detalhar a oração principal. Exemplo:


“Um desejo predomina entre as mulheres: que não sejam assediadas ou abusadas.”


Neste caso é mais simples identificar, pois a substantiva apositiva sempre estará posicionada após dois pontos (:), e eventualmente, podem vir entre vírgulas ou travessões.

 

As substantivas também podem ser introduzidas por pronomes e advérbios interrogativos: Não sei - onde fica o teatro / como a máquina funciona / quanto custa o remédio / quando entra em vigor a nova lei / qual é o assunto da palestra


Orações subordinadas adverbiais

As orações subordinadas adverbiais funcionam como adjunto adverbial para a oração principal. Adjuntos adverbiais são termos que alteram o sentido de um verbo, acrescentando uma informação de circunstância a ele.


São 9 os tipos de subordinadas adverbiais: causais, consecutivas, condicionais, concessivas, conformativas, comparativas, finais, temporais e proporcionais.


Adverbiais causais

As orações subordinadas adverbiais causais são as que indicam a razão da oração principal e de seu verbo. São marcadas pelas conjunções “porque”, “como”, “uma vez que”, “já que”, “visto que” e “na medida em que”. Exemplo:


“Já que está chovendo [oração subordinada], não vamos ao estádio [oração principal].”


Você deve ter reparado que, no exemplo acima, a oração subordinada antecede a principal. Isso mostra que nem sempre a oração principal é a primeira. O fato principal é que eles não vão ao estádio, a oração subordinada é a causa, por isso, causal (tente trocar as orações de lugar e verá que elas carregam o mesmo sentido: “Não vamos ao estádio, já que está chovendo”).


Adverbiais consecutivas

As orações subordinadas adverbiais consecutivas indicam a consequência do verbo da oração principal. São marcadas pela conjunção “que”, quando usada nas locuções “tanto / tal / tão / tamanho que”, “de modo / maneira / forma / sorte que” ou expressando tamanho: “tão alto que”, “tão curto que”, entre outros casos. Exemplo:


Minha mãe gritou tanto [oração principal] que perdeu a voz [oração subordinada].”


Como pode ser observado, a oração subordinada tem um sentido de consequência do verbo “gritar” adicionado ao adjunto adverbial de intensidade “tanto”, por isso é uma adverbial consecutiva.


Adverbiais condicionais

As orações subordinadas adverbiais condicionais indicam uma situação de condição  para a oração principal. As conjunções mais usadas nessa subordinação são “caso”, “se” e, novamente, “que” quando usada em “desde que”, “contanto que”, “sem que”, “a menos que”, “a não ser que”, “uma vez que”,  entre outros casos.  Exemplo:


“Vai perder peso rápido [oração principal], se for disciplinado [oração subordinada].”


O fato de perder peso rápido está, portanto, condicionado à disciplina do sujeito, pois a conjunção “se” é adjunto adverbial de condição, por isso o nome de adverbial condicional.


Adverbiais concessivas

As orações subordinadas adverbiais concessivas são as que expressam que algo foi cedido, permitido ou, como o nome sugere, concedido para que a informação da oração principal acontecesse. As conjunções mais usadas nessa subordinada são “embora”, “conquanto” e “que”, quando usada em “mesmo que”, “ainda que”, “se bem que”, “nem que”, “posto que”, “apesar de que” entre outros que carreguem o mesmo sentido. Exemplo:


“Embora tenha sido constrangido [oração subordinada], continuei investigando [oração principal]”.


No caso acima, entende-se que o contrangimento deveria impedir que o sujeito continuasse investigando, mas por alguma razão não o fez. Foi, portanto, permitido ou concedido (ainda que não tenha sido, de fato, uma permissão. Por exemplo, se o sujeito contrariou ou ignorou o impedimento).


De alguma forma, a oração principal e a adverbial concessiva têm uma relação de oposição entre si, ou seja, há sempre um atrito entre elas, quebrado pela conjunção.


Adverbiais conformativas

As orações subordinadas adverbiais conformativas são as que apresentam sentido de condordância com a oração principal. As conjunções mais comuns nessas subordinadas são “conforme”, “consoante”, “como”, “segundo”, entre outras. Exemplo:


“O livro foi reeditado [oração principal] conforme o Novo Acordo Ortográfico [oração subordinada].”


Se a subordinada demonstrar, pela conjunção, que concorda com a oração principal, não tem erro, é adverbial conformativa.

 

Conforme, segundo e consoante, se introduzirem apenas adjuntos adverbiais de conformidade, são preposições.


Adverbiais comparativas

As orações subordinadas adverbiais comparativas, são as que têm função de comparação com a oração principal. As conjunções que expressam esse sentido são “como”, “assim como”, “mais/menos... (do) que” ou “tão/tanto... quanto/como”. Exemplo:


“Sou mais determinado [oração principal] do que meus pais [oração subordinada].”


Sempre que o sentido da oração subordinada expressar comparação, ainda que seja uma comparação que expressa igualdade, por exemplo: “sou determinado como meus pais”, será adverbial comparativa.


Adverbiais finais

As orações subordinadas adverbiais finais são as que trazem o objetivo, a intenção da oração principal. As principais conjunções que expressam tal sentido são “para que”, “porque”, “a fim de que”, “que”, entre outras. Exemplo:


“Fui à festa de Uber [oração principal], para que minha moto não sujasse o vestido [oração subordinada].”


Cuidado para não confundir estas com as coordenadas conclusivas ou causais explicativas, ou mesmo com as subordinadas adverbiais causais, porque têm conjunções praticamente iguais, mas o efeito de sentido de cada um, assim como sua relação de dependência/independência, são diferentes.


Adverbiais temporais

As orações subordinadas adverbiais temporais são as que expressam condição de tempo à oração principal. As conjunções que ajudam a identificar esse sentido são “quando”, “enquanto”, “às vezes”, “mal” e “que”, nas locuções “assim que”, “logo que”, “sempre que”, “antes que”, “depois que”, “até que”, “desde que” entre outros casos. Exemplo:


“Sempre que ela passa [oração subordinada], meu coração dispara [oração principal].”


Não se esqueça de que a conjunção que determina o sentido não pode ser contrariada ou causar ambiguidade. Por exemplo, o período “Sempre que ela passa, às vezes ignoro” é estranho porque o advérbio “sempre” entra em conflito com “às vezes”, então o mais apropriado seria substituir “sempre” por “quando”.


Adverbiais proporcionais

Por fim, as orações subordinadas adverbiais proporcionais são as que adicionam  condição de medida ou proporção à oração principal. As conjunções que identificam essa subordinação são “quanto mais”, “quanto menos”, “tanto mais”, “tanto menos”, “à medida que”, “à proporção que”, “ao passo que”, “enquanto”, entre outras. Exemplo:


“Quanto mais o tempo passa [oração subordinada], eu fico mais desanimado [oração principal]”.

Novo Acordo Ortográfico - Aline Gasperi

 TREMA

Não se usa. O U continua sendo pronunciado em palavras como cinquenta e pinguim. Agora ele só é usado em palavras estrangeiras e suas derivadas, como “Müller” e “mülleriano”. 


ALFABETO

Foram acrescentadas as consoantes “K”, “W” e “Y”, que já usávamos “clandestinamente” há muito tempo, em abreviaturas como “Kg”, “Km”, nomes próprios e palavras estrangeiras, como show, marketing, na sequência de enumeração e grafia em assinaturas e firmas. Trata-se de uma oficialização.


REGRAS DE ACENTUAÇÃO

As palavras em que há ditongos (encontro de duas vogais em uma mesma sílaba) “éi”, “ói” e “éu” na penúltima sílaba, perderam o acento. É o caso de: ideia, estreia, plateia, assembleia, joia, boia, heroico, paranoia, etc.


Não se usa mais acento nas palavras “para”, “pelo”, e “pera”, e só pelo contexto será possível identificar quando são substantivo, verbo ou preposição. As palavras com letras dobradas em “ee” e “oo” também perderam o acento, como “voo”, “veem”, “leem”, “perdoo”, “abençoo”, etc.


Há muito tempo já não é utilizado o acento na palavra “coco”, fruto do coqueiro. O acento só existe na palavra “cocô”, e você não vai querer confundir.


REGRAS DE HIFENIZAÇÃO

Onde se usa hífen?

Continua sendo obrigatório o uso do hífen em palavras com prefixo “pró”, “pré” e “pós” (quando estão acentuadas) e em “ex”, “vice”, “sota”, “soto”, “vizo” e em compostos que iniciam com “para” e “manda”. Sendo assim, se escreve “ex-prefeito”, “vice-governador”, “vizo-rei”, “sota-piloto”, “soto-mestre”, “pós-escrito”, “pré-natal”, “pró-reitoria”, “para-brisas”, “manda-lua”, etc. As exceções são as palavras “mandachuva” e “paraquedas” e suas variáveis.


Mantém-se o hífen nas palavras compostas de origem indígena ou que designam espécies botânicas ou zoológicas, como “bem-te-vi”, “bem-me-quer”, andorinha-do-mar”, “joão-de-barro”, “erva-doce”, “couve-flor”, “dente-de-leão”, anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, etc.


O hífen continua sendo exigido nas palavras que começam com a letra “h” que acompanham prefixos. É o caso de “anti-horário”, “super-homem”, “proto-história”, “sobre-humano”, etc.


Em palavras compostas por termos repetidos ou sonoridades semelhantes, ainda se usa o hífen, como em “reco-reco”, “lenga-lenga”, “blá-blá-blá”, “tique-taque”, “pingue-pongue”, etc.


As palavras com prefixo “circum” e “pan”, exigem prefixo apenas quando a palavra seguinte iniciar com “h”, “m” ou “n” ou vogal. Sendo assim, se escreve “pan-hispânico”, “pan-americano”, “circum-navegação”, “circum-escolar”, etc.


Em locuções substantivas, adjetivas, pronominais, verbais, prepositivas, adverbiais e conjuntivas, que geralmente possuem elementos de ligação, não se usa mais hífen, como em “dia a dia”, “ponto e vírgula” e “fim de semana”, com exceção de locuções com significado próprio, como “arco-da-velha”, “ao deus-dará” e “mais-que-perfeito”.


Quando o prefixo termina com a mesma letra com que inicia a próxima palavra, o hífen é obrigatório. É o caso de “tele-entrega”, “anti-inflamatório”, “contra-argumento”, “micro-ônibus”, “arqui-inimigo”, “sub-bibliotecário”, “inter-relação”, “hiper-realismo”, “super-revista”, etc.


O hífen também continua sendo usado em adjetivos gentílicos ou palavras compostas que iniciam com um termo de função substantiva, adjetiva, numeral ou verbal, e não tem elemento de ligação. É o caso de “sul-americano”, “norte-coreano”, “afro-brasileiro”, “social-democrata”, “mato-grossense”, “recém-nascido”, “além-mar”, “bem-vindo”, “bem-humorado”, “médico-cirurgião”, “verbo-nominal”, “abaixo-assinado”, etc. Mas existem exceções (continue lendo).


Onde não se usa mais o hífen?

Quando os prefixos “afro”, “anglo”, “euro”, “franco”, “indo”, “luso”, “sino” e semelhantes forem empregados em palavras que não se referem a uma etnia específica, mas a um aspecto mais geral de uma etnia, ela é escrita sem hífen, como em “afrodescendente”, “anglofalante”, “eurocêntrico”, “lusofonia”, “sinologia”, etc.


Os prefixos “co”, “pro” e “re” dispensam uso do hífen. É o caso de: “coordenação”, “proótico” ou “reenviar”. E quando tais prefixos acompanham uma palavra que iniciaria com a letra “h”, a letra é suprimida, como em: “reidratar”, “reabilitar”, “coenzima”.


Outras palavras que seguem essa regra (de suprimir o “h”) são os compostos que iniciam com os prefixos “IN”, “AN” e “DES”. É o caso de “inábil”, “anistórico”, “desumidificar” ou nos compostos que designam da aglutinação (mistura) de duas palavras, como em “exaurir”.


Quando a última letra do prefixo e a primeira da próxima palavra forem diferentes, esta, agora, se escreve junto. É o caso de: “maldormido”, “antifascismo”, “micropigmentação”, “subcelebridade”, “microempreendedor”, etc. A exceção é apenas se a palavra após o prefixo começar com “h” ou “r”, como em “sub-região” ou “sub-humano”.


Em prefixos que terminam com vogal, se a palavra seguinte iniciar com “r” ou com “s”, dobra-se as consoantes, unindo a palavra. É o caso de: “contrarreforma”, “ultrassonografia”, “suprarrenal”, etc. A exceção é se os prefixos forem “SUB”, “MAL” ou “IN”, que dispensam a repetição da consoante, como em “subsecretário”, “subservente”, etc.

Uso da crase - Aline Gasperi

 O que é crase?

Se engana quem acha que é simplesmente o caractere “à”. Os gramáticos chamam de crase a fusão de um ou mais sons em um único (BECHARA, 2009). Sendo assim, ocorre crase, por exemplo, quando, ao invés de “de a”, falamos “da” (fundindo o som do “e” e do “a” em “a”).


Costumamos associar o termo “crase” à vogal com acento grave “à” porque ela é o tipo mais conhecido de crase, embora as pessoas saibam muito pouco sobre como usá-la. Os gramáticos vão me fuzilar por isso, mas para facilitar, sempre que eu mencionar o termo “crase” aqui, vou estar me referindo à vogal com acento grave “à”.


Preposição, artigo e pronomes

A crase ocorre pela fusão sonora do “a” preposição e do “a” artigo feminino ou “a” de alguns pronomes. O fato de terem o mesmo som pode dificultar a identificação de cada um, o que resulta em equívocos no uso da crase. Tentarei defini-los de um jeito simples.


O “a” é preposição quando determina um sentido específico entre duas palavras, podendo ligar um verbo a um substantivo, um substantivo a um adjetivo ou um substantivo a outro. Normalmente indicam que houve um deslocamento ou caracterizam o modo ou condição em que algo foi feito.


Não se pode tirar a preposição do contexto, ou a frase fica incompleta. Em geral, pode ser substituido por “para”, “por”, “até” ou “pelo(a)”, entre outros. Exemplos:


“Dei minha juventude a você” / “Dei minha juventude para você”

“Seu segredo está guardado a sete chaves” / “Seu segredo está guardado por sete chaves”

“Ela queria que a notícia chegasse a você” / “Ela queria que a notícia chegasse até você”


O “a” é artigo quando simplesmente indica/rege/antecede um substantivo feminino. Em alguns casos, o artigo pode ser retirado da frase sem comprometer o seu sentido. Pode ser substituído por “uma” ou “esta”. Exemplos:


“Uso a chapinha” / “Uso uma chapinha” / “Uso chapinha”

“Lavei a calça essa semana” / “Lavei esta calça essa semana” / “Lavei calça essa semana”


Exemplo de exceção: “Paguei a construção da casa” / “Paguei pela construção da casa” (apesar de ser substituível por “para”, aqui a função do “a” foi de introduzir o objeto direto: o substantivo feminino “construção”).


Pronomes são termos que substituem outros em uma sentença. Eles evitam repetições excessivas e melhoram a estética e a coesão de um texto.


Alguns pronomes relativos, chamados assim porque são relacionados a um termo mencionado anteriormente em uma frase, estão sujeitos a levar acento grave. São eles: “a qual” e “as quais”.


Também há certos pronomes demonstrativos, que têm a função de apontar a localização de um objeto ou de uma palavra em um texto, sujeitos a levar acento grave. São eles: “tal”, “tais”, “mesma(s)” “aquele(s)”, “aquela(s)” e “aquilo”.


Quando ocorre a crase?

Nem sempre é tão óbvio identificar quais as ocasiões em que há o encontro da preposição com o artigo ou o pronome. Por isso, vou dar algumas dicas que podem ser úteis nessa identificação.


1. Quando o “a” preposição encontra o “a” artigo feminino

A regra mais básica é essa. Sempre que houver o encontro do “a” preposição com o “a” que antecede um substantivo feminino, as vogais se fundirão e levarão acento grave. Exemplos:


“Devido a a intervenção na piscina, não haverá natação amanhã” / “Devido à intervenção na piscina, não haverá natação amanhã”

“Eles foram a a farmácia” / “Eles foram à farmácia”


Normalmente não há dúvidas sobre um substantivo ser feminino ou masculino, mas as dúvidas mais comuns são sobre a presença ou não de artigo ou preposição em uma oração. Uma dica de Bezerra (2015) é substituir o substantivo feminino por um masculino correspondente.


Se o elemento que o anteceder for “o” ou “os”, quer dizer que não há preposição, por isso não vai acento grave. Se, ao contrário, o elemento regente for “ao” ou “aos”, quer dizer que há preposição, por isso a crase é necessária. Exemplos:


“Ele vai ao rio todos os dias” / “Ele vai à praia todos os dias”

“Sempre visito o local encantado” / “Sempre visito a cidade encantada”

“Nunca obedeci aos mandamentos dela” / “Nunca obedeci às ordens dela”


2. Antes de alguns pronomes relativos e demonstrativos

Sempre que houver preposição “a” antes de “tal”, “tais”, “mesma(s)“, “aquele(s)“, “aquela(s)“, “aquilo“, “a qual” ou “as quais“, vai haver crase. Exemplos:


“Me submeti a as mesmas provas que você” / “Me submeti às mesmas provas que você”

“Comunicaram a as tais moças sobre isso” / “Comunicaram às tais moças sobre isso”

“Entreguei umas moedas para aquele mendigo” / “Entreguei umas moedas a aquele mendigo” / “Entreguei umas moedas àquele mendigo”

“Morreu a policial para a qual fizemos a denúncia” / “Morreu a policial a a qual fizemos a denúncia” / “Morreu a policial à qual fizemos a denúncia”


Um jeito simples de descobrir se há preposição ou não antes desses pronomes é reescrevendo a sentença usando os demonstrativos “esta(s)”, “este(s) ou isto e verificar se a preposição “a” é exigida. Se for possível, substituir por “naquele” ou “naquela”, também é sinal de que a crase é necessária. Exemplos:


“Me submeti a estas mesmas provas” / “Me submeti às mesmas provas”

“Nunca iria a esta festa” / “Nunca iria naquela festa” / “Nunca iria àquela festa”

“Todos compraram estas frutas famintos” / “Todos compraram aquelas frutas famintos”


3. Quando forma uma locução adverbial de substantivo feminino

Quando uma preposição e um substantivo dão característica de tempo, modo, lugar ou quantidade a um verbo, faz parte de uma locução adverbial. Se o substantivo dessa locução for feminino, quando precedido da preposição “a”, use crase. Exemplos:


“Vovó está à beira da morte”

“Ele viajou às pressas”

“Às vezes, vou muito cedo ao escritório”

“Estou à toa essa semana”


Observação: as expressões “dormir a sesta” e “levar a breca” não contém crase.


Exceção: Bezerra (2015) defende que, nos adjuntos adverbiais de instrumento (à faca, à espada, à mão, à foice, etc.) só se deve usar a crase se sua ausência gerar ambiguidade. Outros aceitam seu uso em qualquer circunstância. Verifique exemplos na regra a seguir.


4. Quando se quer evitar ambiguidades

É consensual entre os gramáticos que a ausência da crase pode comprometer a clareza interpretativa em alguns casos, dando duplo sentido a uma sentença. Para estes casos, a maioria dos gramáticos permite usar a crase para estabelecer clareza, de acordo com o sentido que se quer estabelecer. Exemplos:


“Ele colocou a venda” [ele foi vendado]

“Ele colocou à venda” [ele colocou algo para ser vendido]


“Vou lavar a mão” [vai lavar as mãos]

“Vou lavar à mão” [vai lavar algo com as mãos]


“Fizeram um discurso a Fidel Castro” [Fidel Castro recebeu um discurso]

“Fizeram um discurso à Fidel Castro” [imitando Fidel Castro]


Observação: Alguns gramáticos, como Luft (2005) e Bezerra (2015), por exemplo, defendem que, para fins de evitar ambiguidades, se deve usar a crase na locução adverbial “à distância”. Não é consensual entre os linguistas, mas, se há autores consagrados que o defendem, há justificativa e fundamento (particularmente, prefiro usar). Exemplos:


“O policial observou a distância” [ele observou o espaço entre um objeto e outro]

“O policial observou à distância” [ele ficou observando de longe]


“Eu namoro a distância” [a pessoa tem um relacionamento com a distância]

“Eu namoro à distância” [a pessoa namora alguém que mora longe]


5. Quando se quer diferenciar um substantivo qualquer de um determinado

Normalmente, a função dos artigos e pronomes demonstrativos é de definir o substantivo. Quando se quer falar de um substantivo qualquer, genérico, abstrato, não use crase, mas quando se quer determiná-lo ou especificá-lo, a crase ajuda nessa interpretação. Exemplos:


“Ela é boa funcionária, mas nunca vai a reunião” [não vai a qualquer reunião]

“Ela é boa funcionária, mas nunca vai à reunião” [é uma reunião específica]


“Ele nunca foi a escola” [nunca foi a qualquer escola]

“Ele nunca foi à escola” [nunca foi a uma escola específica]


Observação: essa regra explica porque muitos gramáticos defendem que não se deve usar crase na expressão “a distância”, muito usada em “ensino a distância”, 'curso a distância' e 'graduação a distância', por exemplo. Eles alegam que a crase só deve ser usada quando essa distância for determinada, específica. Exemplo:


“Nossos corações estão à distância de um telefonema”

“Minha faculdade fica à distância de 500 metros daqui“


6. Quando for possível reger o substantivo com “da”, “na”, “pela”

Se estiver em dúvida se há artigo ou não em um topônimo, reescreva a frase de maneira que dê para regê-la com “da”, “na” ou “pela”. Se a regência for possível, quer dizer que o acento grave é obrigatório, mas se a regência só for possível com “de”, “em” e “por”, quer dizer que não há artigo nessa oração. Exemplo:


Fui à Gávea [Vim da Gávea / Moro na Gávea / Passei pela Gávea]

Fui a Copacabana [Vim de Copacabana / Moro em Copacabana / Passei por Copacabana]


Observação: concordando com a regra anterior, se o mesmo substantivo vier acrescido de algum adjetivo ou locução adjetiva, ou seja, se houver elementos com uma relação de dependência com função de especificar esse substantivo ou caracterizar o verbo da oração, a crase vai ocorrer. Exemplo:


Voltei à Copacabana de minha infância [Vim da Copacabana de minha infância / Moro na Copacabana de minha infância / Passei pela Copacabana de minha infância]


7. Antes de horas específicas

Em numerais que expressam horas exatas, deverá haver acento grave, pois nesse caso as horas assumem função de substantivo feminino. Exemplos:


“Combinamos de nos encontrar às 20h”

“A partida terá início às 21:15h“


Exceção: se a hora mencionada não for especificada, o que cabe aos casos em que o artigo não é exigido, não se usa o acento grave. Exemplos:


“Meu filho saiu após as 23h”

“Chegarei daqui a uma hora”

“São 2h a 3h de voo”


Observação: Se atente para os casos em que a crase pode determinar o sentido de uma oração. Exemplos:


“Partiremos daqui a uma hora” [a hora não está definida, apenas aproximada]

“Partiremos daqui à uma hora” [há hora definida para a partida]


8. Após verbos transitivos indiretos com preposição “a”

Os verbos transitivos indiretos são verbos que exigem um complemento para dar sentido a uma sentença. Esse complemento precisa ser regido/antecedido por preposição, o que caracteriza um objeto indireto. Se a preposição for “a” e o objeto indireto for um substantivo feminino, a regra é clara: use crase. Exemplos:


“Minha coordenadora compareceu à banca” (aqui, quem compareceu, compareceu a algum lugar, e não compareceu algum lugar. A preposição é necessária para não causar estranhamento, por isso é transitivo indireto)

“Entreguei minha dissertação à orientadora hoje” (aqui, quem entregou, entregou a alguém, e não simplesmente entregou alguém. A preposição é necessária para não causar comprometimento no sentido, por isso é transitivo indireto).


Observação: um mesmo verbo pode ser transitivo direto em uma frase, transitivo indireto em outra e intransitivo em outra. Em geral, os verbos não estão condenados a ser apenas de uma categoria, mas eles podem mudar de categoria dependendo da sua condição na sentença. Por exemplo, eu poderia dizer “Entregaram a orientadora para a polícia”, e no sentido de entregar alguém, o verbo “entregar” se torna transitivo direto, pois não pede preposição. Sendo assim, é necessário analisar cada caso.


Quando não ocorre a crase?

Também é comum colocar crase a rodo na frente de substantivos femininos, sem nem fazer o exercício de verificar se há preposição “a” + artigo feminino na oração, por isso trouxe algumas dicas de quando não usar a crase.


1. Antes de pronomes com sentido vago ou indefinido

Termos ou pronomes com sentido vago ou indefinido dispensam o uso de artigo feminino e, consequentemente, dispensam crase. Alguns deles são: “uma”, “nenhuma”, “certa”, “qualquer”, “cada”, “toda”. Exemplos:


“Eu não me dirijo a certas pessoas”

“Querem meu dinheiro a qualquer custo”


Exceções: Diante dos pronomes indefinidos “outra” ou “outras” pode haver crase se forem regidos por preposição “a”, como em “elas abraçaram umas às outras”.


Quando “uma” for um numeral escrito por extenso, está sujeito às mesmas regras do craseamento, sendo assim, há crase em “combinamos de nos ver à uma hora”, mas não há em “combinamos de nos ver daqui a vinte minutos”. Ver explicação na próxima regra.


2. Antes de numerais que antecedem um substantivo

Quando um numeral antecede um substantivo, mesmo um feminino, ele dispensa o uso do artigo, por isso não há crase, mesmo porque não ocorre a fusão de dois sons iguais. Exemplos:


“Seu segredo está guardado a sete chaves”

“Ele está a duas milhas da superfície”

“Daqui a dez quadras chegaremos ao destino”


3. Antes dos pronomes relativos “quem”, “cuja” e “que”

Quando a preposição “a” estiver antecedendo os pronomes relativos “quem”, “cuja” e “que”, não se usa artigo, por isso não há crase. Exemplos:


“O artista a cuja obra falaram mal, está mundialmente famoso”

“A imagem a que mencionamos foi premiada”

“A mulher a quem fizeram a denúncia foi morta”


Exceção: quando “a que” ou “as que” forem equivalentes a “aquela que” ou “aquelas que”, se vierem regidas pela preposição “a”, podem ser craseadas. Exemplos:


“Os prêmios foram entreguem somente a aquelas que discursaram” / “Os prêmios foram entregues somente às que discursaram”


4. Antes de verbos

É muito comum o uso da preposição “a” em verbos no infinitivo, que é o verbo que está no seu estado puro, sem sofrer qualquer tipo de flexão. Quando a preposição “a” anteceder verbos sem flexão, não ocorre a crase, pois não há artigo quando se trata de verbos, só de substantivos. Exemplos:


“Fiquei a ver navios”

“Ela compôs versos a chorar“


Também é possível encontrar “a” antes de verbos flexionados, mas nesse caso, não se trata de uma preposição, mas de um pronome oblíquo. Exemplos:


“Eles a sentenciaram ao celibato” [eles sentenciaram ela ao celibato]

“O chefe as demitiu por irresponsabilidade” [ele demitiu elas por irresponsabilidade]


5. Antes de pronomes pessoais e expressões de tratamento

Não se usa crase antes dos pronomes pessoais “eu”, “tu”, “ele”, “nós”, “vós”, “eles”, dos pronomes pessoais oblíquos “me”, “te”, “o”, “a”, “se”, “lhe”, “nos”, “vos”, “os”, “as”, “se”, “lhes” ou dos pronomes de tratamento “Vossa Excelência”, “Vossa Senhoria” ou simplesmente “você” (sim, lembra que é uma abreviação de “Vossa Mercê”? Mas também vale como substituto para “tu”). Exemplos:


“Não disseram toda verdade a ela”

“Me dirijo a Vossa Ex.ª com muita reverência”

“Eles demoraram a se explicar”


Exceção: as expressões “dona”, “senhora”, “senhorita” e “madame” não se aplicam a essa regra.


6. Após outras preposições

Não se usa duas preposições juntas e para a crase acontecer é necessário que a preposição que antecede o artigo seja “a”. Sendo assim, diante de preposições como “ante”, “após”, “com”, “conforme”, “contra”, “desde”, “durante”, “entre”, “mediante”, “para”, “perante”, “sob”, “sobre” e “segundo” não se usa crase, pois o “a” que aparece depois delas é apenas artigo. Exemplos:


“O juiz anulou a acusação mediante a apresentação de provas”

“O deputado é contra a legalização da maconha”

“Todos se calaram perante a manifestação daquela criança”


7. Em expressões com repetição em que há preposição “a”

Algumas expressões populares que fazem uso da repetição de substantivos usam a preposição “a” antes de substantivos femininos, mas a crase, nelas, é inexistente. Exemplos:


“Me encontrei cara a cara com meu ex”

“O médico contava gota a gota“


8. Após verbos transitivos diretos

Os verbos transitivos diretos são aqueles que exigem complemento para que a frase esteja completa, e esse complemento não é regido/antecedido por uma preposição (exceto em casos especiais, como o objeto direto preposicionado), o que caracteriza um objeto direto, e se não há preposição, não há crase. Se houver um “a” após esses verbos, ele é apenas artigo. Exemplos:


“Ontem, ela disse a palavra certa” (aqui, quem disse, disse algo, e não disse a algo. Foi direto para o substantivo, sem preposição, por isso é transitivo direto)

“Semana passada eu fiz a proposta” (aqui, quem fez, fez algo, e não fez a algo. Foi direto para o substantivo, sem preposição, por isso é transitivo direto)

“Quem me dera eu tivesse a garra dele” (aqui, quem tem, tem algo, e não tem a algo. Foi direto para o substantivo, sem preposição, por isso é transitivo direto)


Observação: Nada impede que um verbo intransitivo seja, em outra frase, transitivo, ou seja, apesar de “choveu” ter sentido completo, também posso dizer “choveu à meia-noite”, conferindo uma locução adverbial para caracterizar a chuva, e aí a crase é necessária. Resumindo, nenhum verbo está condenado a ser apenas transitivo ou apenas intransitivo, é necessario estudar sua condição em cada caso.


Quando o uso da crase é facultativo?

Em algumas ocasiões, usar ou não a crase não irá alterar ou comprometer o sentido da frase, por isso seu uso é facultativo. Na verdade, o que é facultativo é o uso do ARTIGO ou o uso da PREPOSIÇÃO. Na sequência, veja alguns desses casos.


1. Antes de pronomes possessivos que antecedem substantivos femininos precisos

Se o pronome possessivo servir para definir claramente a quem pertence o substantivo feminino, é facultativo usar a crase, pois nesse caso o emprego do artigo é uma questão apenas estética. Exemplo:


“Ela foi a minha casa” / “Ela foi à minha casa”

“Desistiu da viagem devido a sua doença” / “Desistiu da viagem devido à sua doença”

“Julia invejou a minha piscina” / “Julia invejou à minha piscina“


Exceções: se o pronome possessivo estiver no plural, significa obrigatóriamente que há artigo, por isso já não é facultativo o uso da crase, mas obrigatório ou proibido. Exemplo:


“Ninguém ofendeu a vossas irmãs” [não tem artigo]

“Ninguém ofendeu às vossas irmãs” [tem artigo]


Se o pronome possessivo estiver se referindo a um substantivo em elipse, é obrigatório o uso da crase. Exemplo:


“Ele não atendeu sua proposta, mas à minha” [à minha proposta]


2. Antes de nomes próprios femininos

Os nomes próprios femininos dispensam necessidade obrigatória de crase, deixando seu uso facultativo, sendo questão de preferência. Exemplos:


“Chamaram a Maria” / “Chamaram à Maria”

“Respondi a Ângela sobre a tarefa” / “Respondi à Ângela sobre a tarefa”


3. Após a preposição “até”

Apesar de não se usar duas preposições juntas, há uma flexibilidade quando se trata de “até a”, pois a expressão é uma locução prepositiva, ou seja, são dois elementos que têm função de uma única preposição.


“Andei devagar até a porta” / “Andei devagar até à porta”


Observação: Não se esqueça de verificar se a ausência ou uso da crase implicam em ambiguidade na frase. Exemplo:


“Fui até as autoridades me defender” [a pessoa se dirigiu para as autoridades]

“Fui até às autoridades me defender” [a pessoa recorreu inclusive às autoridades]


4. Após verbos que podem ser transitivos diretos e indiretos ao mesmo tempo

Alguns verbos têm a flexibilidade de serem transitivo direto e indireto ao mesmo tempo, ou seja, com ou sem a preposição, eles não comprometem o sentido. Nesses casos, o uso da crase é a critério do escritor. Exemplo:


“Minha dissertação obedece as normas da ABNT” (obedece algo)

“Minha dissertação obedece às normas da ABNT” (obedece a algo)

Manual da concordância nominal - Aline Gasperi

 CONCORDÂNCIA NOMINAL

A concordância nominal é a flexão, em gênero e número, do adjetivo, artigo, particípio, pronome ou numeral da oração de acordo com o substantivo (que também pode ser um pronome ou numeral substantivo ou o sujeito). Exemplos de flexão:


“A MENINA É CURIOSA”. (O ADJETIVO “CURIOSA” FLEXIONOU DE ACORDO COM O SUBSTANTIVO FEMININO “MENINA”)

O MENINO É CURIOSO. (O ADJETIVO “CURIOSO” FLEXIONOU DE ACORDO COM O SUBSTANTIVO MASCULINO “MENINO”)

MEUS FILHOS SÃO CURIOSOS. (O ADJETIVO “CURIOSOS” FLEXIONOU DE ACORDO COM O SUBSTANTIVO PLURAL “FILHOS”)

CONCORDÂNCIA DE PALAVRA PARA PALAVRA

A concordância de palavra para palavra ocorre quando a flexão segue a forma da palavra. Veja algumas regras.


1) A concordância pode ocorrer com a totalidade do sujeito composto (chamada de concordância total) ou, por atração, com o elemento mais próximo do sujeito composto (também chamada de concordância parcial). Exemplos:


“VIU-SE PINTADO O CAOS E A MISÉRIA.” (O SUJEITO COMPOSTO É “O CAOS E A MISÉRIA”. O PARTICÍPIO “PINTADO” ESTÁ NO SINGULAR POIS CONCORDOU COM A DETERMINADA MAIS PRÓXIMA DO SUJEITO: O CAOS. PORTANTO, A CONCORDÂNCIA AQUI É PARCIAL)

“ELE TEM O PRIMEIRO E O SEGUNDO BIMESTRE COMPUTADOS.” (O SUJEITO COMPOSTO É “O PRIMEIRO E O SEGUNDO BIMESTRE”. O PARTICÍPIO “COMPUTADOS” ESTÁ NO PLURAL PORQUE CONCORDA COM A TOTALIDADE DO SUJEITO COMPOSTO, QUE É MAIS DE UM ELEMENTO. PORTANTO, A CONCORDÂNCIA É TOTAL)

2) Nas orações em que houver uma única palavra determinada (termo especificado/ substantivo) as palavras determinantes (termos que especificam/adjetivos) terão que concordar em gênero e número com a determinada. Exemplo:


“EU AMO AS MANHÃS FRIAS E SILENCIOSAS.” (“MANHÃS”: PALAVRA DETERMINADA. “FRIAS E SILENCIOSAS”: PALAVRAS DETERMINANTES)

3) Nas orações em que houver mais de uma palavra determinada pertencentes ao mesmo gênero (masculino ou feminino), as palavras determinantes têm a opção de ir para o plural ou concordar com a determinada mais próxima. Exemplos:


“AMO ESTUDAR A LÍNGUA E A LITERATURA PORTUGUESAS.” (CONCORDOU COM AS DUAS)

“AMO ESTUDAR A LÍNGUA E A LITERATURA PORTUGUESA.” (CONCORDOU COM A MAIS PRÓXIMA)

OBS: 1) Se as palavras determinadas se referirem a uma só pessoa, as determinantes obrigatoriamente ficam no singular. 2) Se forem precedidas por um título ou prenome (que indica laço familiar) as determinantes obrigatoriamente ficam no plural. Exemplos:


“DE SEU PREFERIDO AMIGO E MENTOR.” (O “AMIGO E MENTOR” É UMA SÓ PESSOA. SINGULAR)

“OS APÓSTOLOS PEDRO E JOÃO.” (“APÓSTOLO” É DETERMINANTE E HÁ DUAS DETERMINADAS. PLURAL)

“AS IRMÃS MARTA E MARIA.” (“IRMÃS” É PRENOME E HÁ DUAS DETERMINADAS. PLURAL)

4) Nas orações em que houver mais de uma palavra determinada pertencentes a diferentes gêneros (masculino e feminino), as determinantes poderão flexionar no plural e assumir gênero masculino ou concordar com a determinada mais próxima. Exemplos:


“ERAM LOUCOS O RÉU, A VÍTIMA E O MAGISTRADO.” (“LOUCOS” FLEXIONOU NO PLURAL E ASSUMIU GÊNERO MASCULINO)

“PERMANECE CALADA A NATUREZA, O DIVINO E OS HUMANOS.” (“CALADA” CONCORDOU, POR ATRAÇÃO, COM A DETERMINADA MAIS PRÓXIMA: “NATUREZA”)

OBS: 1) Por uma questão estética, em casos em que há uma série de substantivos de gêneros diferentes e na sequência há um adjetivo de gênero masculino, é preferível que a(s) determinada(s) masculina(s) seja(m) posicionada(s) por último.  2) Será obrigatório o uso de plural se as determinadas sugerirem reciprocidade. Exemplo:


“SAUDARAM-NOS COM ALEGRIA, CURIOSIDADE E TEMOR SIGNIFICATIVOS.” (USAR AS DETERMINADAS FEMININAS POR ÚLTIMO SOARIA ESTRANHO, JÁ QUE O ADJETIVO ASSUMIU GÊNERO MASCULINO)

“PAI E FILHO, ENGAJADOS, SE MANIFESTARAM.” (OS DOIS, RECIPROCAMENTE, SE MANIFESTARAM)

5) Quando houver um único substantivo e mais de um adjetivo, é optativo  colocar a determinada no plural ou no singular, assim como é facultativo repetir o artigo. Exemplos:


“AMO A LITERATURA BRASILEIRA E PORTUGUESA.” (OPTOU-SE POR DEIXAR NO SINGULAR)

“AMO AS LITERATURAS BRASILEIRA E PORTUGUESA.” (OPTOU-SE POR FLEXIONAR NO PLURAL)

“AMO A LITERATURA BRASILEIRA E A PORTUGUESA.” (OPTOU-SE POR REPETIR O ARTIGO “A”)

Esta última construção não é aceita por todos os gramáticos

CONCORDÂNCIA DE PALAVRA PARA SENTIDO

Também pode acontecer a concordância de palavra para sentido (mais conhecida como silepse), que nada mais é do que o respeito pelo sentido da determinada em detrimento da sua forma. Alguns casos em que isso acontece:


1) Com substantivos que estão no singular, mas se referem a um coletivo. Exemplo:


“A MULHERADA RESPONDEU COM TANTA FORÇA QUE FORAM TEMIDAS.” (APESAR DE “A MULHERADA” ESTAR SE REFERINDO A MAIS DE UMA MULHER, O VERBO “RESPONDEU” SE SUBMETEU À SUA FORMA, JÁ A LOCUÇÃO “FORAM TEMIDAS” CONCORDOU COM O SENTIDO DE SER MAIS DE UMA MULHER)

2) Em pronomes e expressões de tratamento femininas (Vossa Excelência, Vossa Senhoria, Sua Majestade, etc.), quando se referem a alguém do sexo masculino (contanto que o adjetivo não esteja logo na sequência do pronome, como em “Sua Majestade atenciosa”). Exemplo:


“VOSSA EXCELÊNCIA É MUITO OBSERVADOR” (NA CONCORDÂNCIA DE PALAVRA PARA PALAVRA, O ADJETIVO “OBSERVADOR” DEVERIA ESTAR NO FEMININO, MAS SE A PESSOA EM QUESTÃO É UM HOMEM, ESSA CONSTRUÇÃO É PERMITIDA)

3) Quando o substantivo está sendo usado no singular para generalizar, e quer se referir a “qualquer deles“. Exemplo:


“NÃO JULGUEM MULHER POR CAUSA DE ROUPA, POIS ESTAS DIZEM POUCO SOBRE O INTERIOR DAQUELAS.” (OS SUBSTANTIVOS “MULHER” E “ROUPA” FORAM EMPREGADOS NO SINGULAR PARA UMA AFIRMAÇÃO GENERALIZADA SOBRE ELES, OU SEJA, ESTÃO SE REFERINDO A “QUALQUER MULHER” E “QUALQUER ROUPA”, LOGO, OS PRONOMES “ESTAS” E “DAQUELAS” E O VERBO “DIZEM” ACOMPANHARAM O SENTIDO DE SER MAIS DE UMA MULHER E MAIS DE UMA ROUPA)

OUTROS CASOS

Existem algumas situações que se diferenciam das acima apresentadas, que falaremos a seguir:


1) Na expressão “um e outro“, quando está se referindo ao sujeito da oração, orienta-se a deixar o substantivo ligado à expressão no singular e flexionar o verbo ligado ao sujeito. Nas expressões “nem um, nem outro” e “um ou outro“, substantivo e verbo devem estar no singular. Exemplos:


“QUANDO A MAGISTRADA FALOU EM DESIGUALDADE ENTRE HOMEM E MULHER, DEIXOU CLARO QUE NÃO ACHA QUE UM E OUTRO GÊNERO SEJAM IGUAIS EM TUDO, MAS QUE NENHUM DELES É MELHOR OU PIOR QUE O OUTRO.” (AQUI, “GÊNERO” É UM SUBSTANTIVO LIGADO À EXPRESSÃO “UM E OUTRO”, QUE FICA NO SINGULAR, ENQUANTO O VERBO E OS DEMAIS ELEMENTOS QUE SE REFEREM AO SUJEITO “HOMEM E MULHER” SE FLEXIONAM NO PLURAL)

“NEM UM NEM OUTRO LIVRO PRECISA SER DESCARTADO.” (O SUBSTANTIVO “LIVRO” LIGADO À EXPRESSÃO “NEM UM NEM OUTRO”, APARECE NO SINGULAR, E COM ELE CONCORDAM OS DEMAIS ELEMENTOS).

“UM OU OUTRO CASAL ANDAVA DE BARCO DE GRAÇA EM DIAS COMEMORATIVOS.” (APESAR DE “CASAL” SE REFERIR A DUAS PESSOAS, QUANDO O SUBSTANTIVO ESTÁ LIGADO À EXPRESSÃO “UM OU OUTRO”, JUNTAMENTE COM O VERBO, O SINGULAR É A REGRA)

2) A palavra “menos” é invariável. Pode ter função de preposição, advérbio, pronome ou substantivo, mas em nenhuma ocasião ela flexiona em gênero, ou seja, não existe “menas”. Exemplo:


“HOJE TEM MENOS MULHERES DO QUE ONTEM.”

3) A palavra “anexo“, quando é adjetivo (assim como “apenso” e “incluso”), flexiona em número e gênero, de acordo com o substantivo em questão (aquilo que está sendo falado ou enviado). É muito comum o erro de não flexioná-los. Já quando tem função de substantivo, não flexiona em gênero, mas pode flexionar em número. Exemplos:


“SEGUE, ANEXO (APENSO/INCLUSO), AS CAPAS.” (ERRADO, POIS “AS CAPAS” É PLURAL E FEMININO)

“SEGUEM, ANEXAS (APENSAS/INCLUSAS), AS CAPAS.” (CORRETO)

“ESTOU FALANDO DOS ANEXOS QUE ME ENVIOU ONTEM.” (CORRETO)

A expressão “em anexo” recebe muita resistência por parte de alguns gramáticos. Apesar de usual e permitida, é preferível usar o termo sem a preposição. Exemplo:


“SEGUE VÍDEO EM ANEXO.” (NÃO É PROIBIDO, MAS ENCONTRA RESISTÊNCIA EM MUITOS AUTORES)

“SEGUE VÍDEO ANEXO.” (NENHUM AUTOR DISCORDA DESSE USO, PORTANTO ELE É PREFERÍVEL)

4) A palavra “meio“, quando significa “um pouco” ou “um tanto”, é advérbio e não flexiona nem em gênero nem em número, mesmo se referindo a um substantivo feminino ou plural. Quando significa “metade”, é numeral e pode flexionar em gênero e, inclusive, em número (embora pouco usual, é correto). Exemplos:


“AS GÊMEAS ESTÃO MEIO CONFUSAS.”

“ESTOU ESPERANDO VOCÊ HÁ MEIA HORA.”

“UMA HORA EQUIVALE A DUAS MEIAS HORAS.”

5) Os falsos prefixos “pseudo” e “todo“, quando em palavras compostas, são invariáveis (vale lembrar que “pseudo” só leva hífen em palavras cujo segundo elemento inicia com H ou O). Exemplos:


“AQUELA MANÍACA É MAIS UMA PSEUDO-HEROÍNA.”

“SUSTENTO UMA FÉ TODO-PODEROSA.”

6) A palavra “possível“, quando estiver nas expressões “o mais possível”, “o menos possível”, “o melhor possível”, “o pior possível”, etc., é invariável, não concordando em gênero ou número. Já quando antecedida por \”os(as) mais”, “os(as) menos”, “os(as) melhores”, “os(as) piores”, etc., flexiona. Exemplos:


“QUERO AS DUAS SE ARRUMANDO O MAIS LINDAS POSSÍVEL.”

“COLECIONO AS FOTOGRAFIAS MAIS BELAS POSSÍVEIS.”

7) Nas expressões “é necessário“, “é bom“, “é proibido“, “é permitido“, “é vedado“, etc. (este último quando tem sentido de “proibido”), o adjetivo só flexiona quando o sujeito ou substantivo ao qual ele se refere é regido por artigo ou pronomes que configuram gênero. Exemplos:


“É NECESSÁRIO PACIÊNCIA.”

“SÃO NECESSÁRIAS REFORMAS.”

“É PROIBIDA A ENTRADA DE ANIMAIS.”

“È PROIBIDO VENDER MATERIAL CLANDESTINO AQUI.”

OBS: Normalmente, a não flexão da determinante dá um sentido de generalização à determinada. É diferente, por exemplo, dizer “limonada é bom” e “a limonada é boa”, pois um quer dizer que é bom beber qualquer limonada e o outro que uma limonada específica é boa.


8) O pronome indefinido “bastante” é váriavel quando tem sentido de “muitos” ou “vários”, portanto, se estiver ligado a um substantivo plural, ele também vai para o plural. Exemplo:


“ESTAMOS TENDO BASTANTES MOTIVOS PARA DESCONFIAR DESSA DECISÃO.”

9) O pronome determinante, quando se referir a mais de uma palavra determinada, necessariamente concorda em número e gênero com elas, não existindo a opção de concordar só com a última palavra determinada. Exemplo:


“PERCEBI A VAIDADE, A GANÂNCIA E A INDIFERENÇA, SEMPRE ENOJANDO-AS.” (AQUI O PRONOME OBLÍQUO ÁTONO “AS” ESTÁ SE REFERINDO A TRÊS SUBSTANTIVOS FEMININOS, POR ISSO ESTÁ NO PLURAL E, OBVIAMENTE, NO FEMININO)

10) A palavra “alerta“, enquanto advérbio, não deve ser flexionada, apenas quando for usada como substantivo. Exemplos:


“TODOS NÓS ESTAMOS ALERTA.”

“ELA EMITIU UMA SÉRIE DE ALERTAS SOBRE O PROBLEMA AMBIENTAL.”

11) As expressões “exceto“, “salvo“, “mediante“, “não obstante“, “tirante“, entre outras que passaram da função de particípio para as funções de preposição, não devem sofrer flexão. Apesar de ser uma colocação permitida, é considerada ultrapassada pela maioria dos escritores. Exemplos:


“O TRIBUNAL, SALVAS EXCEÇÕES POLÍTICAS, INTERFERIA NOS CASOS MAIS POPULARES.” (EM DESUSO)

“ELA AINDA REGAVA, SALVO HIPÓTESE DE CHUVA OU NEVE, AS FLORES DA PRAÇA.” (PREFERÍVEL)

'Salvo' quando é particípio, varia normalmente.

Também não variam as conjunções consecutivas 'de maneira que', 'de modo que', 'de forma que' e 'de sorte que'.

12) Em nomes de cores compostos, a preferência é por deixar o primeiro adjetivo invariável e fazer a concordância com a palavra determinada apenas no segundo (ou terceiro, dependendo de quantas cores houver). Exemplos:


“AMO SEUS OLHOS VERDE-AZULADOS.”

“A TINTA APARENTAVA TER PIGMENTAÇÃO MARROM-VERMELHO-ALARANJADA.”

13) Em adjetivos compostos pátrios ou gentílicos (que indicam naturalidade/nacionalidade), é somente o último elemento que concorda com a determinada, e o primeiro (ou os primeiros, pois pode haver mais de dois elementos) fica invariável. Exemplos:


“O ACORDO LUSO-BRASILEIRO INCOMODOU MUITA GENTE.”

“ELA É UMA CRIANÇA FRANCO-AFRO-BRASILEIRA.”

14) A palavra “grama”, quando se refere à unidade de medida, é um substantivo masculino, por isso o numeral que o acompanhar deve concordar com ele no masculino. Exemplo:


“PEDI TREZENTOS GRAMAS DE MORTADELA PARA ESSA QUANTIDADE DE PÃES.”