terça-feira, 22 de março de 2022

Coordenação e subordinação - período composto

 Período composto

Um período pode ser composto por coordenação ou por subordinação. Quando é composto por coordenação, as orações são independentes, podendo vir separadamente sem prejuízo. Já no período composto por subordinação, as orações são dependentes entre si.


2  Orações Subordinadas Substantivas

Há três tipos de orações subordinadas: substantivas, adjetivas e adverbiais.

Orações Subordinadas Substantivas

São orações que exercem a mesma função que um substantivo, na estrutura sintática da frase. São introduzidas por conjunções integrantes, pronomes ou advérbios interrogativos.

A menina quis um sorvete. (período simples) A menina = sujeito quis = verbo transitivo direto um sorvete = objeto direto


3  Sendo assim, notamos que: A menina quis que eu comprasse sorvete. 

Período Composto

A menina = sujeito;

quis = verbo transitivo direto

que eu comprasse sorvete = Oração subordinada substantiva objetiva direta (objeto direto do

verbo querer)


4  Consta que esses homens já foram preso. 

(1) Subjetiva: ocupa a função de sujeito. Não há sujeito na oração principal, o sujeito é a oração subordinada.

Exemplos:

É necessário que você compareça à reunião. VL + predicat. + or. subord. subst. subjetiva

Consta que esses homens já foram preso.

VI ( unipessoal) + or. subord. subst. subjetiva

Contou-se que o exame deu positivo.

VTD + PR. AP. + or. subord. subst. subjetiva


5  A dúvida é se você virá. Suj. + VL + or. subord. subst. predicativa

(2) Predicativa: ocupa a função do predicativo do sujeito. Aparece sempre depois do verbo ser.

Exemplos:

A dúvida é se você virá. Suj. + VL + or. subord. subst. predicativa

A verdade é que você não virá. Suj. + VL + or. subord. subst. predicativa


6  (3) Objetiva Direta: ocupa a função do objeto direto

(3) Objetiva Direta: ocupa a função do objeto direto. Completa o sentido de um verbo Transitivo Direto.

Exemplos:

Nós queremos que você fique. Suj. + VTD + or. subord. subst. objetiva direta

Os alunos pediram a ele que a prova fosse adiada. Sujeito + VTDI + or. subord. subst. objetiva direta

Quero saber quando entra em vigor a nova lei.

Perguntaram qual é o assunto da palestra.


7  (4) Objetiva Indireta: ocupa a função do objeto indireto.

Exemplos:

As crianças gostam (de) que esteja tudo tranquilo. Sujeito + VTI + or. subord. subst. objetiva indireta

A mulher precisa de que alguém a ajude. Sujeito + VTI + or. subord. subst. objetiva indireta


8  (5) Completiva Nominal: ocupa a função de um complemento nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio.

Exemplos:

Tenho vontade de que haja mais esperança.

Suj.desinencial (eu) + VTD + obj. dir. + or. sub. substantiva Completiva Nominal

Toda criança tem necessidade de que alguém a ame. Sujeito + VTD + obj. dir. + or. sub. Substantiva Completiva Nominal


9  Toda a família tem o mesmo objetivo: que eu passe no vestibular.

(6) Apositiva: ocupa a função de um aposto. Frequentemente é precedida por dois-pontos e, às vezes, pode vir entre vírgulas ou travessões.

Exemplos:

Toda a família tem o mesmo objetivo: que eu passe no vestibular.

Sujeito + VTD + Objeto Direto + or. subordinada substantiva apositiva


10  Orações Subordinadas Adjetivas Orações adjetivas são aquelas orações que exercem a função de um adjetivo dentro da estrutura da oração principal. Elas são sempre iniciadas por um pronome relativo e servem para caracterizar algum nome que aparece na estrutura da frase. Há dois tipos de orações adjetivas: restritivas e explicativas. 

11  Or. subord. adjetiva restritiva: funciona como adjunto adnominal e serve para designar algum elemento da frase. Não pode ser isolada por pontuação, restringe e identifica o substantivo ou pronome ao qual se refere.

Exemplo:

Amy Winehouse é uma cantora inglesa que faz muito sucesso.

Suj. + VL + predicativo + or.sub. adjetiva restritiva


12  Or. sub. adjetiva explicativa: ao contrário da restritiva, é sempre isolada por vírgulas, travessões ou parênteses. Serve para adicionar características ao ser que designa. Sua função é explicar, generalizar, ampliar o sentido.

Eu, que não sou perfeito, já cometi alguns erros graves.

Suj. + or. sub. adj. explicativa + VTD + OD


13  Orações Subordinadas Adverbiais

Existem nove tipos de orações subordinadas adverbiais. Esse tipo de oração age na frase como um advérbio, modificando o sentido de outras orações e ocupando a função de um adj. adverbial.

As orações adverbiais são sempre iniciadas por qualquer conjunção subordinativa, exceto as integrantes.

São elas:

1- Causal: designa a causa, o motivo.

Ex.: Ela cantou porque ouviu sua banda favorita.

Como ela ouviu sua banda favorita, ela cantou.

Conjunções causais: porque, já que, visto que, uma vez que (com verbo no indicativo), como (no início da oração), porquanto, na medida em que.


14  2- Comparativa: estabelece uma comparação com a oração principal.

Ex.: Ela andava leve como uma borboleta.

Conjunções comparativas: como, bem como, assim como, mais... (do) que, menos... (do) que, tão... quanto/como, tanto... quanto/como, tal qual.

3- Conformativa: expressa conformidade ou algum tipo de acordo com a oração principal.

Ex.: Como eu havia te falado, o show foi ruim.

Conjunções conformativas: conforme, como, segundo, consoante.

4- Concessiva: expressa um fato contrário ao expresso na oração principal, mas insuficiente para impedi-lo.

Ex.: Embora o show estivesse bom, não demorou nada para terminar.

Conjunções concessivas: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, se bem que, apesar de que, nem que.


15  5- Consecutiva: é a consequência da oração principal.

Ex.:Comecei o dia tão mal que não consegui me concentrar no trabalho.

Conjunções consecutivas: que (precedida de tal, tão, tanto, tamanho), de modo que, de maneira que, de forma que, de sorte que.

6- Condicional: é a condição da oração principal.

Ex.: Caso não viaje, vou ao show da Amy.

Conjunções condicionais: se, caso, desde que, contanto que, exceto se, salvo se, a menos que, a não ser que, sem que, uma vez que (com verbo no subjuntivo).

16  7- Final: indica finalidade, propósito para que aconteça a oração principal.

Ex.: Não vou fechar os portões da biblioteca, para que você possa fazer sua pesquisa.

Conjunções finais: a fim de que, para que, que, porque (= para que).

8- Proporcional: indica proporção.

Ex.:Quanto mais você fumar, mais grave ficará sua doença.

Conjunções proporcionais: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto menos.

17  9- Temporal: localiza a oração principal em um determinado tempo.

Exemplos:

Quando você voltar, nós conversaremos .

Assim que você voltar, nós conversaremos.

Conjunções temporais: quando, enquanto, antes que, logo que, assim que, depois que, sempre que, desde que, até que, toda vez que, mal.

18  As orações coordenadas são classificadas em: sindéticas e assindéticas

As orações coordenadas são classificadas em: sindéticas e assindéticas. - Sindéticas: orações coordenadas introduzidas por conjunção. Ex.: Deve ter chovido à noite, pois o chão está molhado. - Assindéticas: orações coordenadas que não são introduzidas por conjunção. Ex.: Tudo passa, tudo corre: é a lei. Orações coordenadas sindéticas As orações coordenadas sindéticas são classificadas de acordo com a conjunção coordenativa que as introduz. Podem ser:


19  (1) Aditivas: estabelecem ideia de adição, soma. 

Ex.: (1) Não venderemos a casa, / (2) nem (venderemos) o carro. (1) coordenada assindética (2) coordenada sindética aditiva

São conjunções aditivas: e, nem, mas também, mas ainda, como também (depois de não só).

(2) Adversativas: estabelecem oposição, adversidade.

Ex.: (1) Gostaria de ter viajado,/ (2) contudo não tive férias.

(1) coordenada assindética

(2) coordenada sindética adversativa

São conjunções adversativas: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, não obstante, senão (= mas sim).


20  Ex.: (1) Siga o exemplo de solidariedade / (2) ou fique em casa.

(3) Alternativas: estabelecem alternância.

Ex.: (1) Siga o exemplo de solidariedade / (2) ou fique em casa.

(1) coordenada assindética

(2) coordenada sindética alternativa

São conjunções alternativas: ou (repetido ou não), ora, já, quer, seja (repetidos).


21  (2) coordenada sindética conclusiva 

(4) Conclusivas: estabelecem conclusão.

Ex.: (1) São todos cegos, / (2) portanto não podem ver. (1) coordenada assindética

(2) coordenada sindética conclusiva

São conjunções conclusivas: portanto, logo, por isso, por conseguinte, pois, assim.

(5) Explicativas: estabelecem explicação.

Ex.: (1) Senti frio,/ (2) porque estava sem agasalho. (1) coordenada assindética (2) coordenada sindética explicativa

São conjunções explicativas: que, porque, pois, porquanto.

domingo, 20 de março de 2022

Lista de homônimos e parônimos

 acender - iluminar / ascender - subir

acento - sinal gráfico / assento - lugar de sentar-se

aço - metal / asso - do verbo assar

acessório - o que complementa o essencial / assessório - relativo a assessor

acerto - ato de acertar / asserto - afirmação, declaração

caçar - capturar animais / cassar - anular

cela - pequeno quarto / sela - arreio

censo - recenseamento / senso - juízo

cerrar - fechar / serrar - cortar

cerração - nevoeiro denso / serração - ato de cerrar

cessão - ato de ceder, doação / sessão - reunião, intervalo de tempo / seção - setor, departamento

cesta - utensílio / sexta - numeral ordinal, dia da semana / sesta - descanso após o almoço

cito - do verbo citar / sito - situado

cismo - do verbo cismar / sismo - terremoto

chá - bebida / xá - soberano do Irã

cheque - documento bancário / xeque - lance do xadrez

concerto - evento musical / conserto - reparo

cozer - cozinhar / coser - costurar

decente - adequado, honesto / descente - que desce

expiar - sofrer castigo / espiar - observar

experto - especialista / esperto - inteligente

extático - maravilhado / estático - firme

expirar - terminar / espirar - soprar, exalar

extremar - exaltar / estremar - delimitar

extremo - distante / estreme - sem mistura, puro

extrato - que se extraiu / estrato - camada, tipo de nuvem

empossar - dar posse / empoçar - formar poça

inserto - inserido / incerto - duvidoso

intenção - plano, desejo / intensão - intensidade, força

intercessão - ato de interceder / interseção - ato de cruzar

incipiente - iniciante, inexperiente / insipiente - ignorante

laço - nó, vínculo, cilada / lasso - frouxo

paço - palácio, sede de governo municipal / passo - etapa, movimento

ruço - grisalho, desbotado / russo - da Rússia

remição - resgate / remissão - perdão

servo - serviçal, escravo / cervo - veado

saldar - liquidar / saudar - cumprimentar

taxar - estabelecer preço / tachar - censurar


absolver - perdoar / absorver - sorver

acostumar - contrair hábito / costumar - ter por hábito

amoral - estranho à moral / imoral - contrário à moral

apóstrofe - figura de linguagem / apóstrofo - sinal gráfico

aprender - adquirir conhecimento / apreender - assimilar; confiscar

arrear - pôr arreios / arriar - abaixar

cavaleiro - que anda a cavalo / cavalheiro - homem gentil

comprimento - extensão / cumprimento - ato de cumprir, saudação

conjuntura - situação / conjectura - suposição

deferir - autorizar / diferir - diferenciar, adiar

deletar - apagar / delatar - denunciar / dilatar - estender

descrição - ato de descrever, tipo de texto / discrição - qualidade de discreto

descriminar - inocentar / discriminar - separar, especificar

despensa - copa / dispensa - demissão, licença

destratar - insultar / distratar - desfazer

discente - relativo a alunos / docente - relativo a professores

estada - permanência de pessoas / estadia - permanência de veículos

emergir - vir à tona / imergir - mergulhar

emigrar - sair do país / imigrar - entrar no país / migrar - deslocar-se

eminente - ilustre / iminente - prestes a acontecer

elidir - eliminar / ilidir - contestar

flagrante - evidente / fragrante - perfumado

fluir - transcorrer / fruir - desfrutar

fuzil - arma de fogo / fusível - peça de instalação elétrica

incidente - episódio / acidente - desastre

inflação - desvalorização do dinheiro / infração - violação

infligir - aplicar pena / infringir - desrespeitar

intemerato - íntegro / intimorato - corajoso

mandado - ordem judicial / mandato - tempo de um cargo político

pleito - disputa / preito - homenagem

precedente - que vem antes / procedente - que tem fundamento; proveniente

prescrever - determinar; perder a validade / proscrever - proibir; expulsar

ratificar - confirmar / retificar - corrigir

reincidir - repetir / rescindir - anular

relegar - pôr em segundo plano, exilar / renegar - renunciar

refogar - guisar / refugar - desprezar

soar - emitir som / suar - transpirar

sortir - abastecer, variar / surtir - produzir efeito

suster - sustentar / sustar - suspender

tráfego - trânsito / tráfico - comércio ilegal

triplicar - multiplicar por três, tornar três vezes maior / treplicar - responder a uma réplica

vadiar - vagabundear, divertir-se / vadear - atravessar a vau

vultoso - volumoso, importante / vultuoso - inchado

usuário - aquele que usa / usurário - avarento, agiota

sábado, 12 de março de 2022

A música na Liturgia - Pe. José Antônio

 “Aclamem a Deus, nossa força. Acompanhem, toquem os pandeiros, a harpa melodiosa e a cítara” (Sl 81,2-4). “Cantem para ele ao som de instrumentos...” (cf 1Cr 15-16). 


1. Introdução:


     Todos nós temos consciência de como a música é importante em nossa vida. Como é divina, como faz bem! Se ela é tão importante em tudo, por que não seria também na liturgia? O povo diz com sabedoria que “quem canta reza duas vezes”. E é verdade. Assim, podemos afirmar com certeza que seria quase impossível uma liturgia sem a música e sem o canto.


     O Documento da CNBB sobre a música na liturgia (Estudos, n. 79) lembra que “o canto cria comunidade, liga as pessoas entre si, e mais eficazmente as põe em sintonia com o Mistério de Deus” (n. 6).


     Sem música a liturgia é um corpo sem alma. O canto anima (dá alma), cria o clima, ajuda a rezar, interioriza, evangeliza. O povo demonstra sua fé e alegria, seu amor e gratidão a Deus por meio do canto. Os hebreus e os cristãos, indígenas e negros, quase todos os povos e culturas sempre usaram a música e a dança como elementos essenciais em seus ritos. Através do canto, revelam a alegria da festa, a unidade de coração, o compromisso com a vida. O canto expressa emoção e luta, penitência e louvor. 


     A finalidade do canto não é apenas a de tornar a celebração mais leve, gostosa, movimentada. Mas ajudar a celebrar bem. A Igreja nos ensina que não podemos nos contentar em cantar na liturgia, mas devemos cantar a liturgia (Doc. 79, n. 27).

 

     Para isso, precisamos saber distinguir bem o que é música litúrgica e o que não é:


Canto sacro: expressa um tema sagrado ou religioso, como Natal, Ave Maria;

Canto evangelizador: tem a finalidade de evangelizar e catequizar – é mais livre;

Canto litúrgico: está em função da celebração litúrgica e, por isso, ESTÁ SUJEITO ÀS NORMAS DA LITURGIA. Nem todo canto religioso é litúrgico.

 

     Toda comunidade precisa ter uma boa equipe de liturgia, para preparar bem as celebrações e ajudar o povo a celebrar melhor. Faz parte dessa equipe o grupo encarregado do canto na liturgia, não só nas missas, mas em todas as celebrações. A equipe de animação do canto ficará atenta às músicas, para que estejam de acordo com o mistério celebrado e com a comunidade celebrante, ficando responsável para que toda a assembleia tenha acesso às letras, aprenda as músicas e participe durante a celebração.


      O canto é movido pelo sentimento, mas não pode ficar no sentimentalismo. A poesia é importante, mas não deve ser alienante. Assim, o canto litúrgico deve ter inspiração bíblica, levar à oração, evangelizar, ajudar na ligação entre fé e vida.


     Na verdade, o tipo de músicas que escolhemos para a celebração retrata a eclesiologia que temos:


     a) Se temos uma Igreja mais TRIUNFALISTA, cantaremos: “Qual resplende em manhãs purpurinas... Tu, que és rei, e que os povos dominas, firma aqui teu trono, ó Jesus...”;


     b) Se é uma Igreja ALIENADA E INTIMISTA, diremos: “Eu navegarei no oceano do Espírito...”; “Pai, meu Pai... cuida de mim”...;


     c) Uma Igreja PROFÉTICA E ENCARNADA: “Javé, o Deus dos pobres, do povo sofredor...”, “Comungar é tornar-se um perigo...”;


     d) Igreja que une POESIA E PROFECIA: “Tua Igreja é um corpo... e há no corpo, certamente, coração...”; “Quando o dia da paz renascer...”.


     Como na assembleia há pessoas de todos os tipos e idades, o ideal é conseguir o equilíbrio entre a emoção, a poesia, a profecia, a reflexão, a oração. Como a eucaristia é comunitária e familiar, evitamos também algo voltado só para crianças ou para jovens. O ideal é que todos se sintam contemplados.


     O documento 79 alerta para o perigo de que os cantos sejam escolhidos de qualquer jeito e fiquem distantes do mistério celebrado e dos textos litúrgicos, correspondendo apenas ao gosto de quem escolhe, sobretudo quando se trata de alguns movimentos e grupos (n. 43). Alguns vão muito pelo caminho do individualismo intimista e sentimentalista (n. 44); outros partem para o militantismo, realçando a luta sem a mística (n. 45). Uns ficam só no tradicional, outros só querem o novo e o que lhes agrada, esquecendo-se que a assembleia é muito diversificada e todos têm o direito de participar (n. 175).


     Entre os cuidados a serem tomados está o de evitar todo e qualquer improviso. Os cantos devem ser preparados com antecedência, para evitar conversas e cochichos durante a celebração: um péssimo ruído. Outro cuidado é o de não ficar escravos dos chamados “folhetos litúrgicos”, que acomodam as equipes, matam a liturgia e podem tornar a celebração muito distante da realidade local.  


2. Equipe de canto1


     A equipe de canto tem a função de ajudar o povo a cantar, envolvendo toda a assembleia. NÃO SE TRATA DE CORAL PARA SE APRESENTAR, mas um grupo que SUSTENTA O CANTO E LEVA O POVO A PARTICIPAR. Além disso, é essencial que o próprio grupo PARTICIPE DA CELEBRAÇÃO, rezando, ouvindo com atenção as leituras, e nunca cochichando, mexendo com instrumentos, andando, como se não estivesse celebrando. O canto litúrgico não é uma apresentação, mas uma oração.


     Ao grupo de cantores cabe executar as partes que lhe são próprias e promover a ativa participação dos fiéis no canto. “O coral desempenha verdadeiro ministério ou função litúrgica... e por isso é importante para uma celebração viva...”  Entre suas FUNÇÕES, podemos citar: enriquecer o canto do povo... criar espaços de descanso que fomentem a contemplação... dar um colorido próprio às celebrações... animar o canto da assembleia, guiando e sustentando as vozes do povo (Doc. 79, nn. 254-255).


     “Cada um dos membros do coral deve ser incentivado à participação plena na celebração, dos ritos iniciais aos ritos finais, como ouvintes atentos da Palavra... participantes fervorosos do Mistério da Fé, evitando comportamentos que deixem a desejar ou desedifiquem a assembleia e desmereçam o próprio ministério” (Doc. 79, n. 260 e IGMR, n. 274).


     Como é função do coral ajudar o povo a participar, é um grande desrespeito à assembleia e desserviço à liturgia entoar cantos que a assembleia desconheça ou dos quais não tenha a letra para acompanhar. Além disso, deve estar bem claro que O CANTO ESTÁ A SERVIÇO DA CELEBRAÇÃO, E NÃO A CELEBRAÇÃO A SERVIÇO DO CANTO. O CORAL ESTÁ A SERVIÇO DA LITURGIA, E NÃO A LITURGIA A SERVIÇO DO CORAL.


     Nas igrejas onde há muitas missas no domingo, não faz sentido cantar em cada uma músicas diferentes, de acordo com o gosto do coral. Deve haver mais sintonia, unidade, coerência.


     Uma  coisa muito importante é a sintonia entre a equipe de animação do canto e o presidente da celebração, bem como com outros ministros. O presidente deve saber tudo o que vai ser cantado para evitar desencontros. Os leitores devem saber, por exemplo, se o salmo será cantado ou não, ou se apenas o refrão será cantado.

 

     Quanto ao LOCAL onde ficar, há um documento da Santa Sé que diz que “o grupo dos cantores, segundo a disposição de cada igreja, deve ser colocado de tal forma que se manifeste claramente sua natureza, isto é, que faz parte da assembleia dos fiéis, onde desempenha um papel particular; que a execução de sua função se torne mais fácil; e possa cada um de seus membros facilmente obter uma participação plena na Missa, ou seja, participação sacramental”2.


     A Instrução Geral dá a seguinte orientação: “O órgão e outros instrumentos musicais sejam colocados em tal lugar que possam sustentar o canto do grupo de cantores e do povo e possam ser facilmente ouvidos, quando tocados sozinhos” (n. 313).


     O documento da CNBB diz que “para poder exercer sua função ministerial junto à assembleia, o coral se poste de tal forma, que fique próximo dos fiéis na nave, à frente, entre o presbitério e a assembleia, sem impedir a visão do povo, e não longe dos instrumentos de acompanhamento” (n. 258) . Não, portanto, no coro.


     O que se diz do grupo de cantores vale também para os outros músicos e para o organista. 


3. Animador(a) do canto


     Convém que haja um(a) animador(a) para DIRIGIR E SUSTENTAR o canto do povo. Alguém que fique em um lugar visível, e seja como o “maestro” para conduzir a assembleia. Mesmo não havendo um grupo de cantores, compete a essa pessoa dirigir os diversos cantos, com a devida participação do povo. Para isso, é necessário que ensaie antes e ensine à assembleia os novos cantos.


     Não é função do(a) animador(a) fazer “show”. Animar não significa ficar gritando: “todo mundo”, “mais forte”, “só vocês”, “com palmas”... Conseguimos tudo isso só com gestos ou conduzindo com nosso modo de cantar. Nem precisa cantar o tempo todo no microfone. É preciso deixar a assembleia cantar para que sinta a necessidade e importância da sua participação. Pode também sugerir formas variadas de participação: todos juntos, revezamento coral-assembleia, solo-assembleia, homens-mulheres. Animar é dar alma, dar vida, ajudar a rezar.

 

     Deve chegar antes para ensaiar com a assembleia. Para o ENSAIO, algumas orientações são importantes:


     a) Nunca dizer que o canto é difícil ou feio; b) dar uma breve explicação do canto, chamando a atenção para alguma mensagem que ele transmite ou sua ligação com a bíblia e com a vida; c) orientar a assembleia para ouvir primeiro umas três vezes e, só depois, começar a cantar; d) evitar dar muito volume à voz; elogiar a participação da assembleia para motivá-la; e) procurar manter uma expressão facial alegre; f) saber usar bem a respiração. g) Cantar não apenas com a boca, mas com todo o ser. 


4. Instrumentistas


      Os instrumentos são de suma importância para garantir a BELEZA E O RITMO dos cantos.


De modo geral, todos os instrumentos são permitidos, desde que adaptados à cultura da assembleia celebrante, e que possam ajudar na execução dos cantos. Em alguns momentos, podem ser executados sozinhos, como, por exemplo: antes da celebração, para criar clima de recolhimento; durante a procissão das oferendas ou da comunhão, entre uma estrofe e outra do canto. Contudo, não se deve tocar durante as leituras e a oração eucarística (doc. 79, n. 264).

 

     Um exemplo interessante é o uso do atabaque para o clima de silêncio e recolhimento. Porém, os instrumentos devem se adaptar ao tipo de música: suave, animada, ritmada, livre... Nos cantos mais ritmados e festivos, usam-se mais instrumentos. Nos cantos suaves, como ato penitencial e salmo de resposta, pode ser só o órgão ou violão dedilhado.


      É fundamental que o instrumento JAMAIS ABAFE a voz. É importante também estar atentos à proporcionalidade: não fica bem um simples violão para animar uma catedral, e uma banda enorme para uma pequena capela. O mesmo serve para o volume. Atenção também para a percussão, que não deve anular a harmonia do grupo. Quem executa o instrumento deve também ser movido por uma atitude espiritual, possuir mística. Estar ali para servir, e não para se exibir; para rezar e celebrar, não para se apresentar. 

 

5. Salmista


        Uma função importantíssima é da pessoa encarregada de proclamar o salmo ou outro cântico bíblico colocado entre as leituras.


  Como os salmos são hinos, é bom que seja cantado, sobretudo nas celebrações dominicais. A melodia ajuda a rezar. Uma boa voz tornará a oração mais bela.

 

     O(a) salmista deve ficar no ambão, a fim de que seja visto(a) pela assembleia. Canta o refrão sozinho(a) a primeira vez e, depois, junto com a assembleia. Após cada estrofe, faz sinal para que a assembleia entoe o refrão, sem repetir. Deve cantar o salmo de fato rezando e ajudando o povo a rezar. Se não for possível cantar todo o salmo, cante-se pelo menos o refrão. 


6. O corpo e a dança


      Também a dança faz parte da celebração. Os bispos do Brasil afirmam que "nossa liturgia deve abrir espaço para as expressões do nosso povo”.  


“A dança passa a ser uma questão de coerência e fidelidade a nossas raízes indígenas, ibéricas e africanas, que deram origem a um povo dançante, que tem direito a uma expressão litúrgica, na qual a dança seja um ponto alto” (CNBB, doc. 79, n. 208).

 

     Naturalmente, o uso da dança está ligado ao equilíbrio, à criatividade, à cultura do povo que celebra. Além da arte, deve transparecer a mística de quem a executa e o seu sentido litúrgico, ligado à celebração do mistério pascal. O local deve contar com um espaço que favoreça os movimentos e a visão da assembleia.


      O que foi dito para a música vale para a dança: não se trata de dançar na liturgia, mas de dançar a liturgia, acompanhando a procissão (como da bíblia e das oferendas), o salmo, o canto do santo etc. 


7. Graus de importância dos cantos litúrgicos


      Os documentos da Igreja classificam em três graus de importância os cantos na celebração:


a) Primeiro grau (os mais importantes):


Saudação à Santíssima Trindade, respostas da Oração Eucarística, oração presidencial, aclamação ao Evangelho, diálogo inicial, prefácio e Santo, doxologia final.


b) Segundo grau:


Ato penitencial, Glória, Cordeiro de Deus, profissão de fé, respostas das preces.


c) Terceiro grau (de menor importância):


Cantos processionais (como entrada, comunhão) e leituras. É bom lembrar que os cantos que apenas acompanham um rito (entrada, preparação das oferendas, comunhão) não devem se prolongar após o rito. Terminada a entrada, a preparação das oferendas, a comunhão, cessam os cantos. Podem também ser omitidos ou substituídos por música instrumental

O mais importante é a procissão, o canto é mero acessório.

8. Algumas dicas:


     a) Os cantos devem acompanhar o ritmo da celebração, que oscila entre altos e baixos, como a própria vida. Devem estar em sintonia com os textos bíblicos de cada celebração, especialmente com o Evangelho. Estejam de acordo com o tipo de gesto ritual (caminhada, aclamação, perdão);


     b) Antes da celebração, é bom cantar um MANTRA, para criar o clima. Mantra é um pequeno refrão, de melodia fácil e orante, que se canta repetidamente, dispensando os comentários iniciais. Ele facilita a interiorização, gera silêncio interior e exterior, acalma, nos põe em sintonia com Deus. Deve ser cantado sempre de maneira bem suave;


     c) O canto de abertura deve formar a assembleia e apresentar o sentido da celebração. É comum o(a) animador(a) dizer: “Vamos cantar para receber o celebrante”. Há um erro: o canto não é para receber ninguém, mas formar a comunidade;


     d) O sinal da cruz pode ser adaptado, mas nunca substituído por outro canto com letra diferente e nem repetir a expressão “em nome”. O ato penitencial deve realçar mais a misericórdia de Deus do que o nosso pecado (“Senhor, que sois misericórdia e perdão, tende piedade...”). Em alguns domingos, pode ser substituído pela aspersão em recordação do batismo;


     e) O glória, por ser hino, é melhor que seja cantado, embora seja possível recitá-lo. Não se trata de um hino trinitário, mas cristológico. Deve-se priorizar os hinos com a letra oficial ou com versões aprovadas pela CNBB. Mesmo que se mudem as palavras, não deve fugir muito do original.


     f) De vez em quando pode-se também fazer a entrada solene da Bíblia, com canto, dança ou coreografia. Pode-se também cantar um refrão convidando a assembleia a acolher bem a Palavra que será proclamada. 

Normalmente se usa nos domingos de setembro ou quando se pretende destacar a Palavra de Deus.


     g) O salmo não deve ser substituído por um canto de meditação. Trata-se de uma continuação, em forma de resposta, da primeira leitura. Sendo assim, ou se usa o próprio salmo, ou um canto que seja uma extensão, em forma de prece, da leitura proclamada.


     h) O canto de aclamação ao Evangelho deve ser curto, alegre, vibrante. Sempre se canta o “Aleluia”, exceto na Quaresma. É bom que expresse a importância da Palavra para a vida, ou que esteja ligado ao Evangelho que será proclamado. Após a proclamação, fica bem repetir o refrão do canto.


     i) O canto para a preparação das oferendas não precisa obrigatoriamente de falar sobre pão e vinho. Pode falar do tema da liturgia ou do oferecimento da própria vida a Cristo. É um canto mais livre. Evitar chamar esse momento de ofertório, porque a verdadeira oferta só acontece depois da Consagração.


     j) O santo também fica melhor cantado, e pode ter, de vez em quando, uma coreografia. Como no glória, deve-se priorizar a letra oficial ou semelhante ao original.


     l) Durante a consagração não se canta. Faz-se silêncio. Após a consagração, evitar cantos eucarísticos, para não desviar da dimensão central da Eucaristia, que é Ceia, banquete sagrado, renovação do mistério pascal, e não um momento de louvor à Presença Real.


     m) A doxologia (Por Cristo, com Cristo) é o ponto alto; deve ser cantada, e o Amém bastante alegre e solene. Como se fosse o auge de uma ópera.


     n) De vez em quando, pode-se cantar o Pai-nosso. Por se tratar de um texto bíblico, sua letra pode ser adaptada, mas nunca substituída.


     o) Durante o abraço da paz, quando antes da comunhão, é melhor não cantar, mas deixar que as pessoas se cumprimentem, desejando a paz. Isso evita a dispersão.


     p) Entre o abraço da paz e o Cordeiro, é mais importante cantar este último, momento da fração do pão, do Cristo que se parte e se reparte. A oração do Cordeiro de Deus nunca deve ser usada com o objetivo de conseguir silêncio após o abraço.


     q) O canto para a comunhão deve ser mais processional. Quando possível, escolher músicas cuja letra fale da Eucaristia, ou esteja ligada ao Evangelho do dia ou ao tempo litúrgico que se celebra. Não necessariamente precisa ter a ver com comunhão. O canto de comunhão pode ser também substituído por música instrumental ou  pelo silêncio. 


     r) Após a comunhão, fazer silêncio. É o momento da oração pessoal, de curtir o mistério celebrado. De vez em quando, pode-se também cantar ou tocar uma música, sem, contudo, sacrificar o tempo litúrgico reservado ao silêncio.


     s) Quando se desejar que a assembleia participe do canto final ou de envio, é melhor cantá-lo antes de despedir o povo. Caso contrário, despede-se a assembleia e o grupo de animação do canto o entoa. Esse canto deve ser alegre, convidando para a missão, para continuar na vida a eucaristia celebrada. Termina a missa, começa a missão.


     t) É preciso cuidado com as missas dos chamados “meses temáticos” (vocações, Bíblia, missões), missas temáticas, ou aquelas preparadas pelos “folhetos litúrgicos”, que, muitas vezes, levam a uma total dicotomia (separação) entre o canto e a liturgia. Nunca é demais repetir: a música não é um apêndice, um enfeite, algo paralelo, mas parte integrante da celebração. 


9. Alguns problemas:


     Em termos de comunicação, existem alguns problemas que não favorecem a execução do canto: instalação ou regulagem inadequada do serviço de som, abuso do microfone e do volume dos instrumentos, excesso de instrumentos.


     A demasiada mudança de repertório pode dificultar a participação. Muitas missas transmitidas pela televisão, pela internet e pelo rádio fogem a toda orientação litúrgica. Não podemos embarcar na onda deles. 

10. Animação do canto como ministério


     Graças às equipes de canto, “em numerosas comunidades, as celebrações vão se tornando mais vivas e vibrantes, e o canto de toda a assembleia se amplia e cresce” (Doc. 79, nº 12).


      Mas para cumprir bem esse serviço sagrado, verdadeiro ministério eclesial, é fundamental que os cantores e todos aqueles que exercem o ministério da música sejam portadores de uma profunda mística, uma motivação de amor e de fé, sem a qual o serviço prestado perderá o seu valor e não cumprirá a sua função. 


11. Dicas para os compositores


11.1. Função ministerial da música3


      Como a música litúrgica deve se adequar às normas da liturgia, é importante que obedeça a certos requisitos, como:


Esteja intimamente ligada à ação litúrgica;

Não use melodias que já revestiram outros textos não-litúrgicos;

Respeite a sensibilidade religiosa do nosso povo;

Empregue, de maneira equilibrada, as constâncias melódicas e rítmicas da folcmúsica brasileira;

Leve em conta o tempo do ano litúrgico;

Seja adequada ao tipo de celebração na qual será executada;

Esteja em sintonia com os textos bíblicos de cada celebração, especialmente com o Evangelho, no que se refere ao canto de comunhão;

Esteja de acordo com o tipo de gesto ritual;

Expresse o mistério vivido de determinada comunidade;

Tenha um texto bíblico, ou inspirado na Bíblia, uma linguagem poética e simbólica e um caráter orante; 

Se expresse na linguagem verbal e musical, no “jeito” da cultura do povo local;

Não seja banal, mas artística e bonita.

 

      É importante resgatar expressões culturais presentes na prática popular, como folias do Divino, ternos de Reis, e tantas outras.


      Levar também em consideração a herança da cultura africana e indígena, tão presente em nosso povo. 


11.2. Letrista


      De acordo com o documento 79 da CNBB, dos números 224 ao 231, em se tratando de Liturgia, a letra tem prioridade sobre a música; ou seja, a música está a serviço da letra. A melodia deve ajudar a realçar o conteúdo, a poesia, a dimensão da fé.


      A primeira inspiração deve ser a vida, porque as comunidades se reúnem para celebrar a vida. Por isso, é importante que o compositor esteja bem ligado ao povo e sua cultura, seus anseios e lutas. Como diz a Gaudium et Spes: As alegrias e esperança, tristezas e angústias do povo, devem ser também nossas.


      Uma exigência fundamental é a referência à Bíblia, Palavra de Deus que ilumina e orienta a vida. É fundamental o conhecimento bíblico e familiaridade com a Palavra de Deus. Os salmos e cânticos bíblicos são uma ótima fonte de inspiração; o melhor modelo de letra.


      Deve-se também levar em conta a função específica do canto ao longo da celebração, estar de acordo com o significado e o objetivo de cada momento. As letras sejam poéticas e orantes, não explicativas ou doutrinárias. A celebração não é para ser explicada, mas para ser vivida. Evitar expressões desbotadas, forçadas, ou um simples jogo de rimas.


      As letras sejam apropriadas para os diversos gêneros musicais e suas funções específicas na liturgia: hinos, com ou sem refrão, recitativos, aclamações, proclamações, responsórios.


      Deve-se priorizar a métrica, para facilitar o encaixe da melodia; a cadência ou ritmo, com os acentos no lugar certo; a rima, que ajuda a memorizar e dá beleza; as figuras de linguagem, como metáforas e símbolos que dão beleza e leveza à letra.


      Toda música destinada a encontros e celebrações deve ter um caráter comunitário, nunca subjetivo e individualista (voltada para o “EU”). Ninguém celebra sozinho. A celebração é da comunidade e para a comunidade. O documento da CNBB registra alguns sintomas preocupantes das letras atuais:


       a) substituição dos textos litúrgicos por letras de grande pobreza existencial, poética e teológica;


      b) exagerado sentimentalismo, com a primeira pessoa, desvirtuando a dimensão comunitária da fé, numa busca de emoções que reduz a relação com Deus a mero jogo de sentimentos, sem a profundidade e a amplitude do compromisso cristão;


      c) exagerado militantismo: cantos que pregam com insistência a luta pela justiça social, sem levar em conta a experiência espiritual, as questões de fé, a referência essencial a Jesus Cristo, a dimensão poética e orante do canto litúrgico.  


      No número 231, o documento nos deixa alguns lembretes:


      a) Os versos tenham um fraseado popular, evitando frases demasiadamente longas;


      b) A letra dos hinos estróficos siga a mesma métrica em todas as estrofes, o mesmo padrão de sílabas acentuadas (ou tônicas) e não acentuadas (átonas), para evitar atropelamentos na hora da execução. A métrica é o número de sílabas de cada verso.


      c) Embora a rima sozinha não seja por si só poesia, ela facilita a memorização e a execução do canto, além de tornar a letra mais popular.


      d) Usar sempre de imagens, como as metáforas, e símbolos. 

11.3. Músico


      Dos números 332 ao 238 o documento traz orientações para os compositores. Começa dizendo que uma boa dica é mostrar primeiro a composição para outros músicos avaliarem, além de fazer um teste com algum grupo ou comunidade.


      A música deve levar em conta o momento litúrgico e sua destinação. Além disso, deve se adaptar à cultura do povo, mas evitar o uso de melodias já existentes, com uma simples adaptação.


      Quanto à estrutura e à execução, a música tem três formas:


Direta: executada pelo grupo ou assembleia, sem refrão ou alternância (leituras, prefácio...)

Dialogada: solista e grupo, solista e assembleia, grupo e assembleia (saudações, salmos, diálogo do prefácio, ladainhas)

Alternada: dois grupos da própria assembleia, como lado A e lado B, ou coro masculino e feminino.

 

      O estilo mais comum e mais fácil para o povo é a música que tem um refrão e as estrofes, pois facilita a participação da assembleia. 

      Alguns lembretes:


      A melodia deve se casar com a letra, estar de acordo. Se a letra diz uma coisa e a música diz outra, fica confuso. Por exemplo, a melodia do Ato penitencial deve ser mais orante, expressar arrependimento e perdão. A letra tem prioridade na liturgia, e a melodia deve se adaptar a ela.


A música litúrgica deve ser feita prioritariamente para ser executada pela assembleia. Por isso, devem-se evitar músicas específicas para solo, bem como evitar o uso de notas muito graves ou muito agudas. Que tenham pausas de respiração nos momentos certos, que o acento rítmico coincida com o acento tônico da palavra.

 

      Evitar, por exemplo que, ao cantar, tenha-se que pronunciar “terrá, horá, lóuvor”).


      A linha melódica deve ser fluente, bonita e lógica, que dê beleza, torne a música mais fácil, e se evite que fique enfadonha, cansativa, monótona, repetitiva ou difícil. A música não precisa ser banal, pode ter variantes e “dissonâncias” que dêem beleza, mas não deve ser muito complicada e difícil para o povo.


      Já os cantos para encontros e para a evangelização, embora devam levar em contas muitas das orientações acima, têm uma liberdade maior. 

Acréscimo:


BENTO XVI –  na Exortação apostólica Sacramentum Caritatis nº 42 afirma: “Na arte da celebração, ocupa lugar de destaque o canto litúrgico. Com razão afirma Santo Agostinho, num famoso sermão: « O homem novo conhece o cântico novo. O cântico é uma manifestação de alegria e, se considerarmos melhor, um sinal de amor ». O povo de Deus, reunido para a celebração, canta os louvores de Deus. Na sua história bimilenária, a Igreja criou, e continua a criar, música e cânticos que constituem um patrimônio de fé e amor que não se deve perder. Verdadeiramente, na liturgia, não podemos dizer que tanto vale um cântico como outro; a propósito, é necessário evitar a improvisação genérica ou a introdução de gêneros musicais que não respeitem o sentido da liturgia.


Enquanto elemento litúrgico, o canto deve integrar-se na forma própria da celebração;  consequentemente, tudo — no texto, na melodia, na execução — deve corresponder ao sentido do mistério celebrado, às várias partes do rito e aos diferentes tempos litúrgicos.

 

Enfim, embora tendo em conta as distintas orientações e as diferentes e amplamente louváveis tradições, desejo — como foi pedido pelos padres sinodais — que se valorize adequadamente o canto gregoriano, como canto próprio da liturgia romana.

4 partes da Missa:

Ritos Iniciais - Canto e Procissão de Entrada, Acolhida, Ato Penitencial ou Bênção da Água e Aspersão, Hino de Louvor (Glória) (exceto no Advento e na Quaresma) e Oração do Dia (Coleta)
Liturgia da Palavra - Primeira Leitura, Salmo Responsorial, Segunda Leitura (nos domingos e solenidades), Sequência (quando prescrita), Aclamação ao Evangelho, Proclamação do Evangelho, Homilia, Profissão de Fé (Creio) (nos domingos e solenidades), Oração dos Fiéis (Oração Universal)
Liturgia Eucarística:
1ª Parte - Preparação das Oferendas: Preparação do Altar, Procissão das Oferendas, Apresentação das Oferendas, Coleta, Lavar as Mãos, Orai Irmãos e Irmãs, Oração Sobre as Oferendas
2ª Parte - Oração Eucarística (Anáfora): Diálogo Inicial, Prefácio, Santo, Epiclese
(Invocação do Espírito Santo), Narrativa da Instituição e Consagração, Anamnese (Memorial), Oblação (Ofertório), Segunda Epiclese, Intercessões (Orações pela Igreja) e Doxologia Final
3ª parte - Rito da Comunhão: Pai-Nosso, Embolismo, Doxologia, Oração pela Paz, Abraço da Paz (facultativo), Fração do Pão, Cordeiro de Deus, Convite à Comunhão, Apresentação (Eis o Cordeiro de Deus...), Resposta da Assembleia (Senhor, eu não sou digno/a...), Canto e Distribuição da Comunhão, Ação de Graças, Interiorização (muito importante), Purificação dos Vasos Sagrados e Oração Depois da Comunhão
Ritos Finais - Avisos, Bênção Final, Despedida e Canto Final

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Mudanças na rede Telecine

 O canal Telecine, foi transmitido pela primeira vez no ano de 1991, criado pela Globosat para atender os assinantes da antiga NetSat, Net Cabo e posteriormente a Sky, o canal exibia filmes para todos os gostos, mas como todo canal Premium, sem intervalos comerciais.




O Telecine cresceu, e ganhou novos irmãos, divididos por números, de acordo com o gênero de filme: Telecine 2, Telecine 3, Telecine 4, Telecine 5.


 


Algum tempo depois, uma nova modificação nos canais de filmes da Globosat era anunciada, além de novos logos, eles iriam ganhar novos nomes: Telecine Premium - com o programa Cineview, Telecine Action, Telecine Emotion - com o programa Por Falar em Cinema, Telecine Happy e Telecine Classic - com o programa Cinema com Rubens Ewald Filho, a proposta era dar identidade a cada canal, especificando o gênero de cada um.


 




Insatisfeita, a Globosat acabou fazendo outra mudança, transformou o Telecine Emotion no Telecine Light, o Telecine Happy virou Telecine Pipoca e Telecine Classic se tornou Telecine Cult.

Por causa de pesquisas que detectaram que o público associava o termo 'Emotion' a dramas, a filmes pesados, e sua vida, as novelas e os noticiários já eram dramáticos o suficiente, o telespectador queria um canal com filmes leves, para relaxar após um dia tenso.


 


       


Conseguiu decorar o nome de todos os canais Telecines depois de tanto troca-troca?


Em 22/10/2010 o assinante que já estava acostumado com os "novos" Telecines, mais uma vez, tiveram que pegar o bloquinho de anotações e registrar mais uma vez outra mudança da Rede Telecine. Os canais também ganharam novas logos e vinhetas. O Pipoca se tornou uma extensão do Premium com dual áudio e multi legendas.


 


Lembra do Telecine 3, que já foi Telecine Emotion e Telecine Light, pois é, a partir de outubro de 2010 mudou de nome pela quarta vez, e passou a se chamar Telecine Touch, além dessa mudança os cinco Telecines ganharam o sexto irmão, o Telecine Fun.


Veja como ficaram os canais Telecines em 22/10/2010:




Telecine Premium - O canal exibe os principais filmes, estreias e filmes ganhadores de prêmios renomados. Todo sábado, estreia um filme de sucesso na sessão Superestreia, às 22h, com reprise todo domingo às 20h, no Telecine Pipoca. 


Telecine Premium HD - é a versão HD do principal canal da rede, lançado dia 22 de Outubro de 2010. Exibe na programação, uma seleção de filmes de diversos gêneros e em alta definição com som Dolby Digital 5.1. É o sucessor do Telecine HD.


Telecine Action - Dedicado exclusivamente a exibição de filmes de ação, suspense, terror, guerra, ficção científica, western e eróticos.


Telecine Action HD - Lançado no dia 22 de Outubro de 2010, o canal é a versão em Alta Definição do canal Telecine Action.


Telecine Touch - Lançado no dia 22 de Outubro de 2010, é dedicado para a exibição de filmes de romance, drama e de temática mais séria. Exibe produções independentes mundiais na sessão Cinemundi, que mostra produções fora do âmbito de Hollywood. Exibe também biografias, documentários e filmes religiosos.

É o retorno do Telecine Emotion, que em 2007 deu lugar ao Light.


Telecine Fun - foi lançado oficialmente no dia 22 de Outubro de 2010. Focado em animações, aventuras, musicais, comédias, comédias românticas e filmes infantis dublados. 

É o retorno do Telecine Happy, que em 2004 deu lugar ao Pipoca.


Telecine Pipoca - Exibe os principais filmes e estreias de todos os gêneros, exceto erótico, ganhadores do Globo de Ouro, Oscar e outros prêmios. Diferente dos outros canais, não exibe seus filmes legendados, e sim dublados. Tem origem na sessão dublada 'Sessão Pipoca', do Telecine Happy.


Telecine Pipoca HD - foi escolhido por meio de uma votação, em parceria com a NET. O canal estreou no dia 31 de janeiro de 2010, trazendo os melhores filmes dublados e em alta definição.


 


Telecine Cult - Exibe exclusivamente produções independentes e internacionais, filmes temáticos, filmes de arte, produções europeias, asiáticas e latinas, com programação direcionada para cinéfilos, jovens curiosos, idealistas, criativos e ousados e também apresenta filmes clássicos. Exibe também a sessão 'Cinemundi', que era exibida no Telecine Emotion.


Em junho de 2008, estreou a revista eletrônica Moviebox, apresentada pelo ator Daniel de Oliveira, com entrevistas e reportagens sobre os lançamentos do universo cinematográfico, e em julho, o concorrente do Fox, TNT e Space, o Megapix. Também foi lançado o Telecine Productions, elo que garante a co-produção e a divulgação de títulos em parceria com grandes produtoras e distribuidoras brasileiras, estimulando a criação de novos filmes e garantindo sua exibição com exclusividade nos canais da rede.

Ainda em 2012, a rede lançou dois serviços: Telecine Play (mais de 1.500 filmes da programação da rede para assistir online, quando e onde quiser) e Telecine On Demand (serviço de locação para assinantes dos canais em alta definição, onde estão disponíveis os mais novos sucessos do cinema, tudo sem sair de casa, para assistir quando e como quiser).

Em 2011, o Telecine Touch e o Fun ganharam versões em HD, e os cinco canais da rede já tinham legendas e áudio original, dublado em português, e em 2012, com o lançamento da versão HD do Telecine Cult, a rede passou a ficar completa.

O canal The Superstation

 Criado em 1991, The Superstation foi o primeiro canal independente por assinatura lançado no Brasil, inicialmente transmitido pela TVA, passou para a NET em dezembro de 97, após uma briga que foi parar na Justiça. A TVA, na época, alegou que o Superstation não possuía " qualidade de programação’’, mas, segundo Orlando Vallone (antigo dono do canal), a separação aconteceu por outros motivos: A TVA colocou pay-per-view (jogos de futebol em Curitiba e em Belém do Pará), interrompendo o sinal do The Superstation. Daí, o contrato foi cancelado, e o canal saiu do line-up da TVA.


 


      

O canal The Superstation, ficou conhecido principalmente por ter transmitido pela primeira vez no Brasil, os mais famosos talk-shows americanos, ’Late Show’’, de David Letterman, ’Tonight Show’’, de Jay Leno e os telejornais das maiores emissoras de TV norte-americanas (ABC, CBS, NBC), como Today e Good Morning America.


 


      

Os programas jornalísticos eram exibidos ao vivo com linguagem original, os talk-shows e outras atrações tinham legendas em português.


 


      

Em 31 de outubro de 2000, faltava alguns minutos para a meia noite, quando foi exibido um vídeo, onde a Diretora de Programação "Rosalina Vallone" se despedia do público e agradecia por terem acompanhado a programação da emissora durante os 9 anos que esteve no ar.


A razão da mensagem, era para anunciar o encerramento das atividades do The Shuperstation, que naquele momento saia de cena para dar lugar a um novo canal.


 


Orlando Vallone (ex dono do canal) falou sobre o fim do The Superstation em outubro de 2000


 


"O Superstation não atingiu o nível de saúde que gostaríamos, mas teve um final feliz. Fizemos um acordo com a Fox (a maior acionista da National Geographic) e nos sentimos honrados por termos sido escolhidos como base de um canal internacional’’, disse Vallone, que afirmava, ainda possuir o direito de transmissão em televisão paga dos programas exibidos pelo Superstation (na época). “Nosso contrato com a CBS, NBC e outras produtoras ainda está longe de expirar. Seria ótimo se pudéssemos continuar com o canal, mas não somos nós que controlamos a distribuição.’’


O Superstation foi comprado pela Fox, foi substituído pelo canal National Geographic dia 01/11/2000, diferente de seu substituto, foca em documentários, programas educativos e séries sobre ciência, tecnologia, meio ambiente e natureza. O NGC chegou ao Brasil alguns meses antes de estrear nos EUA


 


As atrações que faziam parte da grade do The Superstation, atualmente estão espalhadas pela programação de vários canais de TV por assinatura, com destaque para o "Late Show com David Letterman" que a muitos anos está no GNT e o "Tonight Show com Jay Leno" que passou a ser exibido pela Record News.


 

CBS Telenotícias - SBT

 Através de um acordo entre a Rede americana CBS, o grupo argentino Tele Notícias  e Sistema Brasileiro de Televisão, nasceu o CBS Tele Notícias, o primeiro canal de notícias em português gerado direto de Miami para todo Brasil.

   

Imagens da abertura dos Blocos Previsão do Tempo e  Variedades CBS Telenoticias

A Programação do canal era formada por blocos classificados por gêneros: Esportes, Previsão do Tempo, Variedades, Informação e Entrevistas.

   

Direto de Miami os apresentadores Leila Cordeiro, Eliakim Araújo comandavam os noticiários no horário nobre do CBS Telenotícias Brasil.

      

O CBS Telenotícias Brasil tinha a proposta de fazer um jornalismo imparcial, dinâmico, interligando o Brasil, a América Latina, Estados Unidos e o resto do Mundo, com matérias das Redes: CBS Americana, SBT e Band no Brasil e TN da Argentina, mostrando os fatos de uma maneira resumida sem sensacionalismo. De 1997 a 1999, o SBT exibiu o mesmo jornal, com o nome SINAL (Sistema de Notícias da América Latina).

   

Imagem dos Estúdios da CBS em Miami

O Canal durou quase 3 anos, era transmitido pela DirecTV, TVA e SBT (nas madrugadas), após a venda da CBS Americana o canal deixou de ser produzido pelo novo dono e saiu do ar sendo substituído por uma versão internacional da Telemundo, exceto no Brasil, porque ela tinha acordo com a Globo para transmitir suas novelas.

A crise de identidade da TV por assinatura

 Quando estreou no Brasil a TV por Assinatura tinha como “missão” oferecer aos assinantes um conteúdo diferenciado e segmentado, onde cada cliente se identificaria e assistiria o canal que mais aproximava-se do seu perfil.


 


Nos Estados Unidos hoje em dia são mais de 500 canais de TV, oferecendo uma grande diversidade de conteúdos para os mais variados gostos, canais de séries, desenhos, vendas, culinária, filmes e outros que mesclam conteúdos, mas são direcionados para determinado público (Homens, mulheres, crianças etc).


Quando estreou em 1991 no Brasil, a proposta era a mesma dos canais americanos, tanto que na época os poucos que eram disponibilizados em nosso país tinham quase 100% de conteúdo estrangeiro, mas sempre seguindo a premissa da segmentação.


 


O Brasil hoje é uma das grandes potencias econômicas do mundo e a América Latina ficou mais influente, sempre avançando, certo? Errado, no setor de TV por assinatura, os monopólios, e as más administrações no setor vão de contra-mão ao desenvolvimento.


 


Os tão esperados canais de TV segmentados, estão cada dia mais difíceis de serem encontrados, o que se vê atualmente é um amontoado de canais que tem de tudo um pouco e esse pouco agrada cada vez menos a grande maioria, que paga para ver quase a mesma coisa que a TV aberta oferece gratuitamente.


 


A metamorfose, transformação ou “evolução” dos canais (como as programadoras responsáveis por tais mudanças denominam), são cada vez mais frequentes, a mais recente pode ser percebida pelos telespectadores do Sony Spin - com foco no público jovem, apresentando séries, filmes e reprises - que foi substituído pelo canal Lifetime - com foco no público feminino, abordando temas como beleza, bem-estar, decoração, design, moda, culinária e música - em julho de 2014. Mas se isso conforta os órfãos do finado Sony Spin, saibam que os fãs de animes também sofreram bastante quando o canal lugar do saudoso e extinto Animax.


 


O Animax foi uma tentativa de criar um canal que exibisse animes 24 horas com dublagem em português, mesmo com muitos adeptos, a audiência não foi a esperada pela programadora e resolveram transformar o canal em uma emissora teen, uma mistura bizarra dos já consolidados Disney Channel e MTV, a "novidade" deu errado e o resultado foi mais uma vez mudar o estilo do canal e dar lugar a outro tipo de programação.


 


 Pelo histórico de fracassos dos canais que foram lançados podemos especular que isso se deve a "maldição do Locomotion. Para quem não sabe, nos primórdios da DirecTV (hoje Sky) no Brasil, o canal "Locomotion" e era especializado em desenhos animados como (He-Man, She-ra, Defensores da Terra, Flash Gordon, Recrta Zero, Popeye e outros) e tinha uma boa audiência, mas a programadora querendo aproveitar o espaço que já tinha nas operadoras começou a atirar no escuro e fracassou em todas as suas tentativas de substituição do Locomotion, primeiro foi o Animax, depois o Sony Spin e agora Lifetime.


 


Essa prática de descaracterizar determinado canal ou até mesmo mudar de nome é uma constante, principalmente na América Latina. Outro exemplo foi o canal Infinito, que começou abordando temas como esoterismo, espiritualidade, mistérios e tudo que não tem explicação, e a partir de 2006 mudou sua programação, também exibindo filmes e séries.


 


Outros canais sofreram mudanças radicais, como o tão comemorado Boomerang que estreou trazendo o melhor dos desenhos clássicos da Hanna-Barbera, Filmation, MGM e outros estúdios, aboliu o slogan “O que é bom volta” e partiu para uma viagem ao mundo adolescente "emo", até o Cartoon Network que era considerado a casa dos desenhos, vem sendo invadido por live actions e filmes, pelo andar da carruagem a Turner quer transformá-lo em um Boomerang 2, o curioso que nos Estados Unidos, tanto o Boomerang quanto o Cartoon seguem a idéia original.


 


Essas mudanças radicais promovidas pelas programadoras, estão ligadas diretamente ao desejo de atrair mais anunciantes e aumentar o faturamento, quantas vezes você já sintonizou um canal de documentários e seriados e se deparou com uma hora seguida de infomerciais?


 


Quem assina a TV Paga é um público com um grande potencial para consumir, por isso os canais exageram nos merchans e propagandas, no Cartoon por exemplo, durante a exibição de um programa, mostra tantos logos e propagandas que mal da para assistir a atração que esta sendo exibida.


 


O sucesso desses canais que foram modificados é temporário, isso porque em um universo de mais de 100 canais o diferencial é que atrai a atenção.


 


Canais de Variedades na TV paga que fazem sucesso tem esse êxito associado as “marcas” que representam, como é o caso do Disney Channel que conta com o acervo e a marca Disney, que é sinônimo de qualidade e o "Viva" que tem como carro chefe programas, séries, minisséries e novelas da TV Globo, com exceção desses e outros dois ou três canais de variedades, se analisarmos, os que fazem mais sucesso são os segmentados (Esportes, Filmes, Notícias, Infantis, Documentários, Séries, Variedades, Música e Moda), esses tem sempre público garantido.

Os que não têm público garantido são os canais religiosos, abertos, cortesia, interativos e pay-per-view.


 


Diante de tantas mudanças cabe as operadoras quando forem assinar seus contratos, a criação uma cláusula na qual especifique que: "caso determinado canal contratando fuja da idéia original ou mude de nome, seja retirado imediatamente da sua grade". Isso evitaria que as programadoras enfiassem goela abaixo um novo canal no lugar de outro que já tem distribuição garantida na maioria das operadoras.


 


Se as empresas responsáveis não começarem a perceber que tais mudanças estão afastando os telespectadores e que cada vez mais procuram na Internet um refúgio para encontrar conteúdo diferenciado, vão continuar perdendo público e vai chegar o momento que será difícil reverter tal situação.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Enearq 2010 - telefones úteis

 Hospitais Públicos da cidade João Pessoa


·         Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena 


Rua Orestes Lisboa, S/N - Bairro: Pedro Gondim - João Pessoa - PB - CEP: 58000-001

(83) 3216-5700


·         Hospital Edson Ramalho 


Rua Eugênio Lucena Neiva, s/n - Bairro: Treze de Maio - João Pessoa - PB - CEP: 58025-900 

(83) 3218-7994


·         Hospital Geral Santa Isabel 


Praça Caldas Brandão, s/n - Bairro: Tambiá - João Pessoa - PB - CEP: 58020-560 

(83) 3214-1801


·         Hospital Napoleão Laureano 


Avenida Capitão José Pessoa, 1140 - Bairro: Jaguaribe - João Pessoa - PB - CEP: 58015-170 

(83) 3015-6200


·         Hospital São Vicente de Paulo 


Avenida João Machado, 1234 - Bairro: Centro - João Pessoa - PB - CEP: 58013-522 

(83) 3241-1166


·         HULW Hospital Universitário 


Rua Tabelião Stanislau Eloy, 585 - Bairro: Castelo Branco - João Pessoa - PB - CEP: 58051-900 

(83) 3244-1206


·         Maternidade Frei Damião 


Avenida Cruz das Armas, 1581 - Bairro: Cruz das Armas - João Pessoa - PB - CEP: 58058-000 

(83) 3215-6066


·         Hospital Ortotrauma de Mangabeira Trauminha

Rua Agente Fiscal José Costa Duarte, s/n. Mangabeira - João Pessoa - PB

CEP: 58056-384

(83) 3214-1980



Hospitais Particulares da cidade João Pessoa


·         Hospital Samaritano 


Avenida Santa Júlia, 35 - Bairro: Torre - João Pessoa - PB - CEP: 58040-918 

(83) 3048-2100


·         Hospital Universitário Nova Esperança


Avenida Capitão José Pessoa, 919 - Bairro: Jaguaribe - João Pessoa - PB - CEP: 58015-345

(83) 3241-2554


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Receita Federal - 146

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Cagepa - 115

Procon - 151

Ministério do Trabalho - 158

Vivo - 1058

Claro - 1052

Tim - 1056

Oi - 1057

Net - 10621: SAC / 0800 701 0180: ouvidoria

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sábado, 1 de janeiro de 2022

Uso do infinitivo impessoal - Aline Gasperi

 O QUE É ISSO DE INFINITIVO PESSOAL E IMPESSOAL?

Em poucas palavras: o infinitivo impessoal é simplesmente o verbo que não flexiona, o verbo em seu estado puro, sem variação (exemplos: viajar, deitar, correr, ouvir, pôr).


Já o infinitivo pessoal é o contrário, são os verbos que flexionam, como o próprio nome sugere, de acordo com a pessoa do sujeito, se está no plural ou singular e, também, de acordo com o tempo (exemplos: viajei, deitou, correrão, ouviram). Escrevi um guia para falar especificamente do infinitivo pessoal, consulte-o clicando aqui.


Resumidamente, o infinitivo impessoal é o verbo que não se refere a nenhum sujeito enquanto o infinitivo pessoal é o verbo que se refere a um sujeito. Veja estes três exemplos (que estão todos corretos, apenas foram enunciados de acordo com o efeito de sentido):


“Me refiro ao ritual das pessoas fecharem os olhos para orar“: o verbo “fecharem” é um infinitivo pessoal, porque flexionou de acordo com o a pessoa do sujeito (elas: as pessoas).

“Me refiro ao ritual de fechar os olhos para orar“: o verbo “fechar” é infinitivo impessoal, ele não flexionou porque não está se referindo a um sujeito específico, mas dando ênfase ao ato, ao verbo em si.

“Me refiro ao ritual de fecharem os olhos para orar“: o verbo “fecharem”, apesar de, aparentemente, não estar se referindo a um sujeito explícito, possui um sujeito oculto (eles), e está sendo usado dessa forma para indeterminar o sujeito, ou seja, esse sujeito não é um grupo específico, mas um sujeito genérico.


Mas é importante esclarecer que o que marca o infinitivo impessoal não é simplesmente o verbo terminar com os sufixos “ar”, “er” ou “ir”, mas a impossibilidade de flexioná-lo. Por exemplo:


“Eu fiz silêncio para ele fechar os olhos e orar“: nesse caso, o verbo “fechar”, apesar de estar no infinitivo não flexionado, é pessoal, pois concordou com o sujeito que está no singular (ele) e com o modo verbal (infinitivo). Se o sujeito estivesse no plural, ele teria concordado também: “Eu fiz silêncio para eles fecharem os olhos e orarem”.


Os equívocos mais comuns envolvendo o infinitivo impessoal acontecem, curiosamente, pelo impulso de querer aplicar certas regras a todas as ocasiões. Logo, se vemos um sujeito no plural, por exemplo, a intuição é que o verbo que diz respeito a ele precisa concordar no plural também. Mas há casos específicos em que a intuição pode enganar.


QUAIS AS OCASIÕES EM QUE O INFINITIVO NÃO DEVE SER FLEXIONADO?

O infinitivo é impessoal por natureza, ou seja, naturalmente ele não concorda com nenhum sujeito, portanto, não flexiona. Mas existem alguns casos em que ele é pessoal. Sendo assim, as regras a seguir somente esclarecem determinadas dúvidas, se quiser saber quais são as exceções, consulte o Guia do Infinitivo Pessoal clicando aqui.


Como essas ocasiões podem ser aplicadas a uma infinidade de casos, vamos aprender as regras para não fazer vexame? Antes de tudo, vale lembrar que, para muitos gramáticos, o que deve determinar no uso ou não do infinitivo impessoal é sua eufonia, ou seja, se a sonoridade é agradável.


Em outras palavras, siga o seu coração! Mas, calma, há limites para tudo nessa vida! Então pegue um suco e um pão de queijo lá na cozinha e volte aqui para entender 12 desses limites:


1. Use o infinitivo impessoal quando ele fizer parte de uma locução verbal:

Uma locução verbal é, basicamente, uma frase que contém dois verbos interdependentes: um é o verbo principal, também chamado de verbo finito, e o outro é o auxiliar, também chamado de verbo infinito, e os dois têm função morfológica de um único verbo.


Na locução verbal, o verbo auxiliar flexiona de acordo com pessoa e tempo, já o principal permanece no infinitivo impessoal. Exemplos:


“Eles pretendem [verbo auxiliar] colaborar [verbo principal] com o que precisarmos”.

“Minhas irmãs vão [verbo auxiliar] retornar [verbo principal] assim que possível”.

“Seus artigos precisavam [verbo auxiliar], ainda que com atraso, seguir [verbo principal] às regras da Instituição”.


Observe que nem sempre os dois verbos estarão, necessariamente, na sequência imediata um do outro, como nestes outros exemplos:


“Eles devem, sem exceção, reportar qualquer alteração no contrato”.

“Pode ser que nós precisemos, rapidamente, ir ao escritório após a reunião”.


Nesses dois casos acima, os verbos foram separados por apostos, mas há outras ocasiões em que eles são separados por outros elementos, como as preposições “de” ou “a”, por exemplo. Observe:


“Meus pais acabaram de chegar da Holanda”.

“Ele me convenceu a terminar o namoro”.


Da mesma forma, nem sempre o fato de haver dois verbos juntos significa que se trata de uma locução verbal. Como na frase a seguir:


“O político viu caírem todos os seus argumentos diante daquelas imagens”.


Nesse caso, os dois verbos não estão cumprindo a função de um único verbo. Esse exemplo tem relação com a próxima regra.


2. Use o infinitivo impessoal quando os verbos da oração tiverem o mesmo sujeito.

Nos casos em que os dois verbos de uma mesma oração dizem respeito a um mesmo sujeito, a regra é sempre aplicar o infinitivo impessoal no verbo com função de principal. Como nos exemplos abaixo:


“Os atletas precisam, frequentemente, repor suas energias”.

“As minhas manhãs de domingo costumam ser invejáveis”.


Chega a ser intuitivo, porque soaria estranho dizer “precisam reporem” ou “costumam serem”.


Já na frase “A professora ensinou os alunos a estudar“, é comum confundirem o objeto indireto “os alunos” com um novo sujeito, portanto muitos tendem a flexionar o infinitivo, ficando “ensinou os alunos a estudarem“. 


No entanto, como foi falado a princípio, o infinitivo é impessoal por natureza, então não deveria flexionar nesse caso. Só é permitido flexioná-lo quando a frase apresenta ambiguidade. Nesse caso, a flexão do verbo ajuda a interpretar melhor a quem o verbo se refere.


Ainda assim, há autores que afirmam ser opcional, ou seja, no exemplo citado, não estaria errado usar o verbo “estudarem” no infinitivo pessoal. Mas prefira usar o impessoal caso não haja ambiguidade, pois há menos chances de errar.


Veja este exemplo em que pode haver ambiguidade:


“O cliente foi persuadido pelos colegas para trazer mais testemunhas”.


Como saber se o verbo “trazer”, nesse caso, está ligado ao sujeito na terceira pessoa do plural (os colegas), e foi apenas empregado no formato impessoal ou trata-se de um verbo pessoal flexionado de acordo com a terceira pessoa do singular (o cliente)?


A dúvida é: quem vai trazer mais testemunhas? O cliente? Os colegas? A frase é ambígua,  portanto o ato de querer trazer mais testemunhas pode ser uma ação tanto do cliente como dos colegas.


Dada a possibilidade de ambiguidade, dependendo do sentido que se quer produzir, flexionar o verbo é essencial para a melhor interpretação do leitor. Se o cliente quer que os colegas tragam mais testemunhas, o melhor é flexionar:


“O cliente foi persuadido pelos colegas para trazerem mais testemunhas”.


3. Use o infinitivo impessoal quando o verbo vier precedido das preposições “sem”, “de”, “a”, “para” ou “em”

Este é mais um caso de versatilidade da língua. Aqui, independentemente de dois verbos de uma mesma oração pertencerem a sujeitos diferentes ou caso esteja difícil identificar quando se trata de um objeto do verbo ou outro sujeito, se o verbo vier acompanhado da preposição “sem”, “de”, “para”, “a” ou “em”, mesmo que o sujeito esteja no plural, é preferível usar o infinitivo impessoal.


Por vezes, quando o verbo está precedido dessas preposições mencionadas, a flexão pode soar esquisita, então é preferível usar o infinitivo impessoal, mas não obrigatório. Alguns exemplos:


“Me refiro ao ritual de eles fecharem os olhos para orar“.

A frase também estaria correta se o verbo “orar” estivesse concordando com “eles”, no plural, mas, de acordo com essa regra, a flexão é facultativa.


“Elas se privaram de fazer o que mais queriam”.

A frase também estaria correta se o verbo “fazer” concordasse com “elas”, mas o uso do infinitivo impessoal é preferível nesse caso.


O mesmo vale para esses outros exemplos:


“Eu os convido a comerem conosco”.

“Os magnatas falharam em duvidarem da força do povo”.

“O seu colega incentivou nossos amigos a usarem drogas”.

“A mãe dele convenceu os policiais de deixarem ele ir”.


De acordo com a gramática normativa, portanto, também estaria correto, nesses casos, escrever da seguinte maneira:


“Eu os convido a comer conosco”.

“Os magnatas falharam em duvidar da força do povo”.

“O seu colega incentivou nossos amigos a usar drogas”.

“A mãe dele convenceu os policiais de deixar ele ir”.


Vale lembrar, sempre, que o critério da sonoridade tem bastante peso nessas opções facultativas.


Por exemplo, soaria estranho dizer “vocês devem permanecer sem julgarem qualquer pessoa”, devido à cacofonia da junção da preposição “sem” com a palavra “julgarem”, que têm final idênticos. Melhor seria usar o infinitivo impessoal: “Vocês devem permanecer sem julgar qualquer pessoa”.


4. Use o infinitivo impessoal todas as vezes que o sujeito do verbo for um pronome oblíquo.

Se, me, te, nos, vos, o, a, os, as: todas as vezes que tais conectores estiverem cumprindo a função de pronome oblíquo, o infinitivo impessoal é obrigatório. Exemplos:


“Eles não têm moral para te julgar assim”.

“As modelos precisam se sujeitar a seguir o acordo com as empresas”.


Nesse último exemplo, vemos que há dois verbos no infinitivo impessoal (sujeitar e seguir), isso porque, na frase, há duas ocasiões em que ele necessita ser empregado: a primeira é na locução verbal “precisam seguir“, cujo sujeito é o mesmo: as modelos; a segunda é em razão do pronome oblíquo “se”, em “se sujeitar“.


Esse também é um bom exemplo de como nem sempre os dois verbos da locução estão na sequência e de como não necessariamente é o aposto que os separa.


5. Use o infinitivo impessoal quando o verbo for complemento de substantivo ou adjetivo.

Se o verbo estiver dando sentido a um substantivo ou adjetivo, de maneira que a frase fique incompleta sem ele, é porque ele está cumprindo a função de complemento, e aí o emprego do infinitivo impessoal é indispensável. Veja alguns exemplos:


COMPLEMENTO DE SUBSTANTIVO:

“Vocês não têm o direito de impedir as propostas”.

“Elas não têm essa mania de interromper“.

“Nós conseguimos uma chance de entrevistar a autora”.


COMPLEMENTO DE ADJETIVO:

“São questões complexas de discutir“.

“O livro contém palavras agradáveis de ler“.

“Os depoimentos daquele garoto estão difíceis de digerir“.


6. Use o infinitivo impessoal quando ele substituir um gerúndio, com preposição “a”.

O gerúndio é a ação que ainda está acontecendo, que ainda não foi encerrada. Resumidamente falando, estão no modo gerúndio os verbos flexionados que terminam com as letras “ndo”: rezando, comendo, cuspindo, entre outros.


Ao transformar a frase em uma forma em que o verbo está regido pela preposição “a”, este não flexiona, ainda que o sujeito esteja no plural. Por exemplo:


“Tem certeza de que vocês continuarão a provocar?” ao invés de “tem certeza de que vocês continuarão provocando?”.

“Continue a nadar” ao invés de “continue nadando”.

“Continuamos a lutar pelos nossos direitos” ao invés de “continuamos lutando pelos nossos direitos”.


Apesar de, no Brasil, termos uma preferência notável pelo gerúndio, o uso do verbo  no infinitivo impessoal regido pela preposição “a” é uma construção linguística bastante comum no Português de Portugal, por exemplo.


7. Use o infinitivo impessoal quando ele estiver ligado a um verbo transitivo indireto

Já falamos dessa questão na regra 2, mas vale complementá-la aqui. O verbo transitivo é simplesmente o verbo que precisa de complemento para estabelecer sentido em uma oração. 


Nem todos os verbos são obrigados a ter um complemento. É o caso dos verbos “chover” ou “dormir”, por exemplo, que podem ter, mas não precisam de um:


“Ontem choveu”.

“Ela dormiu”.


Já verbos como “consistir” ou “pertencer”, por exemplo, necessitam de complemento. Não é possível apenas “consistir”, mas é necessário consistir em algo; não dá para dizer apenas “eu pertenço”, tem que pertencer a algum lugar ou alguém.


Outro nome dado a esse complemento que é regido por preposição é objeto indireto. 


O verbo transitivo indireto é classificado assim quando seu complemento vem acompanhado de uma preposição. Esse complemento vai responder a algumas questões como “do quê?”, “de quem?”, “a quem?”, “de onde?”, “para onde?”, “para quê?”, “para quem?”, “pelo quê?”, “de que maneira?”, entre outras. Veja os exemplos a seguir:


“A diretora ensinou os atores a não precisar de script“.

“Seus documentos têm que passar por uma triagem”.

“Todos os argumentos estão livres de consistir em mentiras”.


Essas três frases têm em comum que o verbo em destaque necessita de um complemento para que a frase faça sentido, pois sem o complemento, ela aparentaria estar incompleta, faltando informação, a não ser que o próprio contexto em que a frase se encontra dá sentido para ela, como no caso de uma resposta a uma pergunta, por exemplo.


Nessas ocasiões, portanto, sempre que houver preposição no complemento do verbo transitivo, é preferível que o verbo não flexione, mas vale ressaltar que, em caso de ambiguidade, a flexão é permitida.


Vale lembrar que alguns verbos podem ser transitivos em determinada oração, mas em outras ocasiões podem não ser, como o verbo “cantar”, por exemplo. Você pode cantar algo ou pode simplesmente só cantar.


8) Quando o verbo da oração subordinada serve de objeto direto ao verbo da oração principal

Muita gente desconhece essa regra e, portanto, a julgam incorreta ou inexistente, mas é mais uma das concessões da nossa língua. Antes de tudo, vamos entender essas nomenclaturas?


Lembra que aprendemos que o verbo transitivo é aquele que precisa de um complemento para estabelecer sentido em uma oração? Pois bem, o objeto direto nada mais é do que o nome dado ao complemento de um verbo transitivo, mas ao contrário do indireto, o objeto direto não tem a regência de preposição. Observe as frases a seguir:


“Marcela comprou blusinhas”. (“blusinhas” é o objeto direto do verbo “comprou”).

“Marina ama cachorros”. (“cachorros” é objeto direto do verbo “ama”).


Já a oração subordinada é, em poucas palavras, uma frase constituída de duas orações, uma principal e uma subordinada à principal. Para entender mais profundamente sobre orações subordinadas ou coordenadas, clique aqui para consultar o manual que fiz sobre isso. Observe estes exemplos:


“Renan assumiu [oração principal] que está apaixonado” [oração subordinada].

“Marina sairá [oração principal] com suas amigas hoje” [oração subordinada].

“Sei [oração principal] somar o útil ao agradável” [oração subordinada].


Quando a oração subordinada é substantiva objetiva direta quer dizer que ela serve como objeto direto da oração principal, assumindo, assim, papel de oração substantiva, por isso a chamamos de oração subordinada substantiva objetiva direta (saúde). Vamos tentar entender a regra com os exemplos a seguir:


“O político viu caírem todos os seus argumentos diante daquelas imagens”.


Essa frase já foi mencionada na regra nº 2, quando foi explicado que nem toda junção de dois verbos consiste necessariamente em uma locução verbal. A frase está correta, pois são dois sujeitos diferentes, o que justifica a flexão.


No entanto, de acordo com essa regra, logo após o verbo “viu”, da oração principal, está o objeto direto “caírem todos os seus argumentos”. Sendo assim, você pode usar o infinitivo impessoal no verbo da oração subordinada:


“O político viu cair todos os seus argumentos diante daquelas imagens”.


Outro exemplo é a seguinte frase:


“Observei duas moças caminharem no lago”.


Se escrevermos a frase de outra maneira e aplicarmos a regra a ela, de forma que o verbo “caminharem” seja complemento do verbo “observei”, a frase fica da seguinte maneira:


“Observei caminhar duas moças no lago”.


Nesse caso, em que as duas frases estão corretas, o infinitivo impessoal também pode ser usado ainda que a frase não tenha sido modificada sintaticamente, ficando assim:


“Observei duas moças caminhar no lago”.


É claro que a enunciação soa estranha, porque estamos acostumados a flexionar o verbo de acordo com o sujeito, mas vale lembrar que se trata apenas de uma concessão da língua e que é facultativo usar o infinitivo impessoal dessa forma.


Sendo assim, na dúvida, escreva da maneira que lhe soar mais natural. Particularmente, eu tenho preferência por flexionar o verbo quando o sujeito está expresso, mas se alguma vez te acusarem de ter usado “equivocadamente” essa colocação, saiba que você possui apoio teórico para se justificar (Soares Barbosa e Silveira Bueno são alguns deles).


9)  Quando houver um pronome oblíquo átono como sujeito em uma oração subordinada objetiva direta

Essa regra é parecida com a anterior e também com a regra do pronome oblíquo, mas um pouco menos flexível e com alguns detalhes a mais. Já vimos o que é a oração subordinada objetiva direta, então resta entender o que é o pronome oblíquo átono.


O pronome oblíquo átono tem a função de suprimir a oração e deixá-la mais formal, além de evitar repetições. Ele sempre está na companhia de um verbo, seja antecedendo-o ou anexado a ele por hífen. Os pronomes oblíquos átonos se diferem por não serem precedidos de preposição:


1ª pessoa do singular: me

2ª pessoa do singular: te

3ª pessoa do singular: se, lhe, o, a, lo, la, no, na

1ª pessoa do plural: nos

2ª pessoa do plural: vos

3ª pessoa do plural: se, lhes, os, as, los, las, nos, nas


A regra, portanto, é: quando, em uma oração objetiva direta, o sujeito estiver representado por um pronome oblíquo átono no modo sintético (anexado por hífen) e ligado a um verbo causativo (que expresse relação de causa: deixar, mandar, fazer, etc.) ou um verbo sensitivo (que expresse sentidos: ver, ouvir, sentir, etc.), o verbo da oração subordinada deve estar no infinitivo impessoal. Exemplos:


“Mandei-as ir embora”.

“Ele deixou-nos escolher o presente”.

“Carol ouviu-os conversar em segredo”.


Os gramáticos são um pouco mais rígidos com essa regra, mesmo porque o pronome oblíquo ameniza a estranheza na sonoridade da frase.


10) Use o infinitivo impessoal quando o verbo expressa ordem

Essa regra é bem simples e na maioria das vezes as pessoas usam sem mesmo estar conscientes de ser uma regra, portanto é bem intuitiva. Quando se quer expressar uma ordem que deve ser cumprida imediatamente, é permitido utilizar o infinitivo impessoal. Exemplos:


“Atenção, crianças… atacar!”.

“Preparar, apontar, fogo!”.


11) Quando a intenção é indeterminar o sujeito

Já foi falado a respeito dessa regra, mas não custa reforçar. Se você quiser dar mais ênfase para a ação em uma frase do que ao sujeito, quando quiser dar um caráter mais genérico à ação ou simplesmente quando não houver sujeito específico, que é a premissa do infinitivo impessoal, ele deve ser empregado. Veja os exemplos:


“É complicado morar no Brasil sendo pobre”

“Falar de mim é fácil, difícil é ser eu”.

“Ser ou não ser, eis a questão”.


12) Quando o verbo “haver” tiver sentido de “existir” ou “ocorrer”

Esse é um dos erros mais comuns envolvendo o infinitivo. É comum porque o verbo “haver” é irregular e não segue a regra da flexão quando estiver carregando o sentido de “existir” ou “ocorrer”, pois não tem sujeito.


O verbo haver, quando apresenta esse sentido mencionado, nunca flexiona no plural, em qualquer ocasião. Sendo assim, ele sempre vai ser impessoal.  Exemplos:


“Pode haver férias coletivas no final do ano”.

“Me preocupo em não haver motoristas suficientes para estes horários”.

“Por haver muitas datas comemorativas, precisamos de uma agenda”.


No entanto, há ocasiões em que o verbo “haver” pode ser flexionado de acordo com a pessoa do sujeito. Por exemplo, quando ele apresenta um sentido diferente destes que mencionei, como o sentido de “obter”, de “considerar”, de “lidar” ou de “ter”. Também flexiona de acordo com o tempo. Exemplos:


“Os candidatos houveram-se muito bem na seleção” (sentido de “lidaram-se”)

“Eles o houveram como ingênuo” (sentido de “o consideraram”).

“Houveram, do juiz, uma pena razoável” (sentido de “obtiveram”).


O verbo “haver” também flexiona no plural quando for verbo auxiliar em uma locução verbal no particípio. Exemplos:


“Responderei apenas quando houverem manifestado seus argumentos”.

“A justiça os condenou apenas por haverem estado conosco naquela noite”.

“Meus vizinhos haviam chegado mais cedo naquele dia”.

Uso do infinitivo pessoal - Aline Gasperi

 QUANDO O INFINITIVO DEVE FLEXIONAR?

Em poucas palavras, o verbo deve flexionar quando estiver se referindo a um sujeito específico, seja ele expresso, genérico ou oculto. Normalmente, as pessoas costumam flexionar o verbo de acordo com o sujeito e esquecem que há ocasiões em que ele não deve concordar, é onde mora a importância de saber quando a flexão deve ocorrer.


O infinitivo pessoal é conjugado da seguinte maneira:


1ª CONJUGAÇÃO 

(SUFIXO–AR) 2ª CONJUGAÇÃO

(SUFIXO –ER) 3ª CONJUGAÇÃO

(SUFIXO –IR)

VERBO: CANTAR VERBO: FAZER VERBO: DORMIR

Eu cantar Eu fazer Eu dormir

Tu cantares Tu fazeres Tu dormires

Ele cantar Ele fazer Ele dormir

Nós cantarmos Nós fazermos Nós dormirmos

Vós cantardes Vós fazerdes Vós dormirdes

Eles cantarem Eles fazerem Eles dormirem

No entanto, o pronome “tu” no singular, assim como o “vós”, no plural, caíram em desuso no português brasileiro atual (exceto pelos gaúchos, que ainda usam o “tu”, mas eles também não conjugam da forma tradicional) e, apesar dos concursos e vestibulares ainda cobrarem essa conjugação, no cotidiano substituímos o “tu” por “você” e o “vós” por “vocês”, que são conjugados assim:


Você cantar Você fazer Você dormir

Vocês cantarem Vocês fazerem Vocês dormirem

Existem algumas convenções a respeito da concordância do verbo pessoal, eu listei pelo menos 8 dessas regras pra te auxiliar em um momento de dúvida. Confira:


1) Use o infinitivo pessoal quando o verbo for reflexivo

Quando o verbo tem ação reflexiva, como o próprio nome sugere, a ação reflete no sujeito da frase, sendo assim a ação recai sobre a pessoa que realizou a ação. O verbo reflexivo é marcado pelo uso do pronome oblíquo átono. Exemplos:


“Ele cortou-se enquanto fazia o jantar”.

“Os jurados arrependeram-se de sua decisão”.

“Os jurados se arrependeram de sua decisão”.


2) Use o infinitivo pessoal quando o verbo for recíproco

Quando o verbo tem ação recíproca, a ação sugere uma troca entre as pessoas da oração. Veja alguns exemplos:


“Observamos as moças se perguntarem sobre o anúncio”.

“Nos certificaremos de que o estatuto será cumprido”.

“Elas se culpam pela perda até hoje”.


Em relação à regra do verbo recíproco, pode haver ambiguidade na interpretação do enunciado, já que as pessoas do pronome são as mesmas. Na frase “Elas se culpam pela perda até hoje”, por exemplo, é difícil distinguir se elas carregam a mesma culpa pelo ocorrido ou se elas culpam uma à outra, que são coisas bem diferentes.


Nesses casos, aconselha-se que, ao invés de simplesmente flexionar o verbo, se incluam outros elementos na frase, reescrevendo-a de maneira que a ambiguidade não exista. Por exemplo:


“Elas culpam uma à outra pela perda até hoje”

“Elas culpam a si mesmas pela perda até hoje”.

“Elas se culpam entre si pela perda até hoje”.

“Elas se culpam mutuamente pela perda até hoje”.


3) Use o infinitivo pessoal quando a oração estiver na voz passiva

Já as orações na voz passiva são aquelas que sugerem que o sujeito sofreu, sofrerá ou está sofrendo uma ação sobre ele. Sempre que esse sujeito estiver no plural, o verbo deverá concordar com a pessoa desse sujeito. Como nas orações a seguir:


“Estes são os portifólios a serem analisados”.

“Vendem-se casas”.

“Os alunos foram denunciados por colarem na prova”.


É importante destacar que sempre quando, na voz passiva, é usado um verbo ligado ao pronome oblíquo “se” no modo sintético (precedido de hífen), o verbo deve ser flexionado de acordo com o sujeito, como nos seguintes casos:


“Alugam-se carros”.

“Estabeleceram-se as justificativas”.

“Concluíram-se as defesas”.


4)    Use o infinitivo pessoal em orações reduzidas

As orações reduzidas são aquelas que possuem verbos na sua forma nominal, que podem ser reduzidas de infinitivo, de gerúndio ou de particípio. São chamadas assim pois são os respectivos modos verbais usados para suprimir conjunções e pronomes do texto, deixando a oração menor.


Em oposição às orações reduzidas estão as orações desenvolvidas, que possuem mais elementos e são mais complexas e às vezes podem conter mais detalhes, mas a mudança da forma desenvolvida para a forma reduzida não costuma causar alterações consideráveis no sentido.


Nesse caso, como estamos falando de infinitivo, irei mencionar apenas as orações reduzidas de infinitivo. Elas são chamadas assim porque o elemento usado para condensar a oração é um verbo no modo infinitivo.


Sempre que o sujeito de uma oração reduzida de infinitivo estiver no plural, ainda que o sujeito esteja localizado na oração principal e não na reduzida, o verbo irá concordar com ele. Observe os exemplos a seguir:


Desenvolvida: “É indispensável que eles compareçam no processo seletivo”.

Reduzida: “É indispensável comparecerem no processo seletivo”.


Desenvolvida: “Para que eles ganhem o prêmio, é necessário que eles mereçam“.

Reduzida: “Para ganharem o prêmio, é necessário merecerem“.


Desenvolvida: “Eu ainda tenho esperança de que conquistem a Copa de novo”.

Reduzida: “Eu ainda tenho esperança de conquistarem a Copa de novo”.


5) Use o infinitivo pessoal quando o sujeito estiver claramente expresso na oração

Essa regra é simples. Se, na oração, houver um sujeito, ainda que oculto, e esse sujeito não for genérico ou indeterminado, a concordância deve existir:


“Trouxeram o suicida para nós conversarmos com ele” (sujeito: nós).

“A embarcação foi ancorada para eles observarem os nativos de longe” (sujeito: eles).

“Vocês são muito calmos para serem bandidos” (sujeito: vocês).


Lembrando que é facultativo o uso da flexão do infinitivo quando o verbo estiver acompanhado das preposições “sem”, “de”, “a”, “para” ou “em”, isso caso não gere estranheza e/ou ambiguidades.


6) Use o infinitivo pessoal quando o verbo em questão for de ligação

Os verbos de ligação expressam estado e estão sempre acompanhados de características ligadas ao verbo, por isso são chamados dessa forma. Sempre que o verbo em questão for de ligação, ele deve ser flexionado de acordo com a pessoa do sujeito.


Os verbos de ligação são divididos entre permanente, transitório, mutatório, contínuo e aparente (mas esqueçam a classificação por enquanto). São eles: estar, ser, viver, andar, achar-se, encontrar-se, ficar, virar, tornar-se, fazer-se, continuar, permanecer e parecer. Exemplos:


“Minha namorada vive cantarolando aquela velha canção”.

“Sua filha está cada vez mais esperta“.

“Marcos insistiu muito para tornar-se campeão“.

“As decisões a serem tomadas pelo juíz são de importância imediata”.


7) Use o infinitivo pessoal quando quiser enfatizar o agente ao invés da ação

Existem casos em que é facultativo utilizar o infinitivo não flexionado, mas a não flexão produz um efeito de sentido que joga a ênfase para o verbo, para a ação, enquanto flexionar o verbo joga a ênfase para o sujeito que realiza a ação ou o agente. Exemplos:


“Há decisões complicadas para tomarmos“. (ênfase no sujeito: nós)

“Há decisões difíceis para serem tomadas”. (ênfase no sujeito: elas/decisões)


8) Use o infinitivo pessoal quando houver ambiguidade em relação ao sujeito

Quando uma oração tem dois sujeitos diferentes, a flexão do verbo evita que se confunda a quem a ação está se relacionando. Por isso, mesmo em casos em que o uso do infinitivo impessoal é permitido, é preferível utilizar o modo pessoal. Exemplos:


“A mãe liberou as filhas para subirem a escadaria”.


Ainda que seja permitido usar “subir” ao invés de “subirem”, quem vai subir a escadaria são as filhas, não a mãe. Por isso a flexão resolve o problema da ambiguidade. Se o verbo estivesse no infinitivo impessoal, poder-se-ia interpretar que a mãe ia subir a escadaria e não as filhas.


“O escultor negociou com os mercadores para venderem suas cerâmicas mais rápido”.


Se o verbo “vender” estivesse no infinitivo impessoal, ou seja, se não flexionasse no plural, a frase seria passível de confusão, pois tanto o escultor como os mercadores poderiam ser interpretados como responsáveis pela venda.