O QUE É ISSO DE INFINITIVO PESSOAL E IMPESSOAL?
Em poucas palavras: o infinitivo impessoal é simplesmente o verbo que não flexiona, o verbo em seu estado puro, sem variação (exemplos: viajar, deitar, correr, ouvir, pôr).
Já o infinitivo pessoal é o contrário, são os verbos que flexionam, como o próprio nome sugere, de acordo com a pessoa do sujeito, se está no plural ou singular e, também, de acordo com o tempo (exemplos: viajei, deitou, correrão, ouviram). Escrevi um guia para falar especificamente do infinitivo pessoal, consulte-o clicando aqui.
Resumidamente, o infinitivo impessoal é o verbo que não se refere a nenhum sujeito enquanto o infinitivo pessoal é o verbo que se refere a um sujeito. Veja estes três exemplos (que estão todos corretos, apenas foram enunciados de acordo com o efeito de sentido):
“Me refiro ao ritual das pessoas fecharem os olhos para orar“: o verbo “fecharem” é um infinitivo pessoal, porque flexionou de acordo com o a pessoa do sujeito (elas: as pessoas).
“Me refiro ao ritual de fechar os olhos para orar“: o verbo “fechar” é infinitivo impessoal, ele não flexionou porque não está se referindo a um sujeito específico, mas dando ênfase ao ato, ao verbo em si.
“Me refiro ao ritual de fecharem os olhos para orar“: o verbo “fecharem”, apesar de, aparentemente, não estar se referindo a um sujeito explícito, possui um sujeito oculto (eles), e está sendo usado dessa forma para indeterminar o sujeito, ou seja, esse sujeito não é um grupo específico, mas um sujeito genérico.
Mas é importante esclarecer que o que marca o infinitivo impessoal não é simplesmente o verbo terminar com os sufixos “ar”, “er” ou “ir”, mas a impossibilidade de flexioná-lo. Por exemplo:
“Eu fiz silêncio para ele fechar os olhos e orar“: nesse caso, o verbo “fechar”, apesar de estar no infinitivo não flexionado, é pessoal, pois concordou com o sujeito que está no singular (ele) e com o modo verbal (infinitivo). Se o sujeito estivesse no plural, ele teria concordado também: “Eu fiz silêncio para eles fecharem os olhos e orarem”.
Os equívocos mais comuns envolvendo o infinitivo impessoal acontecem, curiosamente, pelo impulso de querer aplicar certas regras a todas as ocasiões. Logo, se vemos um sujeito no plural, por exemplo, a intuição é que o verbo que diz respeito a ele precisa concordar no plural também. Mas há casos específicos em que a intuição pode enganar.
QUAIS AS OCASIÕES EM QUE O INFINITIVO NÃO DEVE SER FLEXIONADO?
O infinitivo é impessoal por natureza, ou seja, naturalmente ele não concorda com nenhum sujeito, portanto, não flexiona. Mas existem alguns casos em que ele é pessoal. Sendo assim, as regras a seguir somente esclarecem determinadas dúvidas, se quiser saber quais são as exceções, consulte o Guia do Infinitivo Pessoal clicando aqui.
Como essas ocasiões podem ser aplicadas a uma infinidade de casos, vamos aprender as regras para não fazer vexame? Antes de tudo, vale lembrar que, para muitos gramáticos, o que deve determinar no uso ou não do infinitivo impessoal é sua eufonia, ou seja, se a sonoridade é agradável.
Em outras palavras, siga o seu coração! Mas, calma, há limites para tudo nessa vida! Então pegue um suco e um pão de queijo lá na cozinha e volte aqui para entender 12 desses limites:
1. Use o infinitivo impessoal quando ele fizer parte de uma locução verbal:
Uma locução verbal é, basicamente, uma frase que contém dois verbos interdependentes: um é o verbo principal, também chamado de verbo finito, e o outro é o auxiliar, também chamado de verbo infinito, e os dois têm função morfológica de um único verbo.
Na locução verbal, o verbo auxiliar flexiona de acordo com pessoa e tempo, já o principal permanece no infinitivo impessoal. Exemplos:
“Eles pretendem [verbo auxiliar] colaborar [verbo principal] com o que precisarmos”.
“Minhas irmãs vão [verbo auxiliar] retornar [verbo principal] assim que possível”.
“Seus artigos precisavam [verbo auxiliar], ainda que com atraso, seguir [verbo principal] às regras da Instituição”.
Observe que nem sempre os dois verbos estarão, necessariamente, na sequência imediata um do outro, como nestes outros exemplos:
“Eles devem, sem exceção, reportar qualquer alteração no contrato”.
“Pode ser que nós precisemos, rapidamente, ir ao escritório após a reunião”.
Nesses dois casos acima, os verbos foram separados por apostos, mas há outras ocasiões em que eles são separados por outros elementos, como as preposições “de” ou “a”, por exemplo. Observe:
“Meus pais acabaram de chegar da Holanda”.
“Ele me convenceu a terminar o namoro”.
Da mesma forma, nem sempre o fato de haver dois verbos juntos significa que se trata de uma locução verbal. Como na frase a seguir:
“O político viu caírem todos os seus argumentos diante daquelas imagens”.
Nesse caso, os dois verbos não estão cumprindo a função de um único verbo. Esse exemplo tem relação com a próxima regra.
2. Use o infinitivo impessoal quando os verbos da oração tiverem o mesmo sujeito.
Nos casos em que os dois verbos de uma mesma oração dizem respeito a um mesmo sujeito, a regra é sempre aplicar o infinitivo impessoal no verbo com função de principal. Como nos exemplos abaixo:
“Os atletas precisam, frequentemente, repor suas energias”.
“As minhas manhãs de domingo costumam ser invejáveis”.
Chega a ser intuitivo, porque soaria estranho dizer “precisam reporem” ou “costumam serem”.
Já na frase “A professora ensinou os alunos a estudar“, é comum confundirem o objeto indireto “os alunos” com um novo sujeito, portanto muitos tendem a flexionar o infinitivo, ficando “ensinou os alunos a estudarem“.
No entanto, como foi falado a princípio, o infinitivo é impessoal por natureza, então não deveria flexionar nesse caso. Só é permitido flexioná-lo quando a frase apresenta ambiguidade. Nesse caso, a flexão do verbo ajuda a interpretar melhor a quem o verbo se refere.
Ainda assim, há autores que afirmam ser opcional, ou seja, no exemplo citado, não estaria errado usar o verbo “estudarem” no infinitivo pessoal. Mas prefira usar o impessoal caso não haja ambiguidade, pois há menos chances de errar.
Veja este exemplo em que pode haver ambiguidade:
“O cliente foi persuadido pelos colegas para trazer mais testemunhas”.
Como saber se o verbo “trazer”, nesse caso, está ligado ao sujeito na terceira pessoa do plural (os colegas), e foi apenas empregado no formato impessoal ou trata-se de um verbo pessoal flexionado de acordo com a terceira pessoa do singular (o cliente)?
A dúvida é: quem vai trazer mais testemunhas? O cliente? Os colegas? A frase é ambígua, portanto o ato de querer trazer mais testemunhas pode ser uma ação tanto do cliente como dos colegas.
Dada a possibilidade de ambiguidade, dependendo do sentido que se quer produzir, flexionar o verbo é essencial para a melhor interpretação do leitor. Se o cliente quer que os colegas tragam mais testemunhas, o melhor é flexionar:
“O cliente foi persuadido pelos colegas para trazerem mais testemunhas”.
3. Use o infinitivo impessoal quando o verbo vier precedido das preposições “sem”, “de”, “a”, “para” ou “em”
Este é mais um caso de versatilidade da língua. Aqui, independentemente de dois verbos de uma mesma oração pertencerem a sujeitos diferentes ou caso esteja difícil identificar quando se trata de um objeto do verbo ou outro sujeito, se o verbo vier acompanhado da preposição “sem”, “de”, “para”, “a” ou “em”, mesmo que o sujeito esteja no plural, é preferível usar o infinitivo impessoal.
Por vezes, quando o verbo está precedido dessas preposições mencionadas, a flexão pode soar esquisita, então é preferível usar o infinitivo impessoal, mas não obrigatório. Alguns exemplos:
“Me refiro ao ritual de eles fecharem os olhos para orar“.
A frase também estaria correta se o verbo “orar” estivesse concordando com “eles”, no plural, mas, de acordo com essa regra, a flexão é facultativa.
“Elas se privaram de fazer o que mais queriam”.
A frase também estaria correta se o verbo “fazer” concordasse com “elas”, mas o uso do infinitivo impessoal é preferível nesse caso.
O mesmo vale para esses outros exemplos:
“Eu os convido a comerem conosco”.
“Os magnatas falharam em duvidarem da força do povo”.
“O seu colega incentivou nossos amigos a usarem drogas”.
“A mãe dele convenceu os policiais de deixarem ele ir”.
De acordo com a gramática normativa, portanto, também estaria correto, nesses casos, escrever da seguinte maneira:
“Eu os convido a comer conosco”.
“Os magnatas falharam em duvidar da força do povo”.
“O seu colega incentivou nossos amigos a usar drogas”.
“A mãe dele convenceu os policiais de deixar ele ir”.
Vale lembrar, sempre, que o critério da sonoridade tem bastante peso nessas opções facultativas.
Por exemplo, soaria estranho dizer “vocês devem permanecer sem julgarem qualquer pessoa”, devido à cacofonia da junção da preposição “sem” com a palavra “julgarem”, que têm final idênticos. Melhor seria usar o infinitivo impessoal: “Vocês devem permanecer sem julgar qualquer pessoa”.
4. Use o infinitivo impessoal todas as vezes que o sujeito do verbo for um pronome oblíquo.
Se, me, te, nos, vos, o, a, os, as: todas as vezes que tais conectores estiverem cumprindo a função de pronome oblíquo, o infinitivo impessoal é obrigatório. Exemplos:
“Eles não têm moral para te julgar assim”.
“As modelos precisam se sujeitar a seguir o acordo com as empresas”.
Nesse último exemplo, vemos que há dois verbos no infinitivo impessoal (sujeitar e seguir), isso porque, na frase, há duas ocasiões em que ele necessita ser empregado: a primeira é na locução verbal “precisam seguir“, cujo sujeito é o mesmo: as modelos; a segunda é em razão do pronome oblíquo “se”, em “se sujeitar“.
Esse também é um bom exemplo de como nem sempre os dois verbos da locução estão na sequência e de como não necessariamente é o aposto que os separa.
5. Use o infinitivo impessoal quando o verbo for complemento de substantivo ou adjetivo.
Se o verbo estiver dando sentido a um substantivo ou adjetivo, de maneira que a frase fique incompleta sem ele, é porque ele está cumprindo a função de complemento, e aí o emprego do infinitivo impessoal é indispensável. Veja alguns exemplos:
COMPLEMENTO DE SUBSTANTIVO:
“Vocês não têm o direito de impedir as propostas”.
“Elas não têm essa mania de interromper“.
“Nós conseguimos uma chance de entrevistar a autora”.
COMPLEMENTO DE ADJETIVO:
“São questões complexas de discutir“.
“O livro contém palavras agradáveis de ler“.
“Os depoimentos daquele garoto estão difíceis de digerir“.
6. Use o infinitivo impessoal quando ele substituir um gerúndio, com preposição “a”.
O gerúndio é a ação que ainda está acontecendo, que ainda não foi encerrada. Resumidamente falando, estão no modo gerúndio os verbos flexionados que terminam com as letras “ndo”: rezando, comendo, cuspindo, entre outros.
Ao transformar a frase em uma forma em que o verbo está regido pela preposição “a”, este não flexiona, ainda que o sujeito esteja no plural. Por exemplo:
“Tem certeza de que vocês continuarão a provocar?” ao invés de “tem certeza de que vocês continuarão provocando?”.
“Continue a nadar” ao invés de “continue nadando”.
“Continuamos a lutar pelos nossos direitos” ao invés de “continuamos lutando pelos nossos direitos”.
Apesar de, no Brasil, termos uma preferência notável pelo gerúndio, o uso do verbo no infinitivo impessoal regido pela preposição “a” é uma construção linguística bastante comum no Português de Portugal, por exemplo.
7. Use o infinitivo impessoal quando ele estiver ligado a um verbo transitivo indireto
Já falamos dessa questão na regra 2, mas vale complementá-la aqui. O verbo transitivo é simplesmente o verbo que precisa de complemento para estabelecer sentido em uma oração.
Nem todos os verbos são obrigados a ter um complemento. É o caso dos verbos “chover” ou “dormir”, por exemplo, que podem ter, mas não precisam de um:
“Ontem choveu”.
“Ela dormiu”.
Já verbos como “consistir” ou “pertencer”, por exemplo, necessitam de complemento. Não é possível apenas “consistir”, mas é necessário consistir em algo; não dá para dizer apenas “eu pertenço”, tem que pertencer a algum lugar ou alguém.
Outro nome dado a esse complemento que é regido por preposição é objeto indireto.
O verbo transitivo indireto é classificado assim quando seu complemento vem acompanhado de uma preposição. Esse complemento vai responder a algumas questões como “do quê?”, “de quem?”, “a quem?”, “de onde?”, “para onde?”, “para quê?”, “para quem?”, “pelo quê?”, “de que maneira?”, entre outras. Veja os exemplos a seguir:
“A diretora ensinou os atores a não precisar de script“.
“Seus documentos têm que passar por uma triagem”.
“Todos os argumentos estão livres de consistir em mentiras”.
Essas três frases têm em comum que o verbo em destaque necessita de um complemento para que a frase faça sentido, pois sem o complemento, ela aparentaria estar incompleta, faltando informação, a não ser que o próprio contexto em que a frase se encontra dá sentido para ela, como no caso de uma resposta a uma pergunta, por exemplo.
Nessas ocasiões, portanto, sempre que houver preposição no complemento do verbo transitivo, é preferível que o verbo não flexione, mas vale ressaltar que, em caso de ambiguidade, a flexão é permitida.
Vale lembrar que alguns verbos podem ser transitivos em determinada oração, mas em outras ocasiões podem não ser, como o verbo “cantar”, por exemplo. Você pode cantar algo ou pode simplesmente só cantar.
8) Quando o verbo da oração subordinada serve de objeto direto ao verbo da oração principal
Muita gente desconhece essa regra e, portanto, a julgam incorreta ou inexistente, mas é mais uma das concessões da nossa língua. Antes de tudo, vamos entender essas nomenclaturas?
Lembra que aprendemos que o verbo transitivo é aquele que precisa de um complemento para estabelecer sentido em uma oração? Pois bem, o objeto direto nada mais é do que o nome dado ao complemento de um verbo transitivo, mas ao contrário do indireto, o objeto direto não tem a regência de preposição. Observe as frases a seguir:
“Marcela comprou blusinhas”. (“blusinhas” é o objeto direto do verbo “comprou”).
“Marina ama cachorros”. (“cachorros” é objeto direto do verbo “ama”).
Já a oração subordinada é, em poucas palavras, uma frase constituída de duas orações, uma principal e uma subordinada à principal. Para entender mais profundamente sobre orações subordinadas ou coordenadas, clique aqui para consultar o manual que fiz sobre isso. Observe estes exemplos:
“Renan assumiu [oração principal] que está apaixonado” [oração subordinada].
“Marina sairá [oração principal] com suas amigas hoje” [oração subordinada].
“Sei [oração principal] somar o útil ao agradável” [oração subordinada].
Quando a oração subordinada é substantiva objetiva direta quer dizer que ela serve como objeto direto da oração principal, assumindo, assim, papel de oração substantiva, por isso a chamamos de oração subordinada substantiva objetiva direta (saúde). Vamos tentar entender a regra com os exemplos a seguir:
“O político viu caírem todos os seus argumentos diante daquelas imagens”.
Essa frase já foi mencionada na regra nº 2, quando foi explicado que nem toda junção de dois verbos consiste necessariamente em uma locução verbal. A frase está correta, pois são dois sujeitos diferentes, o que justifica a flexão.
No entanto, de acordo com essa regra, logo após o verbo “viu”, da oração principal, está o objeto direto “caírem todos os seus argumentos”. Sendo assim, você pode usar o infinitivo impessoal no verbo da oração subordinada:
“O político viu cair todos os seus argumentos diante daquelas imagens”.
Outro exemplo é a seguinte frase:
“Observei duas moças caminharem no lago”.
Se escrevermos a frase de outra maneira e aplicarmos a regra a ela, de forma que o verbo “caminharem” seja complemento do verbo “observei”, a frase fica da seguinte maneira:
“Observei caminhar duas moças no lago”.
Nesse caso, em que as duas frases estão corretas, o infinitivo impessoal também pode ser usado ainda que a frase não tenha sido modificada sintaticamente, ficando assim:
“Observei duas moças caminhar no lago”.
É claro que a enunciação soa estranha, porque estamos acostumados a flexionar o verbo de acordo com o sujeito, mas vale lembrar que se trata apenas de uma concessão da língua e que é facultativo usar o infinitivo impessoal dessa forma.
Sendo assim, na dúvida, escreva da maneira que lhe soar mais natural. Particularmente, eu tenho preferência por flexionar o verbo quando o sujeito está expresso, mas se alguma vez te acusarem de ter usado “equivocadamente” essa colocação, saiba que você possui apoio teórico para se justificar (Soares Barbosa e Silveira Bueno são alguns deles).
9) Quando houver um pronome oblíquo átono como sujeito em uma oração subordinada objetiva direta
Essa regra é parecida com a anterior e também com a regra do pronome oblíquo, mas um pouco menos flexível e com alguns detalhes a mais. Já vimos o que é a oração subordinada objetiva direta, então resta entender o que é o pronome oblíquo átono.
O pronome oblíquo átono tem a função de suprimir a oração e deixá-la mais formal, além de evitar repetições. Ele sempre está na companhia de um verbo, seja antecedendo-o ou anexado a ele por hífen. Os pronomes oblíquos átonos se diferem por não serem precedidos de preposição:
1ª pessoa do singular: me
2ª pessoa do singular: te
3ª pessoa do singular: se, lhe, o, a, lo, la, no, na
1ª pessoa do plural: nos
2ª pessoa do plural: vos
3ª pessoa do plural: se, lhes, os, as, los, las, nos, nas
A regra, portanto, é: quando, em uma oração objetiva direta, o sujeito estiver representado por um pronome oblíquo átono no modo sintético (anexado por hífen) e ligado a um verbo causativo (que expresse relação de causa: deixar, mandar, fazer, etc.) ou um verbo sensitivo (que expresse sentidos: ver, ouvir, sentir, etc.), o verbo da oração subordinada deve estar no infinitivo impessoal. Exemplos:
“Mandei-as ir embora”.
“Ele deixou-nos escolher o presente”.
“Carol ouviu-os conversar em segredo”.
Os gramáticos são um pouco mais rígidos com essa regra, mesmo porque o pronome oblíquo ameniza a estranheza na sonoridade da frase.
10) Use o infinitivo impessoal quando o verbo expressa ordem
Essa regra é bem simples e na maioria das vezes as pessoas usam sem mesmo estar conscientes de ser uma regra, portanto é bem intuitiva. Quando se quer expressar uma ordem que deve ser cumprida imediatamente, é permitido utilizar o infinitivo impessoal. Exemplos:
“Atenção, crianças… atacar!”.
“Preparar, apontar, fogo!”.
11) Quando a intenção é indeterminar o sujeito
Já foi falado a respeito dessa regra, mas não custa reforçar. Se você quiser dar mais ênfase para a ação em uma frase do que ao sujeito, quando quiser dar um caráter mais genérico à ação ou simplesmente quando não houver sujeito específico, que é a premissa do infinitivo impessoal, ele deve ser empregado. Veja os exemplos:
“É complicado morar no Brasil sendo pobre”
“Falar de mim é fácil, difícil é ser eu”.
“Ser ou não ser, eis a questão”.
12) Quando o verbo “haver” tiver sentido de “existir” ou “ocorrer”
Esse é um dos erros mais comuns envolvendo o infinitivo. É comum porque o verbo “haver” é irregular e não segue a regra da flexão quando estiver carregando o sentido de “existir” ou “ocorrer”, pois não tem sujeito.
O verbo haver, quando apresenta esse sentido mencionado, nunca flexiona no plural, em qualquer ocasião. Sendo assim, ele sempre vai ser impessoal. Exemplos:
“Pode haver férias coletivas no final do ano”.
“Me preocupo em não haver motoristas suficientes para estes horários”.
“Por haver muitas datas comemorativas, precisamos de uma agenda”.
No entanto, há ocasiões em que o verbo “haver” pode ser flexionado de acordo com a pessoa do sujeito. Por exemplo, quando ele apresenta um sentido diferente destes que mencionei, como o sentido de “obter”, de “considerar”, de “lidar” ou de “ter”. Também flexiona de acordo com o tempo. Exemplos:
“Os candidatos houveram-se muito bem na seleção” (sentido de “lidaram-se”)
“Eles o houveram como ingênuo” (sentido de “o consideraram”).
“Houveram, do juiz, uma pena razoável” (sentido de “obtiveram”).
O verbo “haver” também flexiona no plural quando for verbo auxiliar em uma locução verbal no particípio. Exemplos:
“Responderei apenas quando houverem manifestado seus argumentos”.
“A justiça os condenou apenas por haverem estado conosco naquela noite”.
“Meus vizinhos haviam chegado mais cedo naquele dia”.