quarta-feira, 17 de outubro de 2018

30 anos da Transnacional - Bodas de Pérola

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Neste domingo, dia 18 de junho, a Transnacional completa trinta anos de existência na cidade de João Pessoa. Não se tratou do começo de um empreendimento do Grupo A. Cândido, mas sim o marco da sua expansão fora da sua matriz no segmento de transporte urbano, consequência do seu sucesso administrativo que já se encontra na terceira geração familiar.
O cenário pessoense em 1987 e o início da Transnacional
Dentro de uma época de incertezas, inflações elevadas e após o fim do governo militar com a reestruturação do sistema presidencialista no país (ou da democracia, como preferirem), o cenário no país e dentro de João Pessoa para empreender não era dos melhores. No transporte público, as empresas ainda estavam se recuperando das dificuldades enfrentadas no início dos anos 80. Algumas fecharam e foram adquiridas por outras. Pode-se dizer que apenas a Etur, Mandacaruense e a Marcos da Silva estavam estáveis.

Para a Transnacional operar aqui, ela adquiriu a empresa Nossa Senhora das Neves, assumindo sua frota e o prefixo 07xx. Sequer fez quatro anos que a própria NSN tinha surgido após adquirir a RB Transportes.

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Começou operando as linhas:
203 – José Américo
206 – Mangabeira
207 – Penha
301 – Mangabeira (direto)
302 – Bancários
303 – Mangabeira (por dentro)
304 – Castelo Branco
514 – José Américo
515 – Mangabeira (por dentro)
516 – Mangabeira
517 – Castelo Branco
518 – Bancários

A frota era composta por Marcopolo San Remo I e II, Incasel Cisne, Mercedes-Benz Monobloco O-364, Marcopolo Torino 1983, CAIO Gabriela e CAIO Amélia. Tal como atualmente, uma frota 100% Mercedes-Benz.
No começo aproveitou-se da identidade da NSN, apagando apenas o seu nome e colocando o da Transnacional. Paulatinamente os ônibus passaram por melhorias e recebiam a identidade visual marcante até hoje com as três listras.

Tempos de greve, inflação e consolidação da frota
O fim dos anos 80 até a implantação do Plano Real em 1994 não existia tranquilidade após sequências de desastres de políticas governamentais que tentava colocar um freio na inflação. A moeda se desvalorizava muito rápido, o salário perdia o poder de compra mesmo com os gatilhos previstos, e a inflação subia rapidamente, consequentemente, as passagens de ônibus também eram reajustadas. As greves eram muito comuns e a insatisfação popular reinava, com toda razão. Os operadores de ônibus também abraçavam a causa popular e os ônibus paravam, além de ocorrer muita manifestação contra os aumentos das passagens. Diferente das manifestações atuais contra reajustes de centavos, antigamente era uma questão de sobrevivência o preço da passagem, tinha um peso muito maior na renda familiar, considerando as características sociais da época.
A partir das primeiras renovações da frota, ficou evidenciado a sua preferência por Marcopolo e Mercedes-Benz. Ironicamente, mesmo com todos fatores econômicos da época sendo, logicamente, um caminho para a padronização da frota (como ocorre atualmente), para diminuir custos operacionais, foi justamente neste momento que a empresa testou carrocerias e motorizações diferentes. Thamco Scorpion, Ciferal Alvorada e GLS e Busscar Urbanus fizeram parte da renovação, em menor quantidade comparado aos Torino 1983 e 1989. E quanto a motorização, fora dos da Mercedes, ainda teve VW 16-180 CO, Volvo B58E e Scania F-112HL e F-113HL, todos com Torino 1989, e este último chassi, também com Torino GV em 1995 e 1997.
Ainda nos anos 90, com a moeda brasileira já estabilizada, vieram entre os Torino GV, Torino 1999 e Senior 2000, Ciferal Cidade I e Busscar Urbanus, nas versões 1994, 1995 e 1997, além dos Urbanuss no serviço Bus Shopping que vieram no ano 2000 (remanejado da matriz campinense).
No início dos anos 2000 veio a última compra sem ser da Marcopolo, com Busscar Urbanuss Pluss, que vieram consigo em parte dessa frota com itinerário eletrônico frontal. Desde então só foram adquiridas carrocerias da Marcopolo, com os modelos Senior 2000, Senior Midi, Torino 1999, Torino 2007, Torino 2014 e o Viale.
Ainda em relação a frota
Os modelos mais adquiridos foram os Torino nas versões 1989, GV e 2007, mas nenhum outro bate o Viale, que foi adquirido entre 2001 e 2011 zeros, sendo a partir de 2009 apenas articulados e trucados. Entretanto, entrou Viale até 2016, retornando da TBS, bem como remanejados da matriz campinense.
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O ano de 2015 quebrou uma sequência de anos com uma frota 100% Marcopolo, quando foram introduzidos na frota Neobus Spectrum e Spectrum City, este último ainda presente em apenas uma unidade. Por curiosidade, a Neobus integra o Grupo Marcopolo desde 2016.
São poucos os momentos em que a Transnacional adquiriu ônibus de outras empresas. Tirando os herdados das empresas adquiridas e os remanejamentos entre empresas do grupo, teve a aquisição de Caio Amélia oriundo da Candelária Madureira/RJ , Torino 1989 F-113HL oriundo de uma empresa soteropolitana que fechou as portas, Viale ex Mauá/RJ (do lote dos primeiros do modelo no país com motor dianteiro), Torino 1989 B58E de duas portas de origem desconhecida, Senior 2000 do sistema opcional ex Alpha/RJ e ex Tijuquinha/RJ e Torino 2007 ex Santo Antônio/RJ e ex Siará Grande/CE.
Atualmente existem vários ônibus ex-Transnacional espalhados pelo país afora, do Rio Grande do Sul até a região Norte do país.
A sua expansão e linhas operadas
Em 1988, a Transnacional adquire a Viação São Judas Tadeu, que havia adquirido a Canaã menos de dois anos antes. Com isso, somaram mais ônibus na frota como Tocantins, Gabriela, Amélia e Monobloco O-364 – alguns ainda da Canaã e que sequer chegaram a receber as cores da São Judas Tadeu. E consigo as linhas 201 – Ceasa, 202 – Geisel, 204 – Cristo, 402 – Torre, 510 – Tambaú e 511 – Tambaú.
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Com isso, teve o início da “polarização” no transporte da cidade, já que em menos de dois anos a frota da Transnacional que já beirava os 90 carros só perdia para a Etur, que ainda era a maior da cidade com mais de 100 carros na frota. Entretanto, a implantação da estatal Setusa, fruto da Revolução de Agosto de 1988, iria incomodar ambas hegemonias em suas respectivas áreas, do qual linhas circulares iriam interligar regiões dos quais só seria possível pegando dois ônibus no sistema radial. Contudo, o seu slogan “Ampliando & Renovando” não foi abalado, e de fato foi o que ocorreu.
A empresa vai crescendo conforme a população da cidade aumenta, sobretudo a de Mangabeira, que é um bairro em expansão. Nos anos 90 a empresa passa dos 100 carros, sua prefixação até a metade desta década chega ao 07156, embora com “buracos” na frota. Além da própria demanda, outras linhas são criadas ou passam a ser operadas por ela:

115 – Distrito (de 1994 a 1996)
203 – Mangabeira
208 – Cristo / Vale das Palmeiras
209 – Mangabeira / Rangel
210 – Mangabeira / Rangel
514 – Mangabeira
521 – Tambaú / Bessa
603 – Bessa
1510 – Circular
3200 – Circular (a partir de 1995)
P008 – Mangabeira / Praia
Em 1994 a Reunidas é fundada, empresa-irmã da Transnacional, no qual passou a operar algumas de suas linhas, tais como 209, 210, 402, 521 e 1510.

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Ainda em 1994 começou a ideia de “circularizar” radiais após fundi-las, seguindo no sentido centro / bairro por um corredor e no sentido inverso por outro. sendo a primeira fusão com as linhas 302 e 518 dos Bancários, criando as 3510 e 5310. Posteriormente passaram pelo processo as 206 e 516, criando as 2514 e 5206. Em seguida, a linha 307 foi transformada nas linhas 3507 e 5307. A última fusão nos anos 90 ocorreu em 1999, com as 515 e a 210, que tinha sido repassada à Reunidas. A 2515 ficou com a Transnacional enquanto que a 5210 com a Reunidas.  
No mês de maio de 1996, a Transnacional passa a operar as linhas da estatal Setusa, após vencer uma licitação, aglutinando ao seu quadro as linhas 002/A002 – Róger, 305 – Mangabeira, 601 – Bessa e as circulares 1500 e 5100. Com isso, a frota é ampliada, chegando a quase 180 carros. Somando a frota dos opcionais, a frota da empresa encerrou os anos 90 com aproximadamente 200 veículos.

Já nos anos 2000, a frota alcançou os 221 carros, sem nenhum “buraco” na frota. De linhas, entrou no seu quadro as I006, 209 – Cidade Verde, 2307 e 3207 (após a 207 passar a ser operada apenas aos domingos e feriados, e de segunda a sábado passou a ser suprida pelas linhas 2307 e 3207) e 302 – Cidade Verde e a linha 5204 no sistema opcional (e em 2008 passando a operar também com veículos convencionais, contando com um trucado). A 305 acabou sendo extinta e a 513 junto com o sistema opcional passaram para Reunidas no fim de 2008, e seu terminal foi transferido para o bairro de Intermares, em Cabedelo, na avenida Oceano Atlântico, em 2012 foi transferido para o Terminal de Integração do Bessa, no entanto, as primeiras viagens da manhã são iniciadas no seu antigo terminal para dar suporte aos usuários dessa localidade. As demais viagens têm como ponto de saída a Integração do Bessa. Os usuários que desejarem se deslocar do terminal do Bessa para Intermares têm como opção as linhas 5103-Poço e 5104-Jacaré.
O destaque na frota nesta década foram os ônibus trucados e articulados, que aliviaram bastante as linhas de maior demanda, além dos Senior Midi climatizados do sistema opcional.

O repasse do sistema opcional para a Reunidas acarretou na diminuição da frota, atualmente indo até o prefixo 07210.

De 2010 em diante, as linhas 002/A002 foram repassadas a Santa Maria, as 603 e 2515 para Reunidas. Em 2013, foi extinta a P008, linha que ligava o bairro de Mangabeira até a Penha, e que operava somente nos domingos e feriados (a letra P era de Praia), e de segunda a sábado era suprida pelas linhas 2303 e 3203.
A linha integracional do Cidade Verde, a I002 foi repassada para a Transnacional. 
As 209 e 514 foram fundidas criando as 2509 e 5209 e a 203 extinta, inicialmente agrupadas nas 2307 e 3207, porém três dias depois retornam a antiga forma para serem criadas as 2303 e 3203. A 203 deixou de operar diariamente, não chegando a ser extinta, passando a operar somente durante a madrugada no horário ''bacurau'', com as linhas 3207 e 2307 absorvendo seu horário durante o dia. O mesmo ocorreu com a 108, que voltou a operar diariamente. 
Curiosamente, as linhas 604 e A600 já foram operadas pela Transnacional, sendo a primeira compartilhada com a Mandacaruense e a segunda foi repassada a Reunidas para operar no sistema opcional com 2 veículos Senior Midi climatizados. 
E a 500 também chegou a ser operada, após o fim do sistema opcional, com acesso ao Terminal de Integração do Varadouro. Durou somente 2 anos, foi extinta definitivamente em 2015, tendo seu itinerário anexado à linha 521 que se tornou Manaíra/Bessa e teve seu terminal transferido do estacionamento do hipermercado Hiper Bompreço (o mesmo do 511) para a rua Bacharel Irenaldo de Albuquerque Chaves, na lateral do condomínio Val Paraíso (o mesmo das linhas 510 e 600).
A linha 9902 foi a última a ser criada, em maio de 2016. Já a 207 ficou restrita a Mangabeira e o bairro da Penha, indo ao centro apenas uma vez ao ano na Romaria de Nossa Senhora da Penha.
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Atualmente a sua frota é composta por Marcopolo Torino 2007 OF-1722 e OF-1721 E5, Marcopolo Torino 2014 OF-1721 E5, Marcopolo Viale OF-1722 e Neobus Spectrum City OF-1418.
As linhas operadas são as seguintes:
I006 – Bancários
201 – Ceasa / Unipê
202 – Geisel / 2 de Fevereiro via Estádio Ronaldão
204 – Cristo Redentor
207 – Penha
208 – Cristo via Vale das Palmeiras
301 – Mangabeira / Josefa Taveira / Pedro II
302 – Cidade Verde
303 – Mangabeira (Alfredo F. Rocha) / Pedro II
304 – Castelo Branco / Hospital Universitário
510 – Tambaú / Praia / Val Paraíso
517 – Castelo Branco / UFPB / Epitácio
1500 – Circular (Manaíra Shopping)
2303 – Mangabeira / Pedro II / Rangel
2307 – Penha / Rangel / Pedro II
2509 – Cidade Verde / Rangel / Epitácio
2514 – Mangabeira / Josefa Taveira / Cristo / Epitácio
3200 – Circular / Valentina / Mangabeira
3203 – Mangabeira / Rangel / Pedro II
3207 – Penha / Pedro II / Rangel
3510 – Bancários / Pedro II / Epitácio
5100 – Circular (Manaíra Shopping)
5204 – Cristo Redentor / Manaíra Shopping
5206 – Mangabeira / Epitácio / Cristo
5209 – Cidade Verde / Epitácio / Rangel
5310 – Bancários / Epitácio / Pedro II
A Reunidas opera as seguintes linhas:
102 – Esplanada / Costa e Silva
106 – Geisel / Cruz das Armas
107 – José Américo / Atacadão
402 – Torre / Tambauzinho / Expedicionários / Espaço Cultural / Lactário da Torre
511 – Tambaú / Ruy Carneiro / Hiper Bompreço / Av. Esperança / Manaíra Shopping
513 – Bessa / Tambaú / Epitácio / Integração do Bessa
521 – Manaíra / Av. Maria Rosa / Bessa / Aeroclube / Ruy Carneiro / Val Paraíso
522 – Renascer / Carrefour / Hiper Bompreço / BR-230 / Projecta
600 – Val Paraíso / Manaíra Shopping / Carrefour
601 – Bessa / Manaíra Shopping / Tancredo Neves / Integração do Bessa
603 – Bessa Shopping / Tancredo Neves / Integração do Bessa
3507 – Cidade Verde / Pedro II / Epitácio
517 – Castelo Branco / UFPB / Epitácio
5600 – Mangabeira / Josefa Taveira / Manaíra Shopping
5603 – Mangabeira VII / Manaíra Shopping
5605 – Mangabeira / José Américo / Manaíra Shopping
5101 – Cabedelo / Direto / Hiper / BR-230 / Epitácio
5103 – Praia do Poço via Intermares / Integração do Bessa
5104 – Jacaré / Intermares / Integração do Bessa
5210 – Mangabeira / Epitácio / Cristo
2515 – Mangabeira / Cristo / Epitácio
A fase Unitrans e desafios futuros
Desde 2011 que os ônibus adquiridos vem com o logotipo da Unitrans. Ocorre que o transporte pessoense foi licitado e a Transnacional junto com a Reunidas são operadoras do consórcio supracitado. A frota não foi totalmente padronizada com o layout do consórcio e tudo indica que essa é a última prioridade.
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Por ser a maior empresa de João Pessoa, a qualidade da sua operacionalização depende muito das políticas públicas planejadas para a priorização do transporte público, que convenhamos, está muito aquém do desejado. Fala-se muito do BRT, mas por enquanto não passa de ideias. A própria qualidade da pavimentação nas avenidas da cidade não contribui, basta chover e aparecer vários buracos, comprometendo na qualidade do transporte, ainda mais quando eles estão presentes nas faixas destinadas a ônibus.