sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Uso do infinitivo pessoal e impessoal


1  USO DO INFINITIVO

1) O infinitivo é uma das 3 formas nominais do verbo e, grosso modo, corresponde ao substantivo. Daí ser uma forma nominal. O infinitivé o verbo no seu estado universal, sem referência direta a uma pessoa gramatical.

2) No entanto, como idiomatismo de nossa Língua, ele pode ser empregado pessoalmente, isto é, pode ser conjugado normalmente como um verbo finito, o que indica um contrassenso, mas de belo efeito estilístico.

3) É IMPESSOAL quando não se refere a nenhuma pessoal gramatical, ou seja, quando sua ação é universal. Ex.: Beber é prejudicial à saúde Nesse caso, não é nem precisa ser conjugado, visto ser sem sujeito.

4) É PESSOAL quando tem sujeito. Aqui poderá ou não ser flexionado, dependendo de certas regras. Vejamos as principais.


2  ALGUMAS OPINIÕES IMPORTANTES SOBRE O EMPREGO DO INFINITIVO.

1) “Máxima liberdade no emprego do infinitivo pessoal. O escritor consultará somente o seu gosto, sua intenção, a harmonia da frase, a clareza, a ênfase.” José Oiticica

2) “Faculta-se, pois, ao infinitivo flexionar-se sempre que não forma com o verbo principal uma locução verbal (embora alguns clássicos muito raramente tenham procedido como no exemplo de Camões: ‘folgarás de veres’” – Zélio dos Santos Jota e Albertina Fortuna Barros, p. 80

3) “... O infinitivo é livre de flexionar-se quando independente do verbo auxiliar, geralmente verbo volitivo, isto é, verbo que exprime volição do espírito, como querer, tencionar, poder, saber etc.” (Diez, por Zélio e Albertina, p. 80)


3  CASOS COMUNS

a) INFINITIVO – como função sintática – será flexionado se a clareza exigir:

1) É bom estudarem essa lição! (Sujeito de estudarem: vocês)

2) Reconheço gostares disso. (Sujeito de gostares: tu)

3) Convidei-as para passear comigo. (Sujeito de passear: elas, oculto)

4) Concedi-lhes a oportunidade de viajar. (Sujeito de viajar: eles, vocês)

5) Meu desejo é alcançares a glória. (Sujeito de alcançares: tu)

b) INFINITIVO – cujo sujeito está em acusativo (O.D.), o que ocorre com os verbos VER, SENTIR, OUVIR, DEIXAR, MANDAR e FAZER – em geral não varia.

1) Vi-os roubar muito no Congresso. (Os = pronome oblíquo)

2) Mandei-a caminhar mais rápido. (A = pronome oblíquo)


4  Obs.: No entanto, se a ação indicar reciprocidade, o infinitivo pode variar. Nesse caso, o infinitivo será um verbo reflexivo.

Ex.: A coisa estava preta no Congresso. Vi-os esbofetearem-se.

c) IMPESSOAL fora desses casos:

1) Eles querem consultar nossas raridades!

2) Elas desejavam sair mais cedo hoje.

Exercícios para discussão:

1) Admito adorar chocolate.

2) Admito adorares chocolate.

3) A Constituição nos autoriza fazer isso.

4) A Constituição nos autoriza fazermos nós isso.

5) Andavam a caminhar pelo parque.

6) Andavam pelo parque a caminhar.


5  7) Eles parecem estar chorando.

8) Eles parece estarem chorando.

9) Esquecemos de fazer a tarefa.

10) Esquecemos de ter feito.

ALGUMAS REGRAS CONSAGRADAS:

Emprega-se o Infinitivo Impessoal:

Quando ele não se referir expressamente a nenhum sujeito.

É bom votar conscientemente nesse segundo turno.

Convém chegar cedo para a prova.

É fácil falar de mim, difícil é ser eu

b) Quando, com sentido passivo, vier precedido da preposição DE na frente de adjetivos

Isso é difícil de entender mesmo. (de ser entendido)

Esse desconto é possível de se conseguir sim. (ser conseguido)

c) Quando tem equivalência de substantivo:

Falar em público é coisa complicada.


6  d) Quando é o verbo principal de uma locução verbal - somente o verbo auxiliar varia:

Quero almoçar cedo hoje.

e) Quando equivale ao modo imperativo:

Preparar, apontar, fogo!

f) Quando tiver como sujeito um pronome oblíquo, o que ocorre com os verbos causativos e sensitivos DEIXAR, FAZER, MANDAR, OUVIR, SENTIR e VER:

Mandei-o fazer a lição inteira.

Vi-os reconhecer alegremente a figura.

EMPREGA-SE O INFINITIVO PESSOAL:

Quando tiver sujeito diferente (claro ou não) do sujeito da oração principal

A idéia era corrigirmos os erros imediatamente.

b) Quando tiver sujeito expresso:

Para nós comermos jiló, era preciso pressão.

c) Quando vier com sujeito indeterminado, o que coloca o infinitivo na 3ª pessoa do plural

Senti cochicharem nas minhas costas. 

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